Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira ao que se atentar nesta segunda-feira e ao longo da semana

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A semana começa negativa para os principais mercados mundiais, com o mercado de olho novamente nos desdobramentos das tensões comerciais entre EUA e China, além de ficar de olho nas questões migratórias na Europa. No Brasil, serão divulgados os dados de contas externas em uma semana que ainda conta com ata do Copom e relatório trimestral de inflação. Confira o que ficar de olho nesta segunda-feira e na semana:

1. Bolsas mundiais

Por mais uma sessão, os temores de uma guerra comercial dão o tom do mercado. As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta segunda-feira, enquanto investidores continuam atentos ao impacto de uma crescente disputa comercial entre EUA e China. 

O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a usar o Twitter ontem para ameaçar com novas medidas retaliatórias países que não retirarem “barreiras artificiais” contra produtos americanos. Além disso, há relatos de que Trump se prepara para anunciar nesta semana a restrição de investimentos da China em empresas americanas. Recentemente, Washington revelou planos de adotar tarifas de 25% sobre US$ 50 bilhões em bens chineses, que devem entrar em vigor a partir de julho, e Trump solicitou um estudo sobre a possível tarifação em 10% de mais US$ 200 bilhões em produtos da China. Pequim promete retaliar as medidas dos EUA na mesma escala.

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Além das preocupações com o comércio global, a divisão na Europa sobre políticas de imigração também impactou o mercado acionário do Velho Continente. A chanceler alemã, Angela Merkel, decidiu que irá tentar firmar acordos individuais com os Estados-membros da União Europeia relativamente à questão dos imigrantes e dos pedidos de asilo, uma vez que não se chegou a uma “solução europeia” durante encontro neste domingo convocado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. 

O petróleo WTI sustenta os US$ 68 após disparar 4,6% sexta; contudo, o cenário é diferente em Londres, o brent cai cerca de 2% após Arábia Saudita e Rússia concordarem em elevar produção diária em 1 milhão de barris. Já o cobre sobe e níquel cai em Londres, enquanto o aço cai na China e o minério de ferro sobe na bolsa de Dalian. 

Às 8h (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

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*S&P 500 Futuro (EUA) -0,63%

*Dow Jones Futuro (EUA)  -0,78%

*Nasdaq Futuro (EUA) -1,01%

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*DAX (Alemanha) -1,42%

*CAC-40 (França) -0,87%

*FTSE (Reino Unido) -1,17%

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*FTSE MIB (Itália) -1,49%

*Xangai (China) -1,04% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,79% (fechado)

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*Petróleo WTI -0,07%, a US$ 68,53 o barril

*Petróleo brent -1,77%, a US$ 74,21 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,98%, a 464 iuanes (nas últimas 24 horas) 

*Bitcoin US$ 6.196 +4,59%
R$ 24.014 +3,73% (nas últimas 24 horas)

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2. Agenda econômica da semana

Na agenda de indicadores da semana, o Banco Central apresenta na terça-feira (26) de manhã, às 8h, a ata da última reunião do Copom, que pode trazer mais informações sobre os próximos passos da autoridade sobre a política monetária. No comunicado pós-decisão, o órgão deixou bastante explícito que não elevará a taxa de juros para conter a depreciação cambial. Mas deixou a porta aberta para elevar os juros ainda este ano, apesar de analistas ainda verem isso com pouca possibilidade. 

Já na quinta-feira (28), o BC também divulga o Relatório Trimestral de Inflação do segundo trimestre, que segundo a GO Associados não deve trazer grandes novidades em termos de comunicado em relação à ata que será divulgada na terça. A expectativa é em torno das projeções de inflação, sob os diferentes cenários apresentados pelo BC.

Veja também: Copom fez a coisa certa, mas a próxima reunião é imprevisível, dizem analistas

Vale ressaltar que o Banco Central anunciou na sexta-feira que manterá a oferta de swaps cambiais e fará leilões de linha para prover liquidez e contribuir para o bom funcionamento do mercado de câmbio. A decisão ocorre após dólar fechar sexta em alta de 0,5%, na quarta valorização em cinco dias, período no qual real teve pior desempenho entre 16 principais divisas. Nesta segunda, o BC fará leilão de linha de US$ 3 bilhões, das 15h15 às 15h20. O Tesouro anunciou leilões diários de compra e venda de títulos para toda a semana, na estratégia de atuação conjunta entre BC e Tesouro. Também nesta segunda, às 10h30, serão divulgados os dados de investimento estrangeiro direto de maio. 

Na próxima terça-feira, atenção ainda para a reunião do CMN, que está dividido sobre manter ou cortar a meta de inflação de 2021, de acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg. O Tesouro defende que a meta seja reduzida de 4% em 2020 para 3,75% no ano seguinte, enquanto o Ministério do Planejamento avalia internamente que a manutenção é a melhor opção, segundo pessoas próximas às discussões. 

3. Agenda externa

No exterior, atenção especial nos Estados Unidos, com dados de vendas de novas casas nesta segunda-feira, sondagem de confiança empresarial na terça-feira (26) e pedidos de bens duráveis na quarta-feira (27). Porém, o dado mais importante será a estimativa final do PIB do primeiro trimestre, que sairá na sexta-feira (29).

Os investidores esperam uma taxa de crescimento anualizada de 2,2%, superior à taxa registrada no mesmo período do ano anterior (1,4%), sugerindo que o ciclo econômico nos EUA recebe um novo impulso. “Neste contexto, aliada à convergência da inflação para a meta e uma taxa de desemprego historicamente baixa, um número forte deve fortalecer o cenário com quatro altas nos juros neste ano”, explica a GO Associados.

Leia mais: 
– Os três eventos que prometem agitar o mercado na próxima semana

4. Noticiário político

O mercado fechou na última sexta-feira (22) com os investidores tensos diante do julgamento de liberdade do ex-presidente Lula, que poderia colocar fogo na disputa eleitoral. Porém, decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal) de arquivar o pedido de liberdade mudou completamente a agenda da semana, já que não ocorrerá mais o julgamento na terça-feira. O ministro considerou que o pedido ficou prejudicado após o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da Quarta Região) enviar o caso para o STJ (Superior Tribunal de Justiça), e não para o STF. Já a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, aponta que o Supremo deve discutir novamente as premissas para a prisão de um condenado em segunda instância nesta semana, ao julgar uma reclamação de José Dirceu (PT-SP). 

Enquanto as eleições ganham destaque no noticiário, o ministério da Fazenda busca alertar os candidatos à presidência sobre a real situação fiscal do Brasil, informa o jornal O Estado de S. Paulo. A proposta da Fazenda é mostrar que o ajuste fiscal não está consolidado e não se sustenta sem as reformas, sobretudo, a da Previdência. Ao mesmo tempo, empresários têm intensificado a agenda de conversas sobre as opções para o Planalto e buscado se aproximar dos presidenciáveis mais bem cotados até agora nas pesquisas. Os encontros em torno de pré-candidatos vêm sendo organizados de forma discreta e têm contado com alguns dos principais nomes do empresariado, que externam preocupação com os rumos do País.

Também ganha destaque as notícias de que o candidato pelo PSL à presidência, Jair Bolsonaro,  avalia não comparecer a debates na campanha eleitoral, sendo criticado por adversários. Segundo aponta a coluna Painel, da Folha, o argumento usado é que essas aparições são exploradas por rivais na TV —plataforma na qual o deputado não tem espaço para responder a ataques. Seu grupo diz que ele irá aos embates se passar para o segundo turno. 

5. Noticiário corporativo

No radar corporativo, a Embraer confirmou acidente com avião A-29 nos EUA que causou a morte de um piloto. “Embraer e SNC estão cooperando com a Força Aérea dos Estados Unidos na investigação”, afirmou a companhia brasileira em nota. 

Sobre a Petrobras, a Folha de S. Paulo informa que a companhia prevê pagar ação bilionária de forma progressiva. A estatal descarta impacto financeiro imediato após perder processo de R$ 15 bilhões no TST e aposta no STF. Já o Estadão destaca que, em meio ao avanço do canal digital no varejo, a CVC, a maior operadora de turismo da América Latina, parece nadar contra a corrente. Mesmo após atingir a marca de 1,2 mil lojas físicas no País, a empresa continua com um plano de expansão agressivo: abrir mais cem unidades neste ano.

(Com Agência Brasil, Bloomberg e Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.