Dólar sobe por cautela com Bebianno e reforma da Previdência

Cresce o debate sobre a viabilidade da proposta e o apoio que o governo conseguirá no Congresso para a aprovação de reformas estruturantes

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O dólar opera em alta ante o real nesta segunda-feira (18) em um movimento de cautela dos investidores em meio a ruídos sobre a potencial exoneração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que pode afetar o ritmo de avanço da tão aguardada reforma da Previdência. 

Às 14h46 (de Brasília), o contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2019 tinha alta de 0,90%, cotado a R$ 3,737, e o dólar comercial avançava 0,92%, para R$ 3,736 na venda. Os atritos com Bebianno, que ainda não teve sua exoneração confirmada, pesa sobre o humor dos investidores.

A saída do ministro, por si só, já demonstraria certa fragilidade no governo Bolsonaro, ressaltam os analistas da Rico Investimentos, em relatório, porque o presidente tinha em Bebianno um dos principais articuladores dentro do Congresso. Assim, os analistas monitoram se a crise desencadeada por Bebianno terá efeito positivo, negativo ou neutro no andamento da Reforma da Previdência.

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“À primeira vista, vemos a notícia como mais um dos ‘ruídos de curto prazo’ que devem agitar os mercados, por isso mantemos nosso viés bullish (otimista) para o longo prazo. No entanto, acompanharemos bem de perto estes desdobramentos para, se necessário, mudarmos rapidamente de opinião e de posição”, afirmam os analistas Matheus Soares e Thiago Salomão, da Rico.

Há ainda grande expectativa da assinatura da proposta da reforma da Previdência e envio ao Congresso na quarta-feira (20), mesmo dia em que Bolsonaro fará uma coletiva para dar mais detalhes da proposta, que é mais dura que o anteriormente proposta por Michel Temer – o que agradou o mercado financeiro.

Apesar de esse ainda ser ainda o primeiro passo, deve crescer o debate sobre a viabilidade da proposta e o apoio que o governo conseguirá, trazendo muita agitação para o mercado.

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O jornal O Estado de S. Paulo informou que os líderes de partidos disseram que a reforma encontrará resistência na Câmara dos Deputados e deixaram claro que o governo tem cometido vários erros no
relacionamento com o Congresso. Vários parlamentares, incluindo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estavam apoiando a presença de Bebianno no governo. 

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Vale lembrar que Bebianno deu a entender, em entrevistas durante o fim de semana, que, se cair, levará mais gente com ele, o que pode aumentar a tensão política em Brasília. 

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No lugar de Bebianno, deve assumir general Floriano Peixoto, atual número dois da pasta. “A fritura e a busca por sua vaga têm novamente os militares como protagonistas, na tentativa de isolar Onyx Lorenzoni, conhecido pelo seu ‘trato’ com as pessoas”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, em relatório enviado a clientes.

(Com Bloomberg)