Kroton avalia retirar processo de fusão; privatização, suspensão de OPA e mais notícias no radar

Confira os principais destaques corporativos da noite desta terça-feira (27)

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo da noite desta terça-feira (27) segue bastante agitado, com destaque para novidades envolvendo a privatização da Cesp, enquanto o conselho da Cemig aprovou a proposta que permite a empresa elevar seu endividamento. Chama atenção ainda a confirmação da Kroton de que ela estuda retirar o processo de fusão com a Estácio do Cade. Confira os destaques:

Kroton (KROT3) e Estácio (ESTC3)
A Kroton confirmou, por meio de comunicado, que estuda retirar de forma provisória o processo de fusão com a Estácio do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), além de suspender a venda de ativos para atender às exigências da autarquia antitruste.

“Até o momento, contudo, não há definição concreta sobre potencial desinvestimento ou mesmo sobre pedido de retirada da operação junto ao Cade que justificasse a divulgação de fato relevante pela Kroton”, disse a companhia em comunicado.

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Cesp (CESP6)
O governo do Estado de São Paulo promoverá em julho reuniões com investidores na China, na Europa e na América do Norte para buscar interessados na elétrica paulista Cesp, cujo leilão de privatização está previsto para setembro deste ano, disse à Reuters nesta terça-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto.

A viagem deverá contar com representantes da Secretaria da Fazenda de São Paulo, da Cesp e do Banco Fator, que foi contratado para assessorar o processo de venda do controle da empresa, e o foco será apresentar a oportunidade de negócio a investidores estratégicos e financeiros na China e na América do Norte e a investidores institucionais na Europa.

Em paralelo, haverá ainda apresentações para grupos brasileiros, sendo que alguns desses já chegaram a demonstrar interesse na transação, de acordo com a fonte, que falou sob a condição de anonimato porque as conversas não são públicas.

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Atualmente, a equipe responsável pela privatização está atualizando os estudos sobre o preço que será fixado para as ações da elétrica estatal que serão vendidas, o que deverá ser divulgado no edital definitivo do processo, que deve ser publicado na primeira semana de agosto.

Esse preço, disse a fonte, deverá levar em consideração a expectativa de que o novo controlador da Cesp receberá indenizações do governo federal após o vencimento das atuais concessões das três hidrelétricas operadas pela empresa, em 2020, 2021 e 2028.

Além disso, a Cesp tem mantido uma disputa judicial com o governo federal para exigir uma indenização maior por usinas que tiveram as concessões vencidas nos últimos anos e já foram inclusive devolvidas à União e relicitadas.

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Segundo a fonte, o edital da privatização terá uma cláusula para prever um “earn-out”, caso o novo controlador consiga elevar os valores dessas indenizações, que foram reconhecidos pelo governo em 1,95 bilhão de reais.

A Cesp defende na Justiça que teria direito a cerca de 8,25 bilhões de reais por investimentos feitos nessas usinas e que ainda não haviam sido amortizados. “Na negociação (com o novo controlador), se houver qualquer ganho, haverá um earn-out para os atuais acionistas da empresa… isso vai estar no edital”, disse a fonte.

Ainda de acordo com a fonte, não há grande preocupação sobre os efeitos da crise política do Brasil sobre o leilão, uma vez que o negócio oferecerá rentabilidade e uma boa relação entre risco e retorno. Procurada, a Cesp não se manifestou imediatamente sobre o assunto.

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Cemig (CMIG4)
A Cemig informou que foi aprovada a proposta do conselho de administração que permite a empresa ultrapassar as metas de endividamentos por motivos conjunturais, mediante justificativa prévia. Apesar da decisão, a empresa informou também que a BNDESPar votou contra a proposta.

As mudanças preveem que a meta de endividamento consolidado passe de igual ou inferior a 2 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para igual a 2,5 vezes e que a relação de endividamento passe do limite de 40% para 50%. O montante de recursos destinados a investimentos de capital e à aquisição de quaisquer ativos foi mantido em, no máximo, 40% do Ebitda.

Petrobras (PETR3; PETR4)
A Petrobras voltará a atuar em energias renováveis após fase de transição para resolver altíssimo endividamento, disse nesta terça-feira o presidente da estatal, Pedro Parente, durante o Ethanol Summit, promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em São Paulo.

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A afirmação foi feita após a Petrobras ter vendido importantes ativos no setor sucroalcooleiro, como parte de seu programa de desinvestimentos.

Parente disse ainda que a Petrobras sabe que tem que buscar caminhos alternativos para garantir sustentabilidade de seu negócio no futuro. Para ele, a indústria de etanol tem um grande futuro e “é uma saída brasileira”. “Não há razão para não nos esforçarmos para viabilizá-la”, disse.

CPFL Renováveis (CPRE3)
A CPFL Energias Renováveis informou nesta terça-feira que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a entrada em operação comercial do Complexo Eólico Pedra Cheirosa, localizado no município de Itarema (CE), segundo comunicado.

Composto por dois parques, o complexo possui capacidade instalada de 48,3 MW, distribuída em 23 aerogeradores, e ficou pronto antes do prazo. De acordo com as regras estabelecidas no leilão, com a entrega antecipada do complexo, as condições de contrato passam a ser válidas a partir de janeiro de 2018, disse a empresa.

O projeto foi comercializado no leilão A-5 de 2013, com início de contrato previsto inicialmente para maio de 2018. Da data de hoje até o encerramento de 2017, a energia gerada será comercializada no mercado livre (ACL).

A companhia disse que agora conta com 93 ativos e 2.102,6 MW de capacidade instalada, reforçando sua liderança em geração de energia limpa no Brasil.

Banco Indusval (IDVL4)
A Superintendência de Registro de Valores Mobiliários da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) determinou a suspensão da OPA (Oferta Pública de Aquisição) de ações para cancelamento de registro do Banco Indusval.

Em comunicado, a CVM afirmou que a decisão foi tomada por dois motivos. O primeiro foi a informação divulgada, por meio de Fato Relevante, de que “a companhia encontra-se em tratativas confidenciais de parcerias estratégicas que, apesar de não envolverem a transferência de controle da companhia, poderão, caso sejam concretizadas, impactar a sua rentabilidade futura e a decisão do acionista com relação à adesão ou não à oferta”.

Além disso, a CVM entendeu que a documentação mais atualizada da OPA, com base na qual foi concedido registro da operação, não apresenta a adequada informação quanto à companhia. “Desta forma, os acionistas destinatários da Oferta não tiveram acesso aos elementos necessários à tomada de uma decisão refletida e independente quanto à sua aceitação”, disse a Comissão.

A Superintendência também determinou que seja encaminhada, em até 90 dias, a documentação atualizada da Oferta, considerando o desfecho das tratativas em curso.

(Com Reuters)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.