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SÃO PAULO – A agricultura orgânica alcança hoje praticamente um quarto da totalidade dos municípios do País, chegando a cerca de 22,5% das cidades brasileiras. São aproximadamente 13 mil unidades produtivas de orgânicos, entre agricultores, cooperativas, empresas, etc.. Os números foram divulgados pelo coordenador de agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Rogério Dias, durante a Bio Brazil Fair – Biofach América Latina, principal feira latino-americana do setor realizada em São Paulo (SP).
Segundo Dias, a produção de verduras, legumes e frutas, mais notadamente nas regiões Sul e Sudeste, ao lado da apicultura no Nordeste e do extrativismo vegetal no Norte são os segmentos carros-chefes do setor de orgânicos no País.
Já o mercado brasileiro de produtos manufaturados a partir de matérias-primas de base agrícola orgânica, ou seja, que foram cultivadas ou criadas – como, por exemplo, o boi orgânico, que só se alimenta de pasto e não recebe aditivos – sem o uso de agroquímicos -, tem um giro estimado de R$ 2,5 bilhões, de acordo com estatísticas do Projeto Organics Brasil.
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A iniciativa, sob a forma de entidade, reúne aproximadamente 70 empresas brasileiras exportadoras de produtos orgânicos, que juntas registraram, em 2015, cerca de US$ 160 milhões em vendas para o exterior. Segundo o fundador e diretor do Organics, Ming Liu, as exportações do setor de orgânicos devem crescer em 15% neste ano frente o resultado de 2015. “E o segmento como um todo tem uma expectativa de crescimento da ordem de 30%, o que é significativo, devido ao momento de crise econômica por qual passamos.”
De acordo com Liu, entre 50% a 60% da produção nacional de orgânicos é dedicada às exportações. “Hoje, o setor movimenta mundialmente perto de US$ 80 bilhões em faturamento, onde Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido e Canadá aparecem como os principais mercados.”
Desafios
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Entretanto, nem tudo é cor-de-rosa no setor de orgânicos. Estatísticas do próprio Projeto Organics revelam que os produtos orgânicos são, em média, ente 30% a 40% mais caros que os convencionais, em razão, dos custos de manejo serem mais elevados.
Para o pesquisador do Laboratório de Engenharia Ecológica e Informática Aplicada da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, professor Enrique Ortega, na verdade, a despesa a mais que o agricultor tem ao produzir orgânico é compensada por meio de serviços ecossistêmicos. Entretanto, em seminário na feira, o professor salientou que as externalidades positivas dos orgânicos ligadas ao meio ambiente e à saúde ainda não forma incorporadas pelo mercado, em cenário similar ao que acontece entre etanol versus gasolina.
Outro desafio para o setor é o de manter o conjunto de políticas públicas que contribuíram para impulsionar o segmento nos últimos anos, disseram dirigentes de entidades representativas da cadeia produtiva dos orgânicos no mesmo seminário, realizado durante a feira.
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“Há riscos de retrocesso, com a chegada de uma nova administração federal”, afirmou Marcelo Passos, da Rede Ecovida. “Os orgânicos precisam de mais subsídios. Dos R$ 8 bilhões do Plano Safra para políticas relacionadas ao setor, somente R$ 1 bi é, de fato, apoio,” ressaltou Ana Flávia Borges Badue, do Instituto kairós. De acordo com Dias, desde que assumiu, o novo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ainda não o acionou para conversar sobre o que planeja em seu mandato para o setor de orgânicos.
