Ibovespa tem queda após rebaixamento do rating do Brasil; dólar e DIs disparam

S&P tira grau de investimento do País e pega mercado de surpresa, trazendo pessimismo para os investidores

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em forte queda nesta quinta-feira (10) depois do rebaixamento do rating do Brasil de “BBB-” para “BB+” pela Standard & Poor’s, tornando-se a primeira agência a tirar o grau de investimento do País. Para que a perda se confirme e o Brasil passe para o grau especulativo, é preciso mais um rebaixamento por outra agência. Muitos analistas destacaram a importância do rebaixamento pela surpresa do timing e da mudança da perspectiva para negativa. 

Às 10h46 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira caía 1,27%, a 46.066 pontos. Já o o dólar comercial sobe 1,57% a R$ 3,8590 na venda, ao mesmo tempo em que o dólar futuro para outubro disparava 1,89% a R$ 3,879. A Nomura disse que a previsão de dólar a R$ 4,00 no fim do ano já é otimista diante da recente notícia do corte da nota de crédito. O Banco Central anunciou leilão de linha às 9h55 para deter a alta do câmbio. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subia 39 pontos-base a 15,22%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 disparava 41 pbs a 15,06%.

Com o corte do rating, o CDS (Credit Defaul Swap) do Brasil, que é o seguro contra calote dos títulos da dívida brasileiros, sobe 14,6 pontos-base, a 386,68 pontos. Assim, o CDS atinge o seu maior patamar desde 10 de março de 2009.

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Destaques de ações
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 9,47, -2,17%; PETR4, R$ 8,11, -3,34%), operam entre as maiores quedas do pregão. Segundo a equipe de análise da XP Investimentos, a petroleira também deve perder o grau de investimentos no curto prazo. Aliado a isso, como o dólar está em tendência de alta e a companhia possui 73,5% da dívida atrelada a moeda estrangeira, a probabilidade é grande do nível de alavancagem da companhia superar as 5 vezes do múltiplo Dívida Líquida/Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações) no 3º trimestre de 2015. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 GOLL4 GOL PN N2 4,27 -5,53
 BBAS3 BRASIL ON EDJ 16,38 -4,49
 RUMO3 RUMO LOG ON 7,29 -4,46
 OIBR4 OI PN 2,36 -4,45
 BRML3 BR MALLS PAR ON 11,41 -3,79

As ações de bancos como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,33, -2,52%), Bradesco (BBDC3, R$ 24,20, -2,97%; BBDC4, R$ 22,57, -2,51%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,38, -4,49%) recuam forte também por conta do corte de rating. Vale lembrar que o setor financeiro é o de maior peso na carteira teórica do Ibovespa. Somados, os bancos valem por 22% do índice. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 EMBR3 EMBRAER ON 23,82 +2,28
 VALE3 VALE ON 19,47 +2,15
 JBSS3 JBS ON 16,39 +1,99
 FIBR3 FIBRIA ON 54,15 +1,40
 VALE5 VALE PNA 15,55 +1,24

Entre as altas estavam as ações de exportadoras de papel e celulose como Fibria (FIBR3, R$ 54,35, +1,78%) e Suzano (SUZB5, R$ 19,05, +1,17%), que se beneficiam da alta do dólar por possuírem suas receitas denominadas na moeda estrangeira. 

Mais notícias no radar
Com tantas notícias sobre o rating, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) relativa à última reunião, na qual a taxa Selic foi mantida em 14,25% ao ano, acabou ficando em segundo plano. Na ata da última reunião do Copom, o BC disse que a política monetária tem de manter vigilância diante de maior prêmio de risco. No entanto, no texto, a autoridade monetária apontou que o cenário de convergência da inflação a 4,5% pelo IPCA no final de 2016 tem se mantido. A expectativa pela ata é de manutenção da Selic em 14,25% pelos próximos meses. 

Outra notícia que ficou fora do radar é o avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,22% em agosto, contra alta de 0,62% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. No acumulado de 12 meses até agosto, o IPCA subiu 9,53% no mês passado, mostrando ligeira queda ante os 9,56% de julho. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,23% em agosto, acumulando em 12 meses avanço de 9,56%.

Indicadores dos EUA
Já nos Estados Unidos, os novos pedidos de auxílio-desemprego caíram 6 mil na semana encerrada em 5 de setembro, para 275 mil, após ajustes sazonais, informou o Departamento do Trabalho. O indicador é mais um sinal de saúde em geral do mercado de trabalho do país. O número veio em linha com a previsão dos economistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Os pedidos de seguro-desemprego na semana anterior foram revisados, de 282 mil antes informados para 281 mil. O Departamento do Trabalho disse que não havia fatores especiais afetando os dados mais recentes.

Enquanto isso, o índice de preços dos produtos importados pelos EUA caiu 1,8% em agosto ante julho, segundo números do Departamento do Comércio, registrando a maior queda desde janeiro, em um sinal de que a tendência de força do dólar e a fraqueza nos preços do petróleo seguem contendo a inflação. Analistas pesquisados pelo Wall Street Journal previam uma diminuição ligeiramente menor, de 1,7%. O resultado de agosto foi influenciado principalmente por uma queda de 13,3% no preço dos combustíveis importados, também a maior desde janeiro.

Cenário externo
Os mercados acionários asiáticos caíram nesta quinta-feira após dados econômicos fracos da China e Japão ampliarem temores sobre o enfraquecimento do crescimento global, minando o apetite dos investidores por ativos de risco.

Os riscos globais foram destacados nos dados desta quinta-feira. A inflação ao consumidor chinês em agosto acelerou, mas os preços ao produtor caíram pelo 42º mês consecutivo, no sinal mais recente de que a deflação permanece como um risco significativo para a segunda maior economia do mundo.

O indicador que mede o Índice de preços ao consumidor subiu 2% em agosto na comparação anual, acima da expectativa de avanço de 1,9%. Na outra ponta, o Índice de Preços ao Produtor recuou 5,9% em agosto, na comparação anual e 0,8% na comparação mensal. Os analistas aguardavam queda de 5,6% em agosto 2015 ante agosto 2014. 

Já o investimento estrangeiro direto cresceu 9,2% na comparação anual.

Além disso, uma importante medida de gastos de capital do Japão caiu inesperadamente pelo segundo mês seguido em julho, sinalizando que a economia está lutando para voltar aos trilhos após contrair no segundo trimestre.

Com as preocupações na Ásia e um aumento dos juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos mais próximo devido à forte criação de emprego mostrada pelo relatório JOLTS de ontem, as bolsas europeias recuam entre 1% e 1,51%. Os futuros dos índices Dow Jones e S&P 500 caem 0,37% a 16.211 pontos e 0,36% a 1.935 pontos respectivamente. 

Na Europa, o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu hoje manter a taxa básica de juros na mínima histórica de 0,5% e o programa de compra de ativos em 375 bilhões de libras, após reunião de política monetária nesta quinta-feira, conforme previsto por analistas.

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