Os 8 eventos que farão de setembro o grande mês da Bolsa este ano

A primeira semana do mês pode ser morna por conta de dois feriados, mas não conte com isso para o restante do mês: calendário terá "novo Ibovespa", rodada de reuniões dos BCs e desdobramentos do impeachment estarão no radar do investidor

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – A primeira semana de setembro será morna por conta de dois feriados: dia do trabalhador nos Estados Unidos (Labor Day – 5/9) e dia da independência do Brasil (7/9), mas não aguarde dias de calmaria no mercado na sequência. Com um calendário cheio em setembro, nenhuma classe de ativos estará imune a um possível risco provocado pelos acontecimentos – tanto no Brasil quando no cenário internacional.

Por aqui, investidores reagirão aos desdobramentos do impeachment. “Do lado político, temos que ficar de olho nos recursos do STF (Supremo Tribunal Federal), que é um risco a ser monitorado, e o mais importante a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Teto dos Gastos, que deve começar a andar e pode trazer um fluxo positivo de notícias”, disse o economista-chefe da Garde Asset, Daniel Weeks. Um outro fator importante, no ambiente doméstico, para se ter no radar é a votação de cassação do mandato de Eduardo Cunha, marcada para o dia 12. 

No cenário externo, os investidores têm no radar o primeiro debate da campanha presidencial nos EUA; um anúncio sobre taxas de juros dos bancos centrais do G-20 quase um dia após o outro; e uma reunião fundamental entre os países produtores de commodities de todo o mundo.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Em Wall Street, estrategistas estão alertando para o fim da tranquilidade incomum que caracterizou os mercados em agosto e aconselhando que os clientes adotem posições compradas na volatilidade. Por aqui, o ambiente não deve ser diferente.

A volatilidade deve voltar neste mês, embora um cenário positivo para o mercado seja ressaltado pelos agentes econômicos. “O meu cenário é positivo, com a troca de governo e a pauta econômica começando a andar mais favoravel com as reformas”, disse Weeks. “Temos a visão positiva com essa nova fase de governo Temer, acreditamos que boa parte do fluxo ainda não veio, mas conforme as medidas forem anunciadas, principalmente o investidor estrangeiro, aumentará sua presença no Brasil’, comentou Celson Placido, estrategista-chefe da XP Investimentos.

Confira abaixo os 8 eventos que vão agitar o mês de setembro:

Continua depois da publicidade

1) “Novo Ibovespa” – a nova carteira do Ibovespa entra em vigor na próxima segunda-feira (5), com a saída das ações da Cesp (CESP6), sem a entrada de nenhum outro ativo. Com isso, o índice passará a ter em sua carteira teórica 58 ações. Na 3ª prévia e última da carteira, divulgada hoje, as ações da Ambev (ABEV3), Ultrapar (UGPA3) e Cemig (CMIG4) serão as que terão maior aumento de participação em relação ao volume médio diário delas na Bovespa. Por outro lado, Energias do Brasil (ENBR3), Telefônica Brasil (VIVT4) e Kroton (KROT3) serão as três mais impactadas negativamente com a nova carteira. 

2) Rodada de reunião de BCs – Lá fora, tem uma uma rodada de reuniões de bancos centrais que os investidores devem ficar atentos. “Acho que o Fed não vai subir os juros em setembro e o BoJ (Banco do Japão) e BCE (Banco Central Europeu) vão dar uma nova rodada de estímulos monetários à economia”, disse Daniel Weeks. A primeira reunião será a do BCE, dia 8 de setembro, em uma tentativa do Conselho do banco de vida ou morte de salvar sua estratégia de flexibilização quantitativa diante dos limites autoimpostos sobre o que o banco pode comprar. Os analistas dizem que o BCE poderia ampliar o horizonte de seu programa de aquisição de ativos de março para setembro de 2017. Na sequência, ocorrem as reuniões do Fed e BoJ, com encerramento no dia 21. 

Após dados de emprego dos Estados Unidos (Payroll), divulgados hoje, os contratos futuros apontavam chance de alta de apenas 18% dos juros nos Estados Unidos em setembro. Depois da fala de Stanley Fischer, vice-presidente do Fed, na semana passada, estes contratos apontavam chance de alta de 35%, ou seja, o dobro. “Na reunião do dia 21 ficaremos totalmente focados no guidance: que deve indicar uma chance de alta de juros este ano e também nas chances de alta de juros em 2017 (atualmente com 3 chances)”, disse José Faria Júnior, diretor da mesa de câmbio da Wagner Investimentos. 

Continua depois da publicidade

2) Processo de cassação de Cunha – A sessão para analisar o pedido que pede a cassação do mandato de Eduardo Cunha foi marcada no dia 12 de setembro. Cunha é acusado de mentir na CPI da Petrobras ao afirmar que não teria contas no exterior.

3) PEC dos Gastos – A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que define um teto para os gastos públicos deve ser a prioridade do governo Michel Temer, agora que tomou posse definitivamente na Presidência da República com o afastamento da presidenta cassada Dilma Rousseff. A conclusão é do economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. Para ele, é isso que vai permitir ao governo tocar também outras medidas necessárias para estabilizar a economia. “Isso deve começar a andar esse mês e pode trazer um fluxo bons de notícias”, disse Daniel Weeks.

4) Recursos do STF O DEM, o PSDB e o PPS entraram no final da manhã desta sexta-feira (2) com um mandado de segurança junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a anulação da segunda votação do impeachment de Dilma Rousseff, que preservou os direitos políticos e a elegibilidade da petista. Segundo Weeks, isso pode ser uma “pedra no sapato” do mercado nas próximas semanas e é importante seguir no radar. Hoje, a advogada Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma, e o jurista Miguel Reale, que também assina o documento, disseram que temem que a petista volte à presidência da República caso os recursos apresentados por partidos da base de Michel Temer sejam aceitos pelo Supremo Tribunal Federal. Janaina enxerga que os recursos podem levar todo o impeachment por água abaixo, uma vez que se o Supremo decidir depois de 180 dias que todo o julgamento deverá ser refeito, Dilma volta ao cargo.

Publicidade

5) Rebalanceamento do FTSE – O FTSE Global, índice que serve como referência para muitos fundos estrangeiros, promoverá no dia 16 de setembro o rebalanceamento semestral de seu carteira. Segundo os dados divulgados esta semana, a única ação do Brasil que sofrerá impacto relevante é BRF, com uma saída de investimentos previstos na ordem de US$ 157,2 milhões. De acordo com levantamento feito pelo Credit Suisse, a diminuição da exposição ao papel corresponderá a 4,6 dias de negociação da ação.

6) Cúpula do G-20 – Ocorrerá nos dias 4 e 5 de setembro a cúpula do G-20. A China, país anfitrião, tentará se concentrar no crescimento global e nos problemas do setor financeiro. Nos últimos meses, houve uma mudança no discurso das autoridades de economias avançadas a favor de uma política fiscal mais relaxada, por causa dos retornos cada vez menores do estímulo monetário.

7) Reunião da OpepAs autoridades dos países-membros da Opep têm uma reunião marcada na Argélia de 26 a 28 de setembro. E embora a Organização de Países Exportadores de Petróleo pudesse passar a se chamar Organização que Pediu para Congelar a Produção, analistas do Barclays veem motivos para acreditar que desta vez a ameaça de manter a produção nos atuais níveis é mais crível. 

Continua depois da publicidade

8) Novas ofertas – Setembro também é o começo do ano escolar nos principais mercados de capitais do mundo, e os analistas estimam um ritmo acelerado de emissões com grau de investimento nos EUA apesar da oferta extraordinariamente forte em agosto. Os analistas do Bank of America, por exemplo, projetam US$ 120 bilhões em novos papéis com alto grau. A facilidade com que os mercados de crédito absorverem a oferta servirá de indicador das fusões e aquisições e dos volumes de recompra de ações no segundo semestre do ano, devido à função desproporcional do mercado de títulos nessas atividades de financiamento corporativo, dizem os analistas.

Confira abaixo a agenda econômica para a próxima semana:

05/09

Publicidade

– Feriado nos EUA

– Boletim Focus (Brasil)

– PMI (Brasil)

– PMI (Alemanha)

– PMI (Zona do Euro)

– PMI (Reino Unido) 

06/09

– Ata do Copom

– PIB (Zona do Euro)

– PMI (EUA)

– ISM Serviços (EUA)

07/09

– Feriado Nacional (manterá o mercado fechados)

– Produção industrial (Alemanha)

– Produção industrial (Reino Unido)

– Livro Bege

08/09

– Reunião do BCE (Zona do Euro)

– Estoques de petróleo (EUA)

– Pedidos de auxílio-desemprego (EUA)

– CPI (China)

– PPI (China)

09/09

– IPCA (Brasil)