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SÃO PAULO – Se nos últimos dias ganhou força a ideia de que o Federal Reserve poderia subir os juros ainda este ano, levando o dólar a subir. Porém, mesmo com a decepção vinda do Banco do Japão, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos decepcionou tanto que praticamente enterrou as chances de uma alta dos juros em 2016. O efeito foi imediato e o dólar passou o dia todo em forte queda.
A moeda fechou esta sexta-feira (29) com perdas de 1,63%, cotada a R$ 3,2423 na compra e R$ 3,2429 na venda, o que muda as projeções feitas nos últimos dias e encaminha um novo cenário para a moeda daqui para frente. Segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, as chances do dólar voltar a R$ 3,30 no curto prazo estão menores agora.
“Com o Comitê de juros do Fed mais dovish e PIB dos EUA mais fraco, parece que a chance do dólar ir para cima de R$ 3,30 se distancia”, afirma Júnior. Para ele, o que ajuda a manter o real descolado das outras moedas de commodities são os juros altos por aqui e a forte queda dos CDS neste mês. “Além disto, há a perspectiva de confirmação do impeachment”, completa.
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“Seguimos observando que o dólar segue em tendência de baixa de médio e longo prazo e hoje, após o PIB dos EUA, também em tendência de baixa de curto prazo”, afirma. “Na próxima semana, há alguma chance de subir, especialmente se o Payroll vier forte mas, como já comentamos, a chance de superar R$ 3,30 ficou muito limitada neste momento”, ressalta.
A economia dos EUA cresceu apenas 1,2% em termos anualizados no segundo trimestre, bem aquém das expectativas de 2,5%. Os números tiraram força das expectativas de que o Fed possa elevar os juros ainda neste ano. Os juros futuros nos EUA apontavam chance de 12% de o Fed aumentar a taxa em setembro, sobre 18% antes da divulgação dos dados.
Vale destacar ainda que o BoJ decepcionou o mercado ao anunciar estímulos aquém do esperado. A autoridade expandiu o estímulo monetário nesta sexta-feira através de um aumento nas compras de fundos de índices (ETFs), mas manteve a meta da base monetária em 80 trilhões de ienes (US$ 775 bilhões), assim como o ritmo de compras de ativos, incluindo títulos do governo japonês. Também manteve a taxa de juros de 0,1% que cobra de uma porção de reservas em excesso que as instituições financeiras deixam no banco central.