Com Trump e Brexit no radar, Davos escolhe um excêntrico novo herói em 2017

Xi Jinping, presidente da China, apareceu como o garoto propaganda da globalização em Davos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Esqueça os atores convencionais. O Fórum Econômico Mundial de Davos tem como “herói” da edição de 2017 um nome pouco convencional – e até irônico, conforme ressalta a Forbes. Trata-se do presidente da China, Xi Jinping.

De acordo com o colunista Kenneth Rapoza, foi com uma certa ironia cômica que o evento escolheu o chinês “como o arauto do capitalismo global”. “Ajude-me, Xi Jinping, você é minha única esperança'”, diriam os participantes do evento. 

Rapoza escreveu o artigo antes de Jinping falar, mas o chinês confirmou o tom. Ele fez um discurso hoje em defesa da globalização e dos acordos internacionais: “algumas pessoas acusam a globalização econômica pelo caos, mas ele não foi causado por ela. É verdade que a globalização criou novos problemas, mas isso não é uma justificativa para cancelá-la, mas sim para adaptá-la”, disse sobre as crises migratórias no mundo e as grandes crises financeiras da última década.   

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Assim, destaca o colunista da Forbes, os líderes do fórum aparentemente fizeram dele o garoto-propaganda da globalização. E não é para menos: a globalização tem feito bem ao gigante asiático e é de interesse do país continuar com essa tendência.

“Que Davos tenha dado esse caráter para a China, não é nenhum erro. Porém, os capitalistas anglo-americanos ficaram malucos. Contudo, os britânicos estão deixando a União Europeia, enquanto os americanos elegeram um homem alto, selvagem, que está pronto para colocar tarifas em corporações globais”, afirma o colunista. Além disso, o fato é que Xi Jinping é a personificação do anti-Trump, e como beneficiário da globalização, também é anti-Brexit.

A publicação aponta ser irônico que a China – onde há protecionismo e uma política de pleno emprego sancionada pelo Estado –  esteja discutindo o populismo, assim como é irônico que Davos esteja vangloriando um homem que trate sobre o “sonho chinês”. 

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Mas, apesar dos pesares, o colunista ressalta que não é a primeira vez que o modelo de globalização é contestado e, de qualquer forma, os investidores de Davos que martelam o Brexit e repugnam Trump devem ganhar dinheiro sob quaisquer circunstâncias.

“Eles vão aprender as novas regras do jogo, se e quando eles realmente mudar, e eles vão colocar suas apostas em conformidade. O capitalismo não está morto. A livre iniciativa não está morta. O empreendedorismo não está morto, incluindo na China, onde agora está prosperando como nunca antes”, afirma.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.