B3 “beberá da fonte” do rali do mercado, mas lucro será a grande incógnita do 3º trimestre

Ebitda deve crescer 90% frente ao terceiro trimestre do ano passado, mas "não recorrentes" devem afetar a linha final do resultado

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Se você aposta na recuperação do Brasil, queda estrutural dos juros e a retomada das Ofertas Públicas de Ações, as ações da B3 (BVMF3) devem estar na sua carteira de ações e não por acaso fazem parte da Carteira Recomendada InfoMoney (clique aqui para acessar a última carteira recomendada) desde sua estreia em janeiro de 2016, alternando-se com os papéis da antiga BM&FBovespa e da Cetip (CTIP3), que não são mais negociados desde 30 de março quando aprovada a fusão das companhias. Com 13,8%, os papéis possuem a maior participação do portfólio e neste ano acumulam valorização de 40%, desempenho que comprova o bom momento operacional da companhia, tendência que deve ser mantida no terceiro trimestre deste ano.

Tradicionalmente, a empresa apresenta o balanço de operações do mês, que conta com o volume financeiro registrado pelos segmentos Bovespa e Cetip, que são as fontes de receita da B3. Consolidando os números, os analistas conseguem precisar a receita líquida da companhia e o último balanço de operações de setembro revelou números sólidos, gerando uma expectativa positiva para o resultado do terceiro trimestre, que será publicado nesta sexta-feira (10) após o fechamento do mercado.

A companhia apresentou forte crescimento de volume, principalmente em ações e derivativos, tendo em vista os efeitos positivos de taxas de juros mais baixas, que fez o Ibovespa subir 18% no terceiro trimestre. O volume financeiro médio diário total no segmento Bovespa de R$ 10 bilhões em setembro, 50% maior do que visto no ano passado, enquanto no segmento BM&F cresceu 46% frente setembro do ano passado e 24% sobre agosto. Outro indicador importante foi o dado de capitalização de mercado média das empresas com ações negociadas na B3, que atingiu R$ 3,07 trilhões, valor 25% superior quando comparado ao mesmo mês do ano passado.

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Frente aos números, os analistas de mercado esperam crescimento de 12% para a receita líquida frente ao terceiro trimestre do ano passado, atingindo a marca de R$ 992,4 milhões. Do lado do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), o time do Itaú BBA não descarta uma surpresa positiva no terceiro trimestre, já que o guidance de custo apresentado pela empresa foi bastante conservador.

Polêmica do lucro líquido

Se a receita e o Ebitda são mais fáceis de projetar, em vista das prévias operacionais, não podemos falar a mesma coisa do lucro líquido, que seguidamente é afetado pelas despesas “não recorrentes”, ou seja, custos que não têm relação direta com os lucros resultantes das operações da empresa e por este motivo tendem a não se repetir no futuro, teoricamente.

Desde do ano passado, quando a B3 iniciou a combinação das operações com a Cetip, foram gastos R$ 700 milhões com “não recorrentes”, segundo analista consultado pelo InfoMoney que pediu anonimato. Em vista das prováveis distorções causadas pelos “não recorrentes”, o Itaú sugere cautela ao avaliar o lucro líquido da empresa, que deve encerrar o terceiro trimestre em R$ 478 milhões, queda de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.

Sem dúvidas, os “não recorrentes” serão um dos temas da teleconferência da companhia que será realizada na segunda-feira (13) a partir das 11h00 (horário de Brasília).

Confira os números esperados para o terceiro trimestre de 2017:

em R$ milhões 3T17E* 3T16* 3T17E/3T16
Receita líquida 992,4 882 +12,5%
Ebitda 699,6 372 +88,1%
Lucro líquido ajustado 478,2 563 -15,06%

*Dados e estimativas compiladas da Bloomberg