Conteúdo editorial apoiado por

Juíza de Delaware anula acordo de remuneração de US$ 247 bilhões de Elon Musk com Tesla

Plano de pagamento seria o maior de uma empresa americana a um acionista

Iuri Santos

Publicidade

A decisão de uma juíza do estado de Delaware, nos Estados Unidos, pode impactar a fortuna de um dos homens mais ricos do mundo. Na última terça-feira, a magistrada Kathaleen McCormick rejeitou um plano de pagamento de US$ 50 bilhões (R$ 247 bilhões) determinado pelo conselho da Tesla para Elon Musk em 2018. A decisão reacende questionamentos sobre a independência do conselho da fabricante de veículos elétricos em meio a uma perspectiva de redução em seu crescimento.

O acordo revogado pela juíza, visto com ceticismo à época de sua aprovação, seria o maior pacote de remuneração a um executivo já feito por uma empresa dos Estados Unidos.

Segundo o Financial Times, a engenharia do acordo dependia do atingimento de metas relacionadas ao crescimento de lucros, receitas e capitalização da empresa. Foram estabelecidas 16 metas diferentes e caso o bilionário conseguisse atingir 12 delas, o bilionário teria a opção de compra de cerca de 10% das ações da empresa — o equivalente a aproximadamente US$ 50 bilhões pelo preço das ações hoje.

Continua depois da publicidade

Musk poderia exercer a opção de compra de aproximadamente 304 milhões de ações pelo preço de US$ 23,33 a ação, hoje avaliada, no dia da decisão, a US$ 191,59, aponta a Reuters.

A decisão acolhe a queixa do acionista Richard J. Tornetta, apresentada em nome de todos os acionistas da companhia. De acordo com a Reuters, os advogados que representam a causa afirmaram que o conselho deixou de dizer aos acionistas que as metas eram mais fáceis de serem alcançadas do que a empresa estava reconhecendo.

Os advogados de Tornetta afirmaram que o conselho da Tesla nunca disse aos acionistas que as metas eram mais fáceis de serem alcançadas do que a empresa estava e que as projeções internas mostravam que Musk se qualificaria rapidamente para receber grande parte do pacote de remuneração.

Continua depois da publicidade

Uma das justificativas do conselho para ofertar o pacote ao executivo seria a o receio de que ele voltasse suas atenções a empreitadas como a sua empresa de exploração espacial SpaceX ou outras empreitadas, afirma o Financial Times. Segundo a publicação, no entanto, a independência do conselho junto à Musk tem sido um problema de longo prazo e os atuais membros são incapazes de frear os rompantes polêmicos do excêntrico CEO .

A decisão da juíza pontua, inclusive, diretores do conselho como Kimbal Musk, irmão do executivo-chefe, e James Murdoch, filho do empresário Rupert Murdoch, como membros sem independência em função de sua relação pessoal com Elon Musk. Também são mencionados Robyn Denholm e Ira Ehrenpreis

“Envolvido pela retórica do ‘all upside‘, ou talvez com os olhos arregalados pelo apelo de superstar de Musk, o conselho nunca fez a pergunta de 55,8 bilhões de dólares: o plano (de remuneração) era mesmo necessário para que a Tesla mantivesse Musk e atingisse seus objetivos?”, escreveu a juíza Kathaleen McCormick em sua decisão.

Continua depois da publicidade

Até agora, Musk não exerceu nenhuma de suas opções de compra. Segundo a Bloomberg, ele tem o direito de exercê-las a qualquer momento, com o único impeditivo de não poder vender as ações pelos próximos cinco anos — com exceção de vender o suficiente apenas para cobrir obrigações fiscais e custos de exercício.

A Tesla ainda tem direito a recorrer da decisão. Também de acordo com a Bloomberg, caso a companhia recorra, as opções de compra devem permanecer inalteradas até o fim do processo. Caso aceite a rejeição do plano, as opções provavelmente serão anuladas já que se trata de um instrumento financeiro, sem movimentação de dinheiro ou ações até que seja exercida.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.