Os motivos para o Itaú BBA manter otimismo com a ação da Vale apesar da menor produção

Os ativos VALE3 tiveram o preço-alvo elevado de R$ 58 para R$ 63 pelo banco, com a mineradora sendo mantida como a top pick dentro do universo de cobertura do banco. 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações da Vale (VALE3) tiveram um mês de maio um tanto morno, com queda de 2,20%, e os ativos iniciaram junho em leve baixa. Esse movimento ocorre com o mercado de olho nos preços de minério de ferro (com diferentes visões dos bancos sobre até onde vai o rali da commodity) e as medidas da Vale para mitigar os danos em meio à tragédia de Brumadinho e as ameaças de rompimento da barragem de Gongo Seco. 

Contudo, segundo relatório do Itaú BBA, há motivos para se animar com os papéis da mineradora. Daniel Sasson, analista do banco, manteve recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e elevou o preço-alvo dos American Depositary Receipts (ADRs, ou recibo de ações) para 2019 de US$ 15,50 para US$ 16. Já os ativos VALE3 tiveram o preço-alvo elevado de R$ 58 para R$ 63, com a mineradora sendo mantida como a top pick dentro do universo de cobertura do banco. 

A mineradora registrou uma queda de sua produção o que, a princípio, levaria a um impacto negativo para as suas operações. Contudo, o analista elevou a projeção para os preços realizados do minério em US$ 21 a tonelada, com o preço médio estimado para 2019 passando de US$ 64 a tonelada no início do ano para US$ 85 a tonelada. 

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Entre os menores volumes de minério de ferro e os preços mais altos, a equipe de análise aponta que o impacto sobre os números da mineradora no final das contas acaba sendo positivo, levando em conta o caso-base de 315 milhões de toneladas de venda da commodity. Por outro lado, avaliam que deve haver maiores custos devido ao impacto da tragédia de Brumadinho, que ocorreu no dia 25 de janeiro e que levou à morte de 245 pessoas. 

“Nossas projeções também incorporam US$ 5 bilhões em provisões para compensação e multas relacionadas à barragem de Brumadinho e para o descomissionamento planejado de nove barragens a montante. No total, acreditamos que os preços mais altos do minério de ferro compensarão o impacto negativo de volumes menores e maiores custos”, avalia Sasson.

Com isso, o analista elevou as estimativas de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em uma média de 10%, para US$ 18,4 bilhões (não considerando os impactos não-recorrentes relacionados à queda da barragem) e US$ 17,1 bilhões para de 2019 e 2020, respectivamente.

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Além disso, a Vale tem conseguido reduzir com sucesso os riscos operacionais e financeiros, aponta o Itaú BBA.

Os dois riscos mais significativos para a mineradora com a barragem de Brumadinho foram, segundo o analista: i) o impacto operacional das atividades de mineração sendo interrompidas por ordens judiciais; e ii) a magnitude incerta das multas / compensação para fins de remediação.

“Em nossa opinião, a Vale conseguiu significativamente diminuir o risco para ambos os fatores, reduzindo a saída dos investidores na ação”, ressalta o Itaú BBA, vendo como improvável que mais minas tenham a produção interrompida no curto prazo, ao mesmo tempo em que vê as provisões como significativas. 

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A equipe de análise também destaca que a Vale pode pagar dividendos extraordinários em 2020 devido ao baixo índice de alavancagem, com uma relação entre dívida líquida e Ebitda de 0,4 vez. Como referência, um pagamento de US$ 8 bilhões em dividendo representaria um dividend yield (valor do provento sobre o preço da ação) de 13%. 

Cabe lembrar que, no final de maio, o Bank of America Merrill Lynch elevou a recomendação para os ADRs da mineradora para equivalente à compra, destacando que vê que o “pior ficou para trás”, mostrando o maior otimismo com a mineradora. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.