CSN e Petrobras disparam mais de 12% e BRF cai 3,8%; 15 ações sobem mais de 7%

Acompanhe os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O retorno do feriado foi de grande euforia na Bovespa, com as ações acelerando ganhos durante a tarde, levando o Ibovespa a fechar com alta de 4,76%, aos 48.053 pontos. No total, 15 das 64 ações do índice subiram mais de 7%, com a Hypermarcas liderando os ganhos (+21,14%) após venda de seu negócio de cosméticos para a Coty, por R$ 3,8 bilhões. Depois do anúncio, cinco casas revisaram para cima as projeções para a empresa.

Cetip e BM&FBovespa também dispararam hoje com notícia de que as empresas conversam sobre uma possível fusão, enquanto as ações da CSN acentuaram a alta nesta tarde, em meio ao movimento de euforia do mercado.

Do lado negativo, a BRF acumula queda de 15% nos últimos três pregões, após o resultado do terceiro trimestre decepcionar o mercado e trazer preocupações sobre o desempenho da empresa no mercado doméstico. 

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Confira os principais destaques de ações a Bovespa nesta sessão:

BRF (BRFS3, R$ 57,82, -3,79%)
As ações da BRF seguiram em queda depois da divulgação do resultado na sexta-feira, quando os papéis da companhia afundaram 10% na Bolsa. Em três pregões, as ações acumulam queda de 15%. O mercado viu com preocupação o acentuado enfraquecimento das vendas no mercado doméstico da companhia no período, lido pelo JPMorgan como “uma fraqueza chocante”. 

Um cenário que fez hoje o Bank of America Merrill Lynch e Itaú BBA revisarem suas recomendações para a ação. O BofA cortou de compra para “underperform” (desempenho abaixo da média), além de revisar o preço-alvo dos papéis de R$ 80,00 para R$ 65,00, enquanto o Itaú BBA rebaixou a classificação de “outperform” (desempenho acima da média) para “market perform” (desempenho em linha com a média). 

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Nesta segunda-feira, o BTG Pactual escreveu um relatório apontando que o mercado não deve dar o benefício da dúvida à empresa, o que deve trazer volatilidade aos papéis, embora concorde com a estratégia adotada pela empresa.

Os analistas se mostraram favoráveis à ideia da empresa de testar o poder das marcas (Perdigão está de volta), dada a posição de liderança da companhia, aproveitando o bom momento da operação internacional e investimentos em marketing e no canal para financiar isso. Para eles, a estratégia faz sentido para a empresa e visa atingir um nível “ótimo” de market share (participação no mercado). O BTG reiterou recomendação de compra da companhia, mas rebaixou o preço-alvo para R$ 75,00.

Veja mais: Quando o risco JBS bate na porta nem um lucro 36% maior importa e BRF desaba 10% 

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Hypermarcas (HYPE3, R$ 21,20, +21,14%)
As ações da Hypermarcas dispararam após a companhia ter anunciado durante o feriado – além dos resultados do 3° trimestre – a venda de seu negócio de fabricação e venda de cosméticos para a francesa Coty por R$ 3,8 bilhões, dentro dos esforços para reduzir seu endividamento e se concentrar na área farmacêutica.

Depois do anúncio, cinco bancos revisaram as projeções para o papel. O JPMorgan elevou o preço-alvo das ações de R$ 19,00 para R$ 23,00, assim como a recomendação, que passou de manutenção para compra. O Itaú BBA revisou a recomendação de market perform (desempenho em linha com a média) para outperform (desempenho acima da média). O Santander elevou a classificação de manutenção para compra, mas reduziu  o preço-alvo de R$ 25,00 para R$ 23,00.

O Credit Suisse passou a recomendação de neutra para outperform, com preço-alvo indo de R$ 21,00 para R$ 25,00 por ação. Por fim, o BTG Pactual elevou a recomendação para compra, com preço-alvo saltando em 20%, para R$ 21,00 por ação. Além das instituições, a Fitch colocou a companhia em “positive watch“, podendo ter seu rating elevado para grau de investimento.

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Sobre o balanço, a companhia encerrou o terceiro trimestre de 2015 com lucro líquido de R$ 75,4 milhões, resultado 36,5% menor do que o apurado em igual intervalo do ano passado, quando lucrou R$ 118,8 milhões. O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado no período cedeu menos na mesma comparação, 2,9% de R$ 286,3 milhões em 2014 para R$ 277,9 milhões em 2015. Segundo informe de resultados, a receita líquida da companhia cresceu 11,1% e totalizou R$ 1,319 bilhão no período de julho a setembro.

Natura (NATU3, R$ 25,22, +10,13%)
As ações da Natura registraram fortes altas na Bolsa. Com o acordo para a venda da divisão de cosméticos, deve-se colocar pressão competitiva sobre as empresas do setor no país, entre as quais a Natura.

O cenário para o setor é de que, como houve essa aquisição tão importante com a Hypermarcas, pode acontecer outro negócio com a companhia. Assim, o setor de cosméticos como um todo registra valorização. 

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BM&FBovespa e Cetip
As ações da BM&FBovespa (BVMF3, R$ 12,40, +8,77%) e Cetip (CTIP3, R$ 36,95, +8,36%) dispararam com negociações de fusões entre as empresas. Com a alta, as ações da Cetip batem nesse pregão a máxima histórica (+8,71%, a R$ 37,07).

A Bolsa confirmou nesta manhã que mantém tratativas preliminares para união com a Cetip, mas que não se pode assegurar ainda que tais tratativas resultarão em uma oferta ou transação de qualquer natureza. Segundo a Bolsa, não existe ainda qualquer proposta sobre a estrutura econômica ou societária de uma eventual transação. A Cetip afirmou hoje que foi procurada pela BM&FBovespa para negociação. 

Petrobras (PETR3, R$ 10,56, +12,58%; PETR4, R$ 8,48, +9,99%)
As ações da Petrobras aceleraram ganhos juntamente com o Ibovespa, após a abertura das bolsas americanas. Contribuiu para o movimento positivo, embora bem menos intenso, a alta dos preços do petróleo no mercado internacional. O petróleo brent, usado como referência pela estatal, subia 2,17%, a US$ 49,84 o barril. 

Vale destacar que os preços do petróleo registram alta impulsionados pela greve de trabalhadores da própria Petrobras no Brasil, o nono maior produtor global da commodity. Segundo o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, nas primeiras 24 horas, a greve fez com que a Petrobras deixasse de produzir 500 mil barris de petróleo, sendo 450 mil na Bacia de Campos.

Os ganhos do Brent eram limitados pela notícia de que a produção russa atingiu um pico da era pós-soviética e por uma previsão ruim para a demanda chinesa. O analista chefe de commodities da SEB, Bjarne Schieldrop, em Oslo, disse que a ausência de novas notícias negativas também reacendeu um pouco o interesse de compra.

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,16, +6,44%)
O Itaú Unibanco informou que teve lucro líquido de R$ 5,945 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 10% sobre mesma etapa de 2014. Excluindo efeitos extraordinários, o lucro do período somou R$ 6,117 bilhões, 0,3% menor sobre o trimestre anterior e crescimento de 12,1% sobre um ano antes. A previsão média de analistas consultados pela Reuters era de lucro recorrente de R$ 5,761 bilhões. 

Segundo o BTG Pactual, a primeira leitura foi de um resultado um pouco melhor que o do Bradesco, com lucro líquido acima do esperado, impactado principalmente pela tesouraria, que veio em R$ 2,3 bilhões, contra R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre e R$ 1,1 bilhão no mesmo período de 2014. 

O Credit Suisse destacou que o resultado veio em linha, mas com um mix pior do que o esperado. Para os analistas, a qualidade dos ativos continua como um ponto de preocupação, principalmente quando olha-se para o forte aumento da inadimplência entre pessoa física. No geral, o índice de inadimplência do banco, medida pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, ficou em 3,3%, estável na base sequencial e avanço de 0,1 ponto percentual sobre um ano antes. 

Em teleconferência, o Itaú Unibanco disse que prevê novas altas de seus índices de inadimplência nos próximos trimestres, como reflexo da recessão da economia brasileira, que tem enfraquecido as finanças de famílias e empresas. “Deve continuar a subir, enquanto esse cenário se mantiver”, disse Marcelo Kopel, diretor de relações com investidores do banco, durante evento. 

SulAmérica (SULA11, R$ 18,70, -1,22%)
As units da SulAmérica caíram pelo segundo pregão seguido, acumulando perdas de 9,4%, entre balanço e corte de recomendações. Depois de balanço mal recebido pelo mercado na sexta-feira, a companhia teve sua recomendação rebaixada de manutenção para underperform (desempenho abaixo da média) pelo Santander. O preço-alvo, no entanto, foi elevado de R$ 19,50 para R$ 18,50.

BR Malls (BRML3, R$ 12,00, +7,14%)
As ações da BR Malls subiram após divulgação de balanço. O efeito de juros mais altos e da desvalorização do real sobre a dívida fizeram a administradora de shopping centers ter prejuízo líquido de R$ 219,4 milhões no terceiro trimestre, num desempenho muito pior que o resultado também negativo de R$ 8,1 milhões um ano antes. Segundo a companhia, sua receita líquida foi de R$ 354,8 milhões, alta de 5,6% em relação ao mesmo período no ano anterior.

Apesar do aumento do prejuízo líquido, o Credit Suisse comentou que a companhia conseguiu mostrar boa resiliência nos números do período, com a receita crescendo quase 6% mesmo em um cenário difícil e também considerando a diferença de produtividade entre o ABL (Área Bruta Locável) e o vendido. 

Segundo a BR Malls, não fosse evento extraordinário, ela teria tido um lucro de R$ 95,2 milhões, ainda assim uma queda de 14,6% ante um ano antes. O resultado financeiro foi negativo em R$ 414,6 milhões, 135,4% maior do que um ano antes, acompanhando o salto nas despesas com juros e o efeito não caixa da apreciação do dólar sobre a dívida e moeda estrangeira. 

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 17,75, +4,04%; VALE5, R$ 14,40, +2,64%) e siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 5,06, +16,59%), Usiminas (USIM5, R$ 2,93, +5,40%) e Gerdau (GGBR4, R$ 5,88, +8,29%) subiram em meio à euforia do mercado e depois de dados melhores da China, embora ainda sinalize contração. 

O índice gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) chinês, divulgado no domingo à noite, foi para 48,3 pontos em outubro, de 47,2, tendo superado expectativas do mercado, de 47,6, segundo projeções da Bloomberg.

No caso das siderúrgicas, o movimento foi mais acentuado, aumentando os rumores de que a disparada pode ter ocorrido por conta de um short squeeze nos papéis, principalmente no caso de CSN e Usiminas. Para a primeira, segundo dados da mesa de BTC da XP Investimentos, eram 10,67% de papéis alugados em relação ao que estava em circulação no mercado, enquanto no caso da Usiminas eram 17,81%.

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(Com Reuters)