Por que o dólar caiu 1,4% após Trump fazer ameaças contra o México

Problema enfrentado pelo México, aliado ao bom humor interno, faz com que o dólar volte para R$ 3,92

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Enquanto os mercados do mundo todo caíram nesta sexta-feira (31) por conta da piora do clima da guerra comercial pelas ameças do presidente Donald Trump contra o México, além de dados fracos da China, um ativo brasileiro teve um ótimo desempenho hoje por se beneficiar deste cenário: o real.

O dólar comercial fechou em forte queda de 1,37%, cotado a R$ 3,9244 na venda, enquanto o dólar futuro com vencimento em junho recuava 1,04%, a R$ 3,9405.

O presidente americano anunciou ontem que o país irá impor uma tarifa de 5% sobre todos os bens importados do México até que o fluxo migratório ilegal de imigrantes cesse. As tarifas, porém, poderão subir cinco pontos percentuais por mês se a “crise” de imigração ilegal persistir, podendo chegar a 25% em 1º de outubro.

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“Ficar vendido em peso contra outras moedas emergentes como o real pode oferecer uma relação risco/retorno atraente, especialmente devido ao extremo posicionamento vendido no real”, explicam em nota os estrategistas do Morgan Stanley.

José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, explica que até quarta-feira (29), poucas moedas do mundo estavam subindo contra o dólar nas últimas semanas, e uma delas era o peso mexicano. “Este cenário se dava principalmente ao juro mexicano, de 8,25%, muito mais atrativo do que da maioria dos emergentes e com novo acordo comercial negociado com os EUA”, explica.

Porém, com o anúncio de Trump, o peso desabou 2,5%, o que mudou completamente o cenário. Analistas apontam que pode ter acontecido um grande desmanche de posições na moeda mexicana, e neste caso, entre as opções da América Latina, o real está entre os mais atrativos.

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Faria aponta ainda que nas últimas semanas o real ficou bastante descolado de seus pares, com uma forte desvalorização, principalmente no início de maio. Isso começou a mudar nesta segunda metade do mês, com a moeda brasileira se recuperando e atraindo mais investidores diante do melhor humor no cenário político.

Agora, com a expectativa de que a reforma da Previdência está andando no Congresso, a moeda brasileira (e a Bolsa) estão na contramão dos outros mercados, com humor mais positivo. Esta combinação de fatores favorece a divisa a registrar ganhos – ou seja, queda do dólar por aqui.

O diretor da Wagner explica ainda que, rompida agora o patamar dos R$ 3,95, o dólar deve testar os R$ 3,90, que caso seja superado, com uma nova resistência somente nos R$ 3,73, que, segundo ele, é a linha de sustentação da tendência de alta de longo prazo.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.