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SÃO PAULO – Se o banco francês Société Générale já era uma das instituições mais pessimistas sobre as projeções do real, o cenário que se desenha pode ser de uma deterioração da moeda nacional ainda maior do que a projetada anteriormente, com o dólar podendo chegar a impensáveis R$ 5,00 caso a crise política se intensifique.
É o que avaliou o diretor de equipe de mercados emergentes do banco, Bernd Berg, em entrevista ao jornal O Globo. Vale ressaltar que, um dia após o rebaixamento do Brasil para “junk” pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, em 9 de setembro, o Société afirmou esperar que o dólar chegasse a R$ 4,40 nas oito semanas seguintes.
De acordo com Berg, a disparada do real será desencadeada pelo iminente rebaixamento da nota soberana por uma das outras grandes agências de classificação de risco: a Fitch Ratings e/ou a Moody’s. Na semana passada, rumores de que elas iriam rebaixar a nota do Brasil já repercutiram na nota.
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Ao comentar sobre o novo pacote fiscal, Berg afirmou que “dá para ver que o governo está em pânico, tentando evitar um segundo downgrade” porque sabe que isso resultará em uma grande saída de capitais do país. “Mas eu sou cético quanto à aprovação dessas novas medidas no Congresso, sobretudo da CPMF. Então, vejo pouco efeito prático nesse pacote”, afirmou.
Ao ser perguntado sobre se o dólar poderá bater os R$ 5,00, ele afirmou que o momento é negativo para o mercado de moedas emergentes e que essa situação piorará nas próximas semanas. Berg ressalta que o Fed adiou mais uma vez a alta de juros e que isso pode gerar um certo alívio, mas permanece a incerteza quanto à elevação, enquanto os dados da China continuam se deteriorando. Ele destaca ainda que as próximas semanas serão de muita turbulência e o real é a moeda mais vulnerável hoje.
“Então, repito que é possível vermos o câmbio em R$ 4,40 a curto prazo. Já o dólar a R$ 5 é, sim, uma possibilidade para o fim do ano, se virmos uma intensificação da crise política”, afirma. Ele ressalta que hoje a situação política é muito turbulenta e que os investidores internacionais, hoje, não têm confiança no governo.
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