Dólar cai quase 5% e tem maior queda semanal em 4 anos com “ajuda” do Fed

Banco central americano reforçou as expectativas de especialistas que a alta de juros deve ocorrer apenas em 2016 e fez o dólar recuar contra as principais divisas do mundo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Para os investidores temerosos com a recente disparada do dólar, a semana que se encerra foi marcada pela forte queda da moeda norte-americana, que recuou 4,74% em cinco pregões, atingindo sua maior queda semana desde dezembro de 2011. Com isso, o dólar fechou cotado a R$ 3,7581 na compra e R$ 3,7588 na venda, menor valor desde o início de setembro.

O principal fator que sustentou as perdas nesta semana está relacionado às expectativas de que o Federal Reserve deve postergar a elevação dos juros nos EUA para 2016. Segundo a equipe do Bradesco, a ata do Fomc divulgada na quinta-feira reforçou esta ideia e ajudou a enfraquecer o dólar contra as principais moedas do mundo. Os analistas destacam que a agenda fraca no Brasil também colaborou para o desempenho da moeda.

A ata da reunião de setembro do Fed mostrou que acredita que a economia estava próxima de justificar aumento de juros em setembro, mas integrantes decidiram que era prudente esperar por evidências de que a desaceleração da economia global não está tirando os EUA dos trilhos. A perspectiva de manutenção dos juros quase zerados nos EUA sustenta a atratividade de investimentos em países emergentes, que oferecem taxas mais altas.

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“A maior parte do movimento pode ser atribuída a motivos globais. O real foi fortalecido com o aumento do apetite por risco com as sinalizações do Fed quanto aos juros. Soma-se a isso que o real teve um desempenho bem pior do que o das outras moedas locais”, afirmou o economista do Banco Votorantim, Carlos Lopes. Segundo ele, o adiamento do voto dos vetos de Dilma para novembro acabou tirando da pauta uma questão que trazia pressão para o mercado, ajudando na queda da semana.

Apesar da forte queda dos últimos dias, o dólar ainda acumula alta de 40% contra o real em 2015, a maior dentre as principais moedas do mundo. Segue pesando no cenário doméstico os riscos de um impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e também de um possível corte de rating do País.

Mesmo com os riscos, o Banco Central voltou a ressaltar na quinta-feira que vai atuar quando for preciso. O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, afirmou que o BC irá intervir no câmbio para conter excesso de volatilidade, assinalando que qualquer ação tomada será independente, buscando dar funcionalidade ao mercado.

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Para a próxima semana, especialistas acreditam que a moeda não deva seguir o forte desempenho de queda. “Meu palpite é que a questão global já corrigiu bastante na semana. Acho que o dólar deve dar uma estabilizada na próxima semana”, concluiu Lopes.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.