Dólar salta 2,68% e vai a R$ 3,86, com temores políticos internos e juros nos EUA

A moeda norte-americana saltou 2,68%, a R$ 3,8605 na venda, maior cotação de fechamento desde 23 de outubro de 2002 (R$ 3,915)

Reuters

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SÃO PAULO – O dólar fechou em alta superior a 2,5 por cento nesta sexta-feira, renovando a máxima em 13 anos, em meio às persistentes incertezas envolvendo o cenário político e econômico interno e após os dados sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçarem visões de que os juros podem subir neste ano na maior economia do mundo.

A moeda norte-americana saltou 2,68 por cento, a 3,8605 reais na venda, maior cotação de fechamento desde 23 de outubro de 2002 (3,915 reais). Na semana, o dólar subiu 7,68 por cento.

Na máxima desta da sessão, a moeda norte-americana foi a 3,8625 reais, maior patamar intradia desde 24 de outubro de 2002 (3,900 reais). Foi em outubro daquele ano que o dólar atingiu sua máxima histórica diante o real, de 3,990 reais, no fechamento do dia 10.

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“Estamos com cenário interno muito conturbado e o externo também não ajuda, com os problemas vindos da China e alguns sinais de melhora da economia dos Estados Unidos”, disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues, acrescentando que, na sua visão, o dólar manterá a tendência de alta.

Pouco após a abertura dos negócios, foram divulgados indicadores do mercado de trabalho dos Estados Unidos que mostraram desaceleração do crescimento do emprego no mês passado. No entanto, os dados de junho e julho foram revisados para cima, o que pode influenciar o Federal Reserve, banco central dos EUA, a elevar a taxa de juros em breve.

“Os investidores gostaram das revisões… Estes números reforçam as expectativas de aumento de juros ainda para este mês por parte do Fed”, escreveu o operador de câmbio da Correparti Corretora Jefferson Luiz Rugik, em nota a clientes.

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Juros mais elevados nos EUA podem atrair para aquela economia recursos atualmente investidos em outros países, como o Brasil.

No Brasil, os investidores também continuaram de olho no cenário político e econômico conturbado. Na véspera, o vice-presidente Michel Temer afirmou, em encontro com empresários, que considera difícil a presidente Dilma Rousseff concluir o atual mandato se a popularidade dela continuar muito baixa, alimentando visões de que o governo está com a base cada vez mais fraca.

Na véspera, o governo fez esforço concentrado para demonstrar que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, segue na condução da economia do país, apesar de intensas especulações de perda de espaço e de que ele deixaria o cargo.

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“O mercado arrefeceu ontem depois da notícia que o ministro Levy fica, mas ainda permanece esse ranço, essa preocupação de até que ponto isso é verdade”, disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora Reginaldo Galhardo.

O fim de semana prolongado, com os mercados fechados no Brasil e nos EUA na segunda-feira devido a feriados nos dois países, também ajudaram a manter os investidores cautelosos nesta sessão.

Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 9,45 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence em outubro. Ao todo, o BC já rolou 1,823 bilhão de dólares, ou cerca de 19 por cento do total de 9,458 bilhões de dólares e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote até o final deste mês.

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