Ibovespa Futuro não encontra forças para subir após fortes quedas em meio à continuidade das tensões entre EUA e China

Além disso, dados da economia da China e do Japão não animaram o mercado; por aqui, atenção ao ministério do governo Bolsonaro e polêmicas sobre o caso Coaf

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após a baixa de 1,60% na semana passada principalmente em meio ao cenário externo negativo, o Ibovespa Futuro começa esta segunda-feira sem forças para subir em meio a novos temores de escalada das tensões entre EUA e China e após dados abaixo do esperado para a economia chinesa. Às 09h08 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em dezembro registrava baixa de 0,11%, a 87.900 pontos, enquanto o dólar futuro com vencimento no mesmo mês tinha alta de 0,12%, a R$ 3,914. 

No exterior, enquanto os principais índices futuros americanos registram baixa de cerca de 0,3%, as bolsas asiáticas tiveram baixa ainda mais expressiva nesta segunda-feira, após mais um tombo nos mercados de Nova York na última sessão e na esteira de dados bem mais fracos do que se previa da balança comercial chinesa. 

A baixa é generalizada com a escalada potencial da guerra comercial após vice-chanceler chinês protestar contra prisão de executiva da Huawei. Vale ressaltar que, no fim de semana, dados oficiais mostraram que a disputa comercial entre EUA e China está prejudicando o comércio do gigante asiático. Em novembro, tanto as exportações quanto as importações chinesas subiram bem menos do que o esperado, com ganhos anuais de 5,4% e 3%, respectivamente.

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Também foram divulgados indicadores de inflação da China. A taxa anual de inflação ao consumidor diminuiu de 2,5% em outubro a 2,2% em novembro, enquanto a inflação ao produtor foi de 3,3% a 2,7% na mesma comparação. Porém, a maior queda foi do Nikkei, após a divulgação de números decepcionantes do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão. 

No mercado de commodities, o petróleo Brent se mantém perto de US$ 62 após subir 2,7% na sexta depois de Opep concordar em cortar produção e fechamento do maior campo da Líbia. Já os metais recuam em Londres com tensão comercial e dados na China.

Por aqui, os olhos se voltam novamente para as reformas econômicas e para as polêmicas do novo governo. Durante entrevista ao programa Canal Livre, da Band, o ministro da Transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que ainda não está decidido se a proposta da reforma da Previdência do novo governo será enviada ao Congresso de maneira fatiada ou integral.

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Na semana passada, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que as regras da aposentadoria podem ser modificadas aos poucos, sinalizando que a prioridade seria a determinação de uma idade mínima para solicitar o benefício.

Já os juros futuros caem em vencimentos mais curtos e flutuam em alta nos vértices médios e longos enquanto mercado colhe o efeito dos dados que mostram quadro favorável na dinâmica para os preços em uma economia sem vigor, o que tem ajustado em baixa as projeções de inflação. No relatório Focus, a projeção para IPCA cedeu de 3,89% para 3,71% em 2018 e passou de 4,11% para 4,07% em 2019, enquanto os analistas abrandam expectativa de alta da Selic de 7,75% para 7,50% no próximo ano. O contrato com vencimento em janeiro de 2019 fica estável a 6,406%, enquanto o com vencimento em janeiro de 2023 tem leve alta de 6 pontos-base, a 9,16%.

Agenda da semana

Na quarta-feira (12) se encerra a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de 2018, com uma expectativa unânime dos analistas de que a Selic deverá ser mantida em 6,50% ao ano.

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No cenário atual, após o IPCA desta semana registrar uma deflação maior que a esperada e em um cenário de dados mais fracos de emprego nos EUA, que reduzem as chances de um aperto maior na política do Federal Reserve, o que se vê é um mercado ainda projetando alta da Selic em 2019. Por outro lado, há quem acredite que os juros ficarão estáveis ao longo do próximo ano.

Destaque ainda para a pesquisa mensal do comércio e serviços de outubro que devem dar os primeiros sinais do ritmo da atividade brasileira no último trimestre do ano. Para a equipe da GO Associados, o varejo ampliado deve ter recuo de 1,1% no mês, enquanto os serviços devem cair 0,3%. Os dois, por outro lado, devem ter ganhos no acumulado de 12 meses.

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Também na quarta, sai o balanço fiscal do mês passado. A semana traz ainda, na sexta-feira (14), os números das vendas do comércio, da produção industrial de novembro e o PMI de serviços Markit.

Já nos EUA, os investidores ficarão atentos às publicações dos índices de inflação ao produtor, que saem na terça-feira (11), e aos índices de inflação ao consumidor na quarta-feira (12), ambos relativos ao mês de novembro. Na Europa, o destaque fica com a decisão do BCE (Banco Central Europeu), na quinta-feira.

Noticiário corporativo

No radar corporativo, o Bradesco vai propor juros sobre capital próprio complementar de R$ 4,67 bilhões. Já a Advocacia Geral da União pede a derrubada da liminar que impede fusão Embraer-Boeing. O jornal O Globo informa que a Petrobras investiga vazamento de óleo na Baía de Guanabara.

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A Guararapes pede habilitação crédito tributário de R$ 1,17 bilhão, enquanto a Omega Geração concluiu a aquisição de 50% do complexo Pirapora por R$ 1,1 bilhão. A Telefônica Brasil aprovou a recompra de até 37,7 milhões de ações PN. A CCR aprovou medidas de controle após investigação por comitê. Por fim, a BR Distribuidora informou que a Eletrobras pagou R$ 75 milhões relativo à dívida com a Ceron. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.