Relatório destaca Brasil em recursos hídricos e alimentos, mas alerta sobre desigualdade

Estudo “Futuro do Crescimento”, da Fundação Dom Cabral, em parceria com o Fórum Econômico Mundial, deu nota zero para o país em igualdade econômica e polarização política

Roberto de Lira

Publicidade

O relatório global “Futuro do Crescimento”, divulgado nesta quarta-feira (17) pela Fundação Dom Cabral, em parceria com o Fórum Econômico Mundial, mostrou que o Brasil tirou nota máxima em termos de recursos hídricos e em concentração de oferta de alimentos, mas ficou devendo em indicadores como capital aportado em tecnologia. Além disso, marcou zero em igualdade econômica e em termos de polarização política.

O Fórum Econômico publica seu Relatório de Competitividade Global desde 1979, mas devido ao ambiente de incerteza do mundo atual, marcado por crises climáticas, tecnológicas, econômicas e políticas, aderiu a uma iniciativa mais focada na qualidade do crescimento, sem a apresentação de um ranking de países.

A proposta do novo relatório busca entender a natureza e a direção do crescimento econômico, indo além da tradicional classificação. Para isso, houve redução dos 12 pilares acompanhados antes para apenas 4: inovação, inclusão, sustentabilidade e resiliência, refletindo um enfoque no crescimento econômico. No estudo deste ano, 107 nações foram acompanhadas.

Continua depois da publicidade

As médias mundiais nos pilares analisados ficaram em torno de 50, indicando um grande espaço para crescimento e desenvolvimento, segundo a Dom Cabral. “Nesse sentido, os países devem se dedicar ao fortalecimento de suas economias, investindo em inovação, políticas inclusivas, práticas sustentáveis e na resistência de seus sistemas econômicos”, diz em comunicado.

Dentro da média

No relatório, o Brasil, com PIB per capita de US$ 16.402 (cerca de R$ 81.000), é considerado como um país do grupo de renda média alta. Com uma variação média de 1,22% na evolução do PIB no período de 2018 a 2023, em termos de qualidade desse crescimento o país obteve pontuações de 41,8 em Inovação, 55,3 em Inclusão, 55 em Sustentabilidade e 52 em Resiliência.

“Esses resultados não destoam muito da média mundial, porém devem ser aprimorados, por meio de políticas públicas e estratégias organizacionais que aderecem os principais desafios atuais, para potencializar o crescimento sustentável diante de novas tendências emergentes no âmbito tecnológico, social e político”, diz a Dom Cabral

Continua depois da publicidade

O Brasil destaca-se positivamente em recursos hídricos e produção agrícola, ambos com nota 100, conferindo-lhe resiliência a eventos que afetam esses suprimentos essenciais. Mas o relatório do Futuro do Crescimento identifica barreiras de inclusão no Brasil, destacando a necessidade de maior distribuição de riqueza, renda e acesso a serviços financeiros.

Em inovação, o Brasil recebeu nota de 41,81, abaixo da média mundial de 45,2; em inclusão, a nota de 55,3 também ficou aquém da média de 55,9; em sustentabilidade, o país está melhor posicionado, conta nota de 55,9, acima da média de 46,8, e até próximo da líder Suécia, que teve nota de 62,87; em resiliência, a nota de 51,98 deixou o Brasil praticamente na média mundial de 52,8.