Ibovespa sobe 1,5% e dólar atinge alta de 10% em julho, cotado a R$ 3,42

Apesar da alta desta sexta-feira, índice não deve se salvar no mês; dólar dispara após indicador nos EUA e caminha para fechar na maior alta mensal desde março

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa ganha força na tarde desta sexta-feira (31) e passa a subir 1,5%, se descolando das bolsas no exterior. Às 14h25 (horário de Brasília), o índice tinha alta de 1,46%, aos 50.627 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial subia 1,62%, atingindo os R$ 3,4252 na compra e R$ 3,4257 na venda após o resultado do PMI de Chicago.

O indicador subiu em julho para o nível mais alto desde janeiro, sugerindo uma grande captação de negócios durante o verão. O índice subiu para 54,7 pontos em julho, ante 49,4 em junho. O dólar comercial caminha para uma alta de mais de 10% no mês, na maior valorização desde março.

Segundo o economista da Elite Corretora, Hersz Ferman, o dia hoje é mais um de repique, o que aparece com clareza pelas altas de ações que caíram muito nas últimas duas semanas como Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4). Além disso, a forte depreciação do câmbio também ajuda, já que deixa o Ibovespa em dólar mais barato e ajuda operacionalmente diversas empresas que possuem receitas denominadas nesta moeda. “Você pode pegar a Gol  (GOLL4) por exemplo, que fica muito prejudicada por ter despesas nesta divisa, e alguns outros papéis, mas para a grande maioria das empresas, parte da receita fica em dólar. “São poucas aquelas em que o dólar fica pesando”, explica.

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Déficit e corte na Educação
Na noite de ontem foi anunciado um corte de R$ 1 bilhão para a Educação e outros quase R$ 1,2 bilhão em recursos da Saúde. As medidas fazem parte de um contingenciamento adicional de R$ 8,6 bilhões anunciado na semana passada. Também sofreram pesada restrição de gastos os ministérios das Cidades (R$ 1,3 bilhão) e dos Transportes (R$ 875 milhões), em medidas que irão afetar programas de educação, investimentos em infraestrutura e gastos de custeio.

Divulgado pelo Banco Central, o setor público registrou um déficit primário consolidado de R$ 9,323 bilhões em junho, ante estimativa de R$ 5,4 bilhões. O Governo Central e as empresas estatais apresentaram déficits respectivos de R$ 8,6 bilhões e R$ 813 milhões, e os governos regionais, superavit de R$ 56 milhões. Em maio, o déficit do setor público consolidado somou R$ 6,900 bilhões e, em junho de 2014, déficit de R$ 2,100 bilhões.

No ano, o superávit primário acumulado é de R$16,2 bilhões, ante superávit de R$ 29,4 bilhões no mesmo período de 2014. No acumulado em doze meses, registrou-se déficit primário de R$45,7 bilhões (0,80% do PIB), comparativamente a deficit de R38,5 bilhões (0,68% do PIB) em maio.

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Agenda nos EUA
Enquanto isso, o índice de custo do emprego dos Estados Unidos cresceu no ritmo mais lento em quase três décadas no segundo trimestre, um sinal de que o crescimento nos salários continua fraco no país. O resultado pode pesar na decisão do Federal Reserve, o banco central norte-americano, de elevar os juros mais adiante. O índice de custo do emprego avançou 0,2% no segundo trimestre ante o primeiro, após ajustes sazonais.

O sentimento do consumidor caiu para 93,1 em julho, ante um resultado de 96,1 em junho, de acordo com relatórios da Universidade de Michigan divulgados nesta sexta-feira. A leitura preliminar de julho apontava para 93,3. Os economistas olham para o indicador procurando pistas sobre os gastos dos consumidores, a espinha dorsal da economia.

Destaques de ações
A sessão desta sexta-feira é marcada pelas ações que refletem seus balanços, caso da BRF (BRFS3, R$ 71,48, +3,46%), que fica entre as maiores altas do dia. A companhia divulgou que seu lucro líquido teve alta de 46,6%, passando de R$ 249 milhões no segundo trimestre de 2014 para R$ 364 milhões de abril a junho deste ano. A geração de caixa medida pelo Ebitda avançou 43,6%, passando de R$ 906 milhões de abril a junho do ano passado para R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre deste ano.

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Na liderança do índice também aparecem os papéis da Braskem (BRKM5, R$ 12,58, +9,68%), que disparam 10% após a Petrobras afirmar que não reconhece as perdas de R$ 6 bilhões em contratos com a petroquímica. Na sexta-feira passada, o Ministério Público Federal afirmou que a estatal teve um prejuízo de R$ 6 bilhões entre 2009 e 2014 com a venda de nafta para a petroquímica do grupo Odebrecht.

O minério de ferro spot no porto de Qingdao caiu 4%, a US$ 53,41. Mesmo assim, a Vale (VALE3, R$ 17,85, +2,29%; VALE5, R$ 14,58, +1,18%) sobe 2% hoje, depois de cair 5% no último pregão em um movimento considerado estranho por diversos analistas. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 BRKM5 BRASKEM PNA 12,58 +9,68
 EMBR3 EMBRAER ON 23,66 +5,16
 MRVE3 MRV ON 7,69 +3,92
 CYRE3 CYRELA REALT ON 9,32 +3,90
 GOAU4 GERDAU MET PN 3,48 +3,88

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 RUMO3 RUMO LOG ON 0,92 -4,17
 ESTC3 ESTACIO PART ON 14,37 -3,94
 LREN3 LOJAS RENNER ON 108,37 -1,98
 GOLL4 GOL PN N2 5,68 -1,39
 BRPR3 BR PROPERT ON 11,41 -1,13


Mercado asiático
Na Ásia, o índice das principais ações da região com exceção do Japão avançava nesta sexta-feira, mas ainda caminhava para fechar julho em queda, pressionado pela bolsa chinesa, que marcou o maior recuo mensal em seis anos. O índice MSCI de ações regionais subia 0,29%, mas acumulava perdas de cerca de 5,9% para o mês.

O órgão regulador dos mercados de capitais chineses disse que está investigando o impacto de operações automatizadas no mercado e que restringiu 24 contas em que foram detectadas ofertas anormais por ações ou cancelamentos de ofertas. O índice japonês Nikkei encerrou em alta, levando os ganhos em julho para 1,4% e tornando-se o único mercado asiático, excluindo Austrália e Nova Zelândia, a encerrar o mês em terreno positivo.

Enquanto isso, o dia é de leves perdas e ganhos para as bolsas europeias em meio à volatilidade das ações chinesas, resultados corporativos e a queda do preço de commodities. O minério de ferro caiu 4% só hoje, a US$ 53,41.

Na Grécia, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse nesta sexta-feira que nunca teve a intenção de tirar seu país da zona do euro, mas que realmente pediu ao seu então ministro das Finanças para preparar um plano de contingência, no caso de que o país se visse forçado a dar esse passo.

“Claro, obviamente, eu ordenei pessoalmente a [o ex-ministro das Finanças Yannis] Varoufakis que organizasse uma equipe para gerenciar uma situação de emergência”, afirmou ele aos congressistas, no Parlamento em Atenas. Tsipras disse que o governo tinha a obrigação de se preparar para a ameaça de uma saída.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.