Cético com o mercado? Veja um bom motivo para acreditar em novas máximas do Ibovespa

Retomada do mercado de crédito deve trazer maior fluxo para o mercado de capitais e engatilhar uma migração dos fundos de investimento

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Guiado pela expectativa de queda dos juros e o andamento da agenda de reformas, o Ibovespa subiu mais de 20% desde julho, cravando em 5 de outubro novo topo histórico em 78.024 pontos. Porém, com a reforma da Previdência em xeque e a aproximação das eleições, que promete trazer bastante volatilidade, muitos investidores começaram questionar se o índice possui um gatilho para seguir com seu processo de valorização, até que a bem sucedida captação do Tesouro (veja mais aqui) no começo do mês abriu um novo horizonte para a bolsa brasileira.

A alta demanda registrada comprovou o maior apetite dos estrangeiros pelos títulos brasileiros e puxou a fila das captações das empresas brasileiras, que devem aproveitar esta janela de oportunidade para atrair investidores que buscam por maior rentabilidade que os títulos do governo, tendo em vista o ritmo de queda da taxa de juro, como aproveitar a redução dos custos de financiamento, conforme avaliação do time de estratégia do BTG Pactual.

De acordo com os analistas, a reabertura do mercado para as empresas domésticas conduz a expectativa por um maior fluxo de capitais para o País, assim como deve engatilhar uma migração de alocação por parte dos fundos de investimento em busca de melhores rendimentos. Segundo o time, a alocação ainda está muito concentrada em títulos públicos e projetam uma “troca de mão” por parte dos fundos com a queda da curva de juros. Para se ter uma ideia, a alocação em renda fixa (ex-títulos do governo) está no menor nível em 7 anos, na faixa de 14%, enquanto em ações gira em torno de 8%, ou seja, há bastante espaço para uma migração para a renda variável.

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“Tudo isso nos leva à seguinte realidade (positiva): rendimentos mais baixos dos títulos do governo vão elevar o apetite dos investidores pelas empresas, seja investindo através de dívida ou via ações”, ressalta o time de estratégia do BTG Pactual.

“Maré favorável”

A prova de que a “maré está favorável” para as empresas irem ao mercado para captar recursos e aproveitarem o potencial fluxo dos fundos de investimento é a redução do custo de financiamento. Um exemplo emblemático que mostra o efeito dessa melhora no mercado de crédito é da CCR (CCRO3), que em 2015 emitiu debêntures com prazo de 3 anos a um custo de 17,7% ao ano e na sua última emissão com o mesmo vencimento, realizada em julho deste ano, reduziu em 1000 pontos-base esse custo para 7,5% ao ano: “é exatamente isso que estamos vendo no mercado como um todo”, afirmam os analistas.

Com a volta do fluxo das operações, além de logicamente beneficiar as grandes corporações, as pequenas e médias empresas (mais alavancadas) que estavam encontrando dificuldades para conseguir crédito a custos competitivos junto aos bancos, que estavam emprestando para as grandes que não tinham acesso ao mercado de capitais, agora encontram fontes de financiamento: “com os mercados de capitais operando normalmente e as taxas de juros caindo, a aversão ao risco está melhorando rapidamente e os bancos estão começando a emprestar novamente para as pequenas empresas”.

Segundo o time do banco de investimento, além de aquecer o mercado de capitais e abrir caminho para novos negócios, essa nova realidade deve ser um fator importante para a recuperação da atividade da economia brasileira.