Resumo em imagens: por que a Bolsa e o dólar enlouqueceram com os dois discursos do Fed

Após aguardar uma semana pelo discurso de Yellen, mercado tem sessão de forte volatilidade com fala de Fischer "ofuscando" a chairwoman do Fed

Paula Barra

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SÃO PAULO – O mercado passou mais de uma semana aguardando a fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, mas esta sexta-feira (26) mostrou que ninguém estava pronto para o que estava por vir. Após um início de pregão morno – como foi nos últimos dias -, a sequência de eventos entre o fim da manhã e início da tarde fez com que Bolsa e dólar oscilassem entre fortes ganhos e perdas.

Após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) americano em linha com o esperado, os investidores passaram a aguardar ainda mais a fala de Yellen, prevista para acontecer às 11h (horário de Brasília). Logo que ela começou a falar, os mercados mundiais viraram para queda, uma vez que “o argumento por aumento da taxa de juros se fortaleceu nos últimos meses”, segundo a chairwoman.

Porém, a continuidade das declarações mostraram que o cenário não era tão simples. A Bolsa passou então a disparar, chegando a subir 1,62%, enquanto o dólar afundou, após Yellen indicar que “mesmo se as taxas de juros ficarem mais baixas do que a média do passado, a política será capaz de responder efetivamente”.

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Isto animou o mercado, que viu a fala como uma indicação de que a elevação das taxas será bastante lenta. De acordo com Yellen, a taxa de juros neutra deve permanecer muito baixa se a produtividade continuar a crescer lentamente.

Poucas horas depois, contudo, o mercado ganhou um “balde de água fria”, promovido pelo vice de Yellen, Stanley Fischer, ao interpretar a fala dela. Segundo ele, o discurso da chairwoman foi consistente com as expectativas de alta nas taxas de juro neste ano. Para ele, há evidências que a economia dos Estados Unidos está se fortalecendo.

Para piorar, Fischer disse que pelos dados econômicos e pela fala de Yellen, é possível a realização de duas altas de juros ainda este ano. “Fischer trouxe uma visão que fez o mercado ajustar”, diz Cleber Alessie, operador de câmbio da H. Commcor. Isso fez com que a Bolsa passasse a registrar perdas de 0,68% na mínima do dia, aos 57.328 pontos, enquanto o dólar passou de queda de 1% para alta de mais de 1%, cotado na casa de R$ 3,27.

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Veja o gráfico da reação do Ibovespa:

Veja a reação do dólar às notícias:

Antes de Fischer e Yellen, outros dois dirigentes do Fed haviam se pronunciado. Para Dennis Lockhard (Fed de Atlanta), as perspectivas para a política monetária ainda são nebulosas e os dados econômicos têm sido mistos, o que não impede um ciclo de austeridade ainda em 2016. “Se a economia seguir seu curso, eu poderia ver uma alta [nos juros] neste ano; eu poderia também ver duas altas, nada está descartado”, afirmou. Já Robert Kaplan (Dallas) diz que os juros subirão mais lentamente que o projetado anteriormente.