Haddad ganha força como possível ministro da Fazenda de Lula

Também cresce nos bancos de apostas possível "dobradinha" com Pérsio Arida no comando do Ministério do Planejamento

Marcos Mortari

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abraça o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad durante evento de campanha com evangélicos (Foto: Ricardo Stuckert)

Publicidade

O nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) ganhou força e hoje é visto como favorito na disputa pelo comando do Ministério da Fazenda no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Haddad não é o predileto de agentes econômicos, sobretudo do mercado financeiro, mas conta com ampla confiança de Lula.

Além disso, ele se enquadra no perfil político, e não de figura eminentemente técnica, desejado pelo mandatário para a posição – embora no mundo político também haja ceticismo sobre sua capacidade de articulação no Congresso Nacional.

Continua depois da publicidade

Haddad cresceu ainda mais nos bancos de aposta na semana passada, quando viajou com o presidente eleito para o Egito, onde os dois participaram da COP 27, a conferência do clima das Nações Unidas, e para Portugal.

Nos últimos dias, surgiram especulações sobre uma possível “dobradinha” no próximo governo Lula, com Haddad ocupando a Fazenda e Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Caso o cenário se confirme, uma ideia que circula seria de anunciar os dois nomes ao mesmo tempo, de modo a evitar uma reação do mercado financeiro, já que Pérsio Arida guarda estima entre investidores e gestores pelo perfil fiscalista e o por carregar no currículo o título de um dos pais do Plano Real.

Continua depois da publicidade

Arida foi trazido pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) para o grupo de trabalho da Economia da equipe de transição de governo. Os trabalhos na área são divididos com os economistas André Lara Resende, Guilherme Mello e Nelson Barbosa.

Pressionado a anunciar o nome da equipe econômica de seu governo para negociar a PEC da Transição, Lula decidiu indicar Fernando Haddad para substituí-lo no almoço anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que ocorre nesta sexta-feira (25), em São Paulo. O presidente eleito se recupera de uma cirurgia na garganta realizado no fim da semana passada.

A expectativa é que Haddad faça um discurso após abertura de Isaac Sidney, presidente da Febraban, e de exposição de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

Continua depois da publicidade

Ontem (24), o senador Jaques Wagner (PT-BA), outro nome de confiança de Lula, escalado para auxiliar nas negociações em torno da PEC da Transição, afirmou que a definição de um nome para o Ministério da Fazenda para o próximo governo poderia ajudar no avanço da matéria.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) é tida como fundamental para garantir o pagamento do Bolsa Família (programa que será retomada no lugar do Auxílio Brasil) no valor de R$ 600,00 mensais e de um adicional de R$ 150,00 a famílias com crianças de até seis anos, além de outras promessas feitas por Lula durante a campanha eleitoral.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.