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SÃO PAULO – Depois de uma manhã que indicava retomada de ganhos, o Ibovespa virou com força para queda na metade da tarde, terminando a quinta-feira (5) com perdas de 0,53%, 51.558 pontos – a segunda queda seguida. O otimismo gerado pelo corte de juros na Europa e pela expectativa de taxas baixas nos EUA por um período maior que o esperado foi ofuscado por novas especulações eleitorais que tomaram conta da Bovespa, com os investidores à espera dos dados da nova pesquisa Datafolha – que deve sair entre hoje a noite e amanhã. O giro financeiro desta sessão foi de R$ 5,18 bilhões.
Ao contrário do começo do rali eleitoral visto na Bovespa entre março e abril, desta vez as expectativas do mercado inflaram o pessimismo dos eleitores. De acordo com a coluna de Lauro Jardim, da Veja Online, aguardam-se poucas mudanças no quadro da corrida eleitoral a ser mostrado pelo Datafolha. Segundo o blog, os resultados devem ser semelhantes aos do Vox Populi encomendado pela campanha da presidente Dilma, que seria: 40% para a petista, 21% para Aécio Neves (PSDB) e 9% para Eduardo Campos (PSB).
A confirmação de tal resultado pode trazer alívio à equipe de Dilma na medida em que confirma maior estabilidade da candidata à reeleição após um período de significativas perdas de espaço. A conquista pode desagradar o grosso dos investidores da Bovespa, que já manifestaram seu desagrado com as medidas econômicas da atual presidente com expressivos ralis do Ibovespa a cada sinal de queda dela nas pesquisas.
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A maioria liberal do mercado repudia aquilo que classifica como medidas excessivamente intervencionistas nos mais diversos setores da economia, sobretudo nas empresas estatais, como a Petrobras (PETR3, R$ 15,48, -1,71%; PETR4, R$ 16,32, -1,69%), destaque de queda nos últimos dois pregões, refletindo os efeitos da política de controle nos preços dos combustíveis, adotadas pelo governo para controle da inflação. Na véspera, a notícia de que o ministro da Fazenda Guido Mantega teria barrado um novo reajuste para gasolina e diesel desanimou os investidores.
“Super Mario” e Fed não salvam a Bovespa
O dia de perdas ofuscou a notícia de que o BCE (Banco Central Europeu) cortou as taxas de juros de empréstimos a bancos de 0,25% para 0,15% e passou a taxas de depósito de zero para -0,1%, de modo a conter as pressões deflacionárias na zona do euro. Isso significa que os bancos vão passar a ter de pagar juros para terem o seu dinheiro parado no banco central. Desta forma, a entidade liderada por Mario Draghi tenta incentivar os bancos a emprestarem mais dinheiro às empresas e às famílias.
Nos EUA, também chamou a atenção o discurso do presidente do Federal Reserve de Minneápolis, Narayana Kocherlakota, que afirmou que a autoridade monetária dos EUA deveria manter os custos de empréstimos baixos por mais cinco anos para garantir que a economia retornará a um patamar saudável, mesmo que isso gere sinais preocupantes de instabilidade financeira.
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Para o Brasil, o anúncio pode indicar uma maior transferência de recursos, tendo em vista o elevado patamar da Selic, atualmente em 11% ao ano.
Destaques do pregão
Além da Petrobras, outras ações diminuíram as altas nesta sessão, como foi o caso da Vale (VALE3, R$ 28,78, -0,48%; VALE5, R$ 25,72, -0,31%), Bradespar (BRAP4, R$ 18,85, -0,89%), holding que detém participação na mineradora, e Usiminas (USIM5, R$ 7,89, 0,00%) Nesta data, o BTG Pactual reiniciou a cobertura dos papéis, com recomendação de compra. O banco comenta que o valuation da Vale está num patamar razoável, dividend yield (dividendos em relação ao preço atual do papel) atrativo e expectativa de crescimento de 8% na produção em 2015 na comparação anual.
Já os papéis da TIM (TIMP3, R$ 12,99, +2,44%) figuraram entre as três maiores altas do Ibovespa, refletindo a decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Ontem, o órgão de defesa da concorrência negou recurso da Telefónica, que buscava garantir o aumento da fatia acionária da Telco, holding que controla inderetamente a subsidiária da operadora italiana no Brasil. Outra companhia de telcomunicações que chamou a atenção nesta sessão foi a Oi (OIBR4, R$ 2,10, +3,96%), que registrou a maior alta dentro do índice.
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As ações do Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 103,77, +2,64%) ocuparam o segundo lugar das maiores altas do dia, depois de a companhia anunciar juntamente com o Casino e Via Varejo (VVAR11) a aprovação da criação de uma nova companhia de e-commerce chamada Cnova. De acordo com comunicado, 53,5% da empresa será do Pão de Açúcar e Via Varejo, enquanto os outros 46,5% serão do Grupo Casino. O grupo francês já entrou com pedido para a realização de um IPO (Oferta Pública Inicial) de ações no mercado norte-americano.
As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
SBSP3 | SABESP ON | 21,52 | -3,45 | -15,57 | 18,44M |
SUZB5 | SUZANO PAPEL PNA | 8,34 | -3,02 | -8,28 | 39,67M |
JBSS3 | JBS ON | 7,39 | -2,76 | -14,89 | 46,85M |
BRML3 | BR MALLS PAR ON | 17,63 | -1,95 | +5,12 | 56,86M |
ENBR3 | ENERGIAS BR ON | 9,50 | -1,86 | -10,13 | 13,34M |
As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
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Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
OIBR4 | OI PN | 2,10 | +3,96 | -41,50 | 110,27M |
PCAR4 | P.ACUCAR-CBD PN | 103,77 | +2,64 | -0,41 | 217,79M |
TIMP3 | TIM PART S/A ON | 12,99 | +2,44 | +8,35 | 86,04M |
MRVE3 | MRV ON | 7,45 | +2,19 | -7,67 | 30,30M |
BBSE3 | BBSEGURIDADE ON | 30,18 | +1,62 | +26,23 | 160,51M |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 | Vol 30d1 | Neg |
---|---|---|---|---|---|---|
ITUB4 | ITAUUNIBANCO PN ED | 34,57 | -0,75 | 512,33M | 303,95M | 31.781 |
PETR4 | PETROBRAS PN | 16,32 | -1,69 | 383,64M | 514,88M | 27.354 |
PCAR4 | P.ACUCAR-CBD PN | 103,77 | +2,64 | 217,79M | 102,55M | 5.083 |
BBDC4 | BRADESCO PN EJ | 30,99 | -0,77 | 216,64M | 261,78M | 11.968 |
VALE5 | VALE PNA | 25,72 | -0,31 | 210,89M | 385,46M | 15.203 |
BBSE3 | BBSEGURIDADE ON | 30,18 | +1,62 | 160,51M | 121,49M | 15.354 |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 16,08 | -0,80 | 125,15M | 158,86M | 14.066 |
KROT3 | KROTON ON | 58,75 | +0,67 | 124,53M | 133,49M | 10.210 |
BBAS3 | BRASIL ON | 23,17 | +0,35 | 121,81M | 153,23M | 9.426 |
OIBR4 | OI PN | 2,10 | +3,96 | 110,27M | 120,35M | 14.523 |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
BC admite fraqueza, diz ata
Na agenda doméstica, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que os efeitos do processo de elevação dos juros sobre a inflação ainda irão se materializar, justificando o encerramento do ciclo de altas na taxa de juros promovido na última reunião.
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A ata projetou ainda um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) menor para 2014 e indicou que a economia dá sinais de “fraqueza”.
EUA renovam recordes; dólar despenca após altas
Na contramão do pessimismo no Brasil, o dia foi de ganhos e renovação de máxima histórica nas bolsas americanas. Por lá, os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 apresentaram ganhos superiores a 0,5%. Por lá, tivemos o Initial Claims, que registrou 321 mil pedidos de auxílio-desemprego na semana passada, ante expectativas de 320 mil para o período. O mercado segue no aguardo do relatório do emprego, a ser divulgado na próxima sexta-feira (6).
Já o dólar teve um dia de forte desvalorização ante o real, após uma sequência de significativas altas que sinalizavam para a possibilidade de uma nova tendência. Nesta sessão, a moeda americana fechou em queda de 1%, cotada a R$ 2,2608 na venda, evidenciando um momento de turbulência para o mercado cambial nacional.