As ações mais procuradas pelos “shorters” na Bovespa nos últimos dias

Lupatech é disparado nome mais procurado pelos vendidos nos últimos dias, mas papel está "seco" no BTC, dizem operadores

Paula Barra

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Quatro ações vêm chamando forte atenção dos vendidos. Lupatech (LUPA3), Natura (NATU3), Usiminas (USIM5) e Ambev (ABEV3) lideram a lista das ações mais procuradas por quem quer lucrar com a queda nos últimos dias. 

Segundo operadores da mesa de BTC da XP Investimentos, a Lupatech (LUPA3) é disparado o nome mais procurado pelos “shorters” (vendidos). Apesar da demanda, o papel está “seco” no BTC. “Não há ‘doadores’ (quem empresta a ação) no mercado e muitos players querem comprar”, disseram. 

A forte procura para alugar os papéis da companhia veio em meio ao anúncio, na semana passado, sobre o aumento de capital da empresa. Gestores têm comentado que o papel pode vir abaixo com a operação, lembrando que com a oferta concluída, ela terá entre 740% e 3.250% a mais de papéis. Eles avaliam que para que o valor de mercado da empresa permaneça o mesmo após essa enxurrada de ações – atualmente ela vale R$ 89,8 milhões –, o preço da ação precisaria cair bastante.

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Em meio à expectativa de baixa, o aluguel de ações da companhia disparou 60,28% do dia 22 de julho (quando a empresa fez o comunicado ao mercado) até ontem, passando de 2.357.574 para 3.778.657 ações. Para apostar na queda de uma ação, o investidor precisa primeiramente alugar o papel depois para vendê-los

Operadores comentam que por conta da forte demanda dos últimos dias o papel “sumiu” do BTC (Banco de Títulos CBLC – aluguel de ações), não tem mais como alugar. No mesmo período, as taxas para “tomar” a ação alugada também disparam. Na média, passaram de 2,45% ao ano no dia 23 para 9,0% a.a. ontem, mas operadores comentaram que já fecharam negócio com a taxa a 40% ao a.a..

Natura, Usiminas e Ambev
Além da Lupatech, as ações da Natura também têm sido fortemente demandada no BTC, mas não há grandes “doadores” do papel. O aluguel subiu 14,67% do início da semana passada para ontem, passando de 13.150.750 para 15.080.597 papéis alugados. A procura aumentou depois do resultado da empresa do segundo trimestre. O mercado viu o balanço com cautela em meio a números abaixo do esperado no período.

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A Usiminas aparece em terceiro lugar na lista das mais procuradas. “A ação tem sido bastante demandada, mas ainda é possível encontrar ações”, disseram operadores. De 27 de junho até ontem, o aluguel com Usiminas disparou 84,81%, alcançando 20.814.551 papéis. 

Já a Ambev viu seu aluguel saltar do final de junho para cá. Do dia 23 do mês passado para ontem, o aluguel disparou 64,53%, indo de 84.844.012 para 139.595.672. 

Como funciona o aluguel de ações?
O aluguel de ativos é muito utilizado pelos investidores que operam vendido, ou seja, que apostam na queda do papel. Eles (os “tomadores”) primeiramente alugam ações para posteriormente vendê-las. Depois que o preço recua, recompram a mesma quantidade de papéis por um preço mais barato para devolvê-los, ganhando com a diferença entre o valor da venda e da compra. 

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É importante lembrar que apostar na baixa do mercado costuma ser mais arriscado do que investir acreditando na alta, principalmente quando o investidor não tem muita experiência. Para isso, o investidor deve enxergar fortes indícios de que o papel vai cair, caso contrário, corre o risco de amargar prejuízos com a prática. 

Para os “doadores” (quem empresta a ação), o maior risco é não poder operar com aquele papel enquanto ele estiver alugado. Com isso, se quiser se desfazer do papel por conta de alguma notícia ou movimento muito atípico, terá de esperar.