Totvs: JPMorgan vê catalisadores limitados, rebaixa TOTS3 e ações caem forte

Tese de longo prazo ainda é positiva para nome mas banco aconselha aguardar por ponto de entrada melhor

Camille Bocanegra

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A Totvs (TOTS3) foi rebaixada pelo JPMorgan para recomendação “neutra”, da anterior classificação de compra. A companhia teve seu preço alvo reduzido de R$ 40 para R$ 36. A motivação para o corte foram estimativas mais baixas em uma das frentes da empresa de tecnologia, o segmento Gestão. A análise considera que é momento de aguardar para “ponto de entrada melhor” para o nome, ainda que considere a tese positiva no longo prazo. Com isso, na sessão desta terça, os papéis da TOTS3 caíram 5,79%, a R$ 28,49.

Os resultados da companhia, divulgados em 7 de fevereiro, vieram abaixo do esperado no quarto trimestre de 2023 e as ações caíram quase 10%. Apesar de analistas considerarem oportunidade para o nome, alguns relatórios antecipavam a provável revisão de estimativas para Totvs.

No caso do JPMorgan, a revisão resultou em corte de 7% no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para fim de 2024 e redução em 9% da projeção de lucro ajustado. As perspectivas de lucratividade da frente foram reduzidas considerando as tendências mais difíceis do 4º trimestre.

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Para o JPMorgan, há pouco espaço para surpresas positivas na expansão da receita recorrente anual da Gestão porque as comparações seriam muito fortes. O 4º trimestre foi marcado pela renegociação de contratos de nuvem e o 1º trimestre de 2023 foi beneficiado por efeito forte de clientes sob licença corporativa. Assim, de acordo com o relatório, é pouco provável que algum evento dessa natureza se repita neste período.

O banco destaca também que, para o curto prazo, há risco limitado de aumento no ritmo de crescimento de software. Esse é um dos considerados “catalisadores limitados” para o papel nos próximos trimestres, de acordo com a análise. Além disso, a frente JV TechFin, voltada para serviços financeiros, deve mostrar seus primeiros resultados de novos produtos apenas no 2º semestre. O Ebitda para TechFin deve ser negativo no 1º semestre de 2024, com resultados fracos. Os custos aumentados da JV (joint venture) não devem encontrar receitas incrementais para amortizá-los, de acordo com o JPMorgan.

Em conclusão, a avaliação para o nome é vista com sentimentos mistos. Embora seja considerada cara por negociar a 23 vezes o preço sobre lucro para fim de 2024, é vista com potencial de valorização considerando pelo negócio TechFin. O banco vê como positiva a participação da JV TechFin com o Itaú e entende que a iniciativa até poderia ser um ponto de virada para a Totvs. Isso, no entanto, deve levar vários trimestres para que o potencial da frente fique mais claro. .

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“Ainda gostamos do caso de longo prazo da Totvs e da mistura de defensividade nos negócios de ERP (Enterprise Resource Planning, sistema de gestão da companhia), com o potencial de valorização da JV TechFin, enquanto recomendamos aos investidores que esperem por um ponto de entrada melhor”, análise o relatório.