Entenda por que um suposto comentário de Obama fez o dólar cair mais de 1% hoje

Moeda encerrou a sessão com queda de 1,29%, a R$ 3,1099 na venda

Paula Barra

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SÃO PAULO – O dólar apresentou forte queda nesta segunda-feira, encerrando a sessão com desvalorização de 1,29%, levando a moeda brasileira a de melhor desempenho dentre as principais divisas nesta sessão. Com a queda, a moeda é cotada a R$ 3,1099 na venda.

O movimento ocorre após um membro da comitiva francesa no G7 comentar que Obama acredita que o dólar forte é um problema. A queda é limitada após a Casa Branca negar que a moeda forte seja um problema. Neste pregão, o dollar index – que mede a variação da moeda americana em relação a uma cesta de moedas – recuava, enquanto o euro avançava. 

O possível comentário de Obama veio depois da última ata do Fomc, na qual muitos membros do Federal Reserve, banco central americano, disseram que o dólar forte deverá restringir o crescimento. No final de março, Jason Furman (presidente do Conselho Econômico da Casa Branca) comentou que o dólar forte e o fraco crescimento global são ventos contrários à economia dos Estados Unidos.  

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Além disso, a moeda recua depois de relatórios da OCDE e Fundo Monetário Internacional, que reduziram em torno de 1 ponto percentual a projeção para o crescimento dos EUA em 2015 e 2016 e após Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, pedir para que os EUA adie a alta de juros para 2016. 

Ou seja, questões sobre o ritmo de crescimento dos EUA e possível nova queda do petróleo elevam as dúvidas sobre quando e em qual ritmo os EUA irão elevar os juros, comentou o diretor de câmbio José Faria Júnior, da Wagner Investimentos. Hoje, o petróleo recua após a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) confirmar na sexta-feira a manutenção das cotas atuais. “Esse movimento do cartel manterá larga oferta em meio a redução do consumo (como a China) e pode pesar novamente no preço”, comentou. Recentemente, o Goldman Sachs revisou sua projeção para o preço do petróleo WTI, negociado no Texas, estimando que voltará a US$ 45 após o verão. “Um fato que, se confirmado, pesará na inflação novamente”.

No Brasil, investidores aguardam ainda a divulgação, na quinta-feira, da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual o Banco Central pode sinalizar o futuro da Selic, após elevá-la a 13,75% na semana passada e deixar a porta aberta para mais altas no curto prazo.

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Para Faria Júnior, o dólar seguirá em ambiente de alta volatilidade por um tempo, aguardando reunião do Fed, acordo da Grécia e as votações no Congresso nacional, como o fim dos subsídios para pagamentos de encargos trabalhistas. Entretanto, “nada mudou e, por sermos uma moeda de commodities e com a China fraca, não devemos ficar muito animados”, comentou.

Segundo ele, o dólar deve trabalhar nos próximos dias entre uma faixa de R$ 0,05 para baixo ou para cima do patamar de R$ 3,147 e qualquer correção dentro dessa faixa pode ser interpretada como uma oportunidade de compra.