Dólar sobe a R$ 3,72; Ibovespa busca renovação de máximas em meio a receio com “shutdown”

O otimismo generalizado da véspera dá lugar aos ventos contrários vindo do mercado externo, mas o índice se mantém acima de 93 mil pontos

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – A valorização do dólar ganhou força nesta tarde, enquanto o Ibovespa opera perto da estabilidade, acima dos 93 mil pontos, na busca por novas máximas em meio aos ventos contrários vindo do mercado externo que demonstra preocupação com a desaceleração da economia chinesa e o shutdown dos Estados Unidos. 

O “shutdown” é a paralisação do governo e isso ocorre porque o orçamento do atual ano fiscal não foi aprovado. Há o receio de que o shutdown atual, que está seu 20º dia, se prolongue diante do impasse que se mantém entre os democratas e o presidente Donald Trump, que pede o financiamento de um muro na fronteira com o México. Ontem, ele abandonou uma reunião com líderes democratas após afirmar que tem o “direito absoluto” de declarar uma emergência nacional para garantir recursos para o muro.

Sem solução para o caso, Trump cancelou sua viagem para Davos, prevista para 22 de janeiro, para a abertura do Fórum Econômico Mundial. O presidente norte-americana usou sua conta no Twitter para atribuir aos democratas a ausência no fórum.

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Diante do aumento da temperatura política e à espera de informações sobre a reunião entre Estados Unidos e China, os índices em Wall Street apontam para a primeira queda em cinco pregões. 

No radar ainda há a guerra fiscal entre China e Estados Unidos. Pela manhã, os países publicaram comunicados ressaltando que questões “comerciais” e “estruturais” foram discutidas na série de reuniões conduzidas entre delegações dos dois países nesta semana, em Pequim. Nenhuma das partes, contudo, apresentou conclusões definitivas ou acordos específicos, limitando-se a dizer que permanecerão em contato para definir os próximos passos.

O mercado esperava por alguma solução para a guerra comercial que não veio. Também não houve novidades no esperado discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) nesta tarde. 

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No mercado doméstico, o otimismo com a proposta da reforma da Previdência se mantém enquanto a equipe econômica de Jair Bolsonaro desenha os detalhes e sinaliza que não afrouxará regras para os militares. 

Neste contexto, às 17h09 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,19%, aos 93.774 pontos, após ter alcançado a máxima de 93.987 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro de 2019 tinha alta de 0,81%, cotado a R$ 3,715, e o dólar comercial subia 0,71%, para R$ 3,710. 

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O consultor de valores mobiliários Faria Júnior, da Wagner Investimentos, explica que o patamar de R$ 3,68 é de “bastante turbulência” e, do ponto de vista técnico, essa valorização da moeda já era esperada no curto prazo. Com a moeda “muito barata” muitos investidores tinham stop loss – valor com objetivo de limitar perdas – na região em que o dólar desceu hoje. 

Os juros futuros registram alta. O contrato com vencimento em janeiro de 2021 subia de 7,37% para 7,44%, e o contrato para janeiro de 2023 avançava de 8,40% para 8,46%. 

Destaques da Bolsa

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 TIMP3 TIM PART S/AON EJ 12,45 -4,16 +6,44 73,30M
 GGBR4 GERDAU PN 15,66 -2,13 +5,67 107,90M
 MRVE3 MRV ON 13,32 -1,99 +7,77 47,67M
 VALE3 VALE ON 52,71 -1,83 +3,35 765,87M
 BRDT3 PETROBRAS BRON 25,54 -1,81 -0,62 182,50M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CIEL3 CIELO ON 10,73 +5,92 +20,70 174,23M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 46,40 +3,62 +10,42 89,82M
 RADL3 RAIADROGASILON 63,21 +3,44 +10,60 52,76M
 SMLS3 SMILES ON EJ 42,93 +3,20 -1,59 23,12M
 CSAN3 COSAN ON 39,94 +2,89 +19,37 99,89M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Reforma da Previdência
O regime de capitalização a ser proposto na reforma da Previdência deve vigorar conforme a faixa de salário do segurado, segundo apurou o jornal Valor Econômico. A equipe econômica do governo Jair Bolsonaro discute o patamar a partir do qual será aplicado o sistema na proposta da reforma. A ideia é deixar a população com menor renda no sistema atual, de repartição. O sistema de contas individuais seria usado para a maior renda. Se, por exemplo, o corte fosse de dois salários mínimos, 83,5% dos benefícios continuariam no sistema antigo.

Uma das propostas que o governo avalia fixa patamar de R$ 4.055, a partir do qual o profissional passaria a poupar para sua própria aposentadoria. A capitalização só valeria para os nascidos a partir de 2014, que entrariam no mercado de trabalho depois de 2030.

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A capitalização deve valer também só para novos integrantes do regime previdenciário,cujo ano de nascimento a ser considerado como corte também ainda precisa ser definido. Com estas duas condicionantes, a percepção no Ministério da Economia é que o custo de migração do sistema seria relativamente baixo e mais viável de ser implementado, explica a reportagem. 

Do outro lado, lideranças da Câmara que devem votar a reforma da Previdência na próxima legislatura divergem sobre a introdução do sistema de capitalização proposto, informa o jornal O Estado de S. Paulo. O atual presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem defendido a urgência de se aprovar a reforma.

Ao mesmo tempo, alguns setores já reivindicam tratamento diferente na proposta, como os militares, cujo rombo na aposentadoria cresceu mais que o do INSS no ano passado. O déficit na previdência dos militares até novembro subiu 12,85% em relação ao mesmo período de 2017, de R$ 35,9 bilhões para R$ 40,5 bilhões. O déficit dos servidores civis da União somou R$ 43 bilhões até novembro, alta de 5,22% em relação a igual período de 2017. Já o rombo no INSS subiu 7,4% na mesma base de comparação. Os valores são todos nominais e foram publicados pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse que a reforma da Previdência a ser enviada ao Congresso abrangerá as Forças Armadas. Em entrevista ao Estado, ele concordou com colegas militares de que a carreira tem características peculiares, mas afirmou que a proposta que modificará as regras para se aposentar no Brasil deve incorporar o aumento da exigência do tempo de contribuição da categoria, de 30 para 35 anos, além do pagamento de contribuição por parte das pensionistas. As regras atuais permitem que militares, homens e mulheres, se aposentem com salário integral após 30 anos de serviços prestados. 

Eleição no Senado 

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, decidiu ontem que a votação para a eleição da nova Mesa Diretora do Senado, prevista para 1º de fevereiro, deverá ser secreta. A decisão foi tomada pelo ministro em função do período de recesso no Judiciário. A decisão de Toffoli vale até o dia 7 de fevereiro, quando o plenário do STF deverá decidir se referenda sua liminar. 

Ao negar pedido feito pelo parlamentar, o ministro afirmou que geraria insegurança jurídica mudar, via liminar sem decisão do plenário, o formato de votação adotado há anos pela Casa. O raciocínio deve ser aplicado também em julgamento pendente referente às eleições para o comando do Senado.

(Com Agência Estado e Agência Brasil)