Dólar sobe e vai a R$ 4,14: o que explica a alta da moeda em um dia “sem notícias”?

Enquanto o Dollar Index cai, a moeda norte-americana tem dia de alta contra algumas moedas emergentes com investidores buscando proteção

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar do dia de poucas notícias e com as bolsas no exterior em alta, o dólar teve uma terça-feira (28) de bastante estresse, fechando acima da marca de R$ 4,14, avançando 1,48%. Mas o pregão não foi negativo apenas no Brasil, outros mercados emergentes como a Turquia, além do México, também viram o dólar subir contra suas moedas.

Segundo Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset, a confiança do consumidor foi fator decisivo no pregão desta terça, em um movimento de “flight to quality” (expressão para quando o investidor procura ativos de maior qualidade, ou mais proteção). E neste cenário, três motivos ajudam a entender porque o mercado está fugindo de países como o Brasil.

O primeiro motivo é a proximidade da formação da Ptax, que gera uma “disputa” no mercado pela formação desta taxa do dólar, que é usada para balizar liquidação financeira dos contratos na virada do mês. Ou seja, pelo menos até a sexta-feira é esperada uma forte volatilidade, com os investidores tentando definir de forma mais vantajosa para si o valor da Ptax.

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“Emergentes têm viés misto para negativo e, aqui, obviamente, isso é aumentado”, disse Cleber Alessie, operador de câmbio da H. Commcor, para a Bloomberg. “Pode ser que mercado esteja aproveitando a fragilidade recente dos ativos para tentar fechar uma Ptax em torno de R$ 4,10 ou mais alta. Há mais embasamento para uma Ptax alta do que baixa e BC segue monitorando quieto, sem ter falado nada até agora”, completou.

Como segundo fator, segundo Spyer, está o imbróglio eleitoral, que continua dando espaço para especuladores atuarem. Este é um cenário que dificilmente mudará no próximo mês, sendo que a cada nova pesquisa eleitoral e a cada nova notícia envolvendo os presidenciáveis, o mercado tenderá a sofrer fortes mudanças conforme se desenha o cenário entre os favoritos a ganharem o pleito de outubro.

Por fim, o diretor da Mirae cita a alta do CDS (Credit Default Swap, considerado um seguro de risco contra o calote), também chamado de “risco-país”, que está próximo de sua máxima em um ano. Isso também é reflexo das inseguranças econômicas e políticas que o Brasil passa neste momento.

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Em relatório publicado nesta terça, o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, afirma que o dólar “segue forte e destoando do que acontece no exterior, em claro movimento de proteção”. Ele ressalta que o mercado tem respeitado o patamar de R$ 4,12 nos últimos dias, mas que isso não é sinal de que a moeda já atingiu seu pico, com chances de vermos níveis como R$ 4,25 em breve.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.