Colunista InfoMoney: Dissidência no Copom indica alta em breve

Comitê não alterou tom do comunicado em relação aos anteriores, porém discordância nos votos indica aperto em abril

Alex Agostini

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa básica de juros da economia (taxa Selic) em 8,75% ao ano, sem viés, portanto, em conformidade com nossa expectativa.

Publicidade

Entretanto, a decisão não foi unânime como nas reuniões anteriores, pois, dessa vez houve três membros dissidentes que votaram pela elevação da taxa em 0,50 ponto percentual. Essa foi a sexta reunião, e o nono mês seguido, que a taxa básica permaneceu no mesmo patamar (8,75% a.a.) – a última vez em que a taxa permaneceu estável por mais de seis reuniões consecutivas foi entre julho de 2001 e janeiro de 2002.

“Comitê não alterou
tom do comunicado,
porém discordância
nos votos sinaliza
aumento em abril”

Ao término da reunião, o colegiado divulgou sua tradicional nota que justifica, em parte, sua decisão: “Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 8,75% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela elevação da taxa Selic em 0,5 p.p. O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.”.

O fato de ter ocorrido a dissidência de três membros, bem como o avanço nas projeções de inflação se distanciando do centro da meta e, entre outros fatores, a necessidade já anunciada de reverter as medidas anticrise adotadas no final de 2008 (vide informe econômico de 24 de fevereiro: Compulsório – BaCen enxuga R$ 71 bilhões da economia), a Austin Rating ajusta seu cenário para o início do ciclo de aperto monetário para abril e com elevação da ordem de 0,50 ponto percentual. Mas ratifica sua expectativa da taxa básica encerrar o ano ao redor de 10,25%.

Continua depois da publicidade

Apesar de ter ocorrido a dissidência de três membros que votaram pela alta, a autoridade monetária não alterou seu tom no statement divulgado, portanto, não sinalizando de forma efetiva que a elevação da taxa de básica ocorrerá já na próxima reunião, marcada para ocorrer no dia 28 de abril. Porém, as apostas majoritárias do mercado eram de elevação nesta reunião ou no máximo em abril.

Por fim, é importante destacar que uma maior clareza sobre os próximos passos do colegiado somente será possível a partir da leitura da Ata desta reunião, que será divulgada no próximo dia 25, bem como do Relatório Trimestral de Inflação que ocorrerá no final do mês de março.

Alex Agostini é economista-chefe da Austin Rating e escreve mensalmente na InfoMoney, às segundas-feiras.
alex.agostini@infomoney.com.br