Ações da Tenda estreiam com disparada de 92% na bolsa

O papel vem recebendo recomendações de compra e tendo seu preço-alvo fixado bem além do dobro do seu valor inicial

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – As ações da construtora Tenda (TEND3) iniciaram operações na B3 em alta nesta quinta-feira (4). O processo não é um IPO (Initial Public Offering), mas representa a concretização da cisão com os papéis da Gafisa (GFSA3) — que ficaram “ex-restituição de capital” na semana passada.

O preço estabelecido no processo foi de R$ 8,13 por ação, o que era visto pelos analistas como uma verdadeira pechincha na bolsa. Às 10h30 (horário de Brasília), os papéis TEND3 já apresentavam disparada de 91,76%, precificadas em R$ 15,59.

Antes mesmo de sua estreia, o papel vem recebendo recomendações de compra e tendo seu preço-alvo fixado bem além do dobro do seu valor inicial. Pelas considerações dos analistas, o papel tinha tudo para disparar em seu pregão de estreia.

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Entenda o caso

Após uma tentativa sem sucesso de realizar o IPO da Tenda, a Gafisa, controladora da companhia, realizou um “spin off” da empresa, que seria a separação dos negócios sem a necessidade de realizar uma oferta pública de ações no mercado. Desta forma, os acionistas receberam uma TEND3 para cada GFSA3 que detinham, com o preço definido de R$ 8,13 já tendo sido “retirado” do valor de cada ação da Gafisa desde sexta-feira. Naquela data, os papéis GFSA3 caíram 6,5%, e hoje recuam mais de 3%, aproximando-se do menor fechamento desde junho de 2016 (R$ 16,93).

Os R$ 8,13 mostraram-se bem abaixo do que analistas consideravam seu preço justo. A Eleven Financial Research estima preço-alvo em R$ 22 em 12 meses, patamar 170% acima do preço inicial. Em relatório distribuído aos seus clientes na terça-feira (2), o Bradesco BBI informou o início de sua cobertura dos papéis com perspectiva outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) e preço-alvo estimado em R$ 20, upside de 146%.

“Em tempos normais, Tenda não viria a mercado em um momento tão turbulento e tão descontada, mas a Gafisa, controladora de Tenda, precisa vender ativos para reduzir sua alavancagem”, explica Lemos, da Eleven. O Bradesco BBI prevê que o ROE da Tenda alcance 10% neste ano, suba para 12% em 2018 e para 13% em 2019. “Desde a tentativa do IPO no final de 2016, a performance da companhia melhorou o suficiente para merecer um múltiplo melhor”, afirmou em relatório.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.