CDB ou Tesouro Direto: qual é melhor?

Você quer investir em renda fixa e não sabe qual produto escolher? Entenda as características e vantagens das aplicações mais populares

Diego Lazzaris Borges

O Tesouro Direto e o CDB (Certificado de Depósito Bancário) estão entre as aplicações mais procuradas pelos investidores. Por isso, dúvidas sobre qual dos dois vale mais a pena são bem comuns entre quem está começando.

Na verdade, não há uma resposta pronta – ela depende de alguns fatores. O que vamos mostrar é como você pode escolher entre estes dois produtos da melhor maneira possível.

A ideia é apresentar em tópicos as principais características de cada um desses dois títulos. Se você já sabe tudo de renda fixa, pode passar direto para a conclusão, no tópico 8.

1. O que é Tesouro Direto e CDB?

Tanto o Tesouro Direto quanto o CDB são títulos de renda fixa. O primeiro é um título público Federal, ou seja, emitido pelo governo brasileiro. Já o segundo é um título privado, emitido pelos bancos.

2. Tipos de remuneração

As duas aplicações têm 3 tipos de remuneração diferentes. São elas:

Pós-fixada

No caso do CDB, a remuneração pós-fixada é atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). O CDI é uma taxa interbancária que varia sempre muito próxima da Selic, a taxa básica de juros.

Já o Tesouro Direto pós-fixado é comercializado sob o nome de Tesouro Selic, e sua remuneração é baseada na própria taxa básica de juros.

Prefixada

Nas aplicações com taxa prefixada o investidor sabe na hora da compra qual será o seu rendimento até o vencimento do título. Então mesmo que a Selic suba ou caia, o rendimento não vai mudar – daí o nome “prefixado”.

Mas atenção: isso só vale para quem leva a aplicação até o vencimento. Caso você precise vender o título antes do prazo vai estar sujeito às oscilações de mercado daquele título – e poderá até perder dinheiro.

“O investidor precisa estar ciente da marcação a mercado, que é a variação diária do preço de mercado deste papel. Este preço  pode oscilar conforme a expectativa de juros no futuro”, explica Leandro Santiago, assessor de investimentos da Habitus Investimentos.

Atrelada à inflação (paga uma taxa prefixada mais a inflação do período).

Neste caso, o investidor recebe uma taxa prefixa, definida na hora da compra do título, acrescida pelo índice de inflação do período. Exemplo:

Tesouro IPCA+ 2035 com rendimento de 5,5%.  
Isso quer dizer que de hoje até 2035 (ano do vencimento do título), o investidor receberá 5,5% de rendimento ao ano, acrescido pelo índice de inflação oficial do país, que é o IPCA – Índice de Preço ao Consumidor Amplo.

Assim como no título prefixado, a remuneração garantida só vale para quem leva a aplicação até o vencimento. Caso você venda o título antes do prazo vai estar sujeito às oscilações de mercado.

Também existem CDBs que pagam remuneração atrelada à inflação, mas a oferta não é tão grande.

3. Liquidez

O Tesouro Direto permite que o investidor venda seu título todos os dias úteis. Então esta é uma aplicação com alta liquidez. Mas lembre-se: apenas no caso do Tesouro Selic você poderá vender o título antes do vencimento sem risco de perder dinheiro.

No Tesouro Prefixado e no Tesouro IPCA+, apesar de poder vender a qualquer momento, o investidor precisa se atentar às condições de mercado para evitar prejuízos.

No CDB, a liquidez depende do prazo de carência do título. Existem aplicações sem carência, ou seja, que podem ser resgatadas a qualquer momento – estas são ideais para o dinheiro que ficará na sua reserva de emergência.

4. Risco (de crédito)

O Tesouro Direto é a aplicação mais segura do país do ponto de vista de risco de crédito. Isso porque ela é emitida pelo Governo Federal, que é o melhor de todos os pagadores.

Já o CDB possui risco de crédito do banco emissor. No entanto, ele tem uma espécie de “seguro” chamado Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Este fundo garante aplicações de até R$ 250 mil (por CPF e instituição financeira) em caso de falência ou intervenção do banco emissor.

Portanto, se você aplicar até este valor no CDB pode ficar tranquilo que seu dinheiro estará seguro e garantido pelo FGC.

5. Custos

Muitas corretoras de valores oferecem taxa de custódia zero para aplicação no Tesouro Direto – como a XP Investimentos, que também não cobra nada para abertura, manutenção de conta e TED.

Mas há uma taxa que não dá para fugir –  a B3 cobra 0,25% ao ano pela custódia desses títulos.

Para investir em CDB alguns bancos ou corretoras podem cobrar taxa de custódia. Então procure sempre as instituições que não cobrem taxa de custódia sobre produtos de renda fixa.

6. Como investir

Você pode aplicar no Tesouro Direto e no CDB tento por meio dos bancos quanto pelas corretoras de valores. Uma dica bem importante: nas corretoras, a oferta de produtos de renda fixa privada é muito maior e o rendimento é mais alto do que nos grandes bancos.

Então se você quer investir em CDB, a melhor opção é abrir conta em uma corretora que oferte vários produtos diferentes. Dessa forma, você poderá escolher aquele que melhor atende as suas necessidades em relação a prazo e retorno.

7. Tributação

Tanto o CDB quanto o Tesouro Direto são tributados pela tabela de investimentos de renda fixa, que começa em 22,5% e vai até 15% sobre o rendimento para prazos acima de dois anos. Veja abaixo a tabela:

Prazo do Investimento Alíquota de IR
 Até 180 dias 22,5%
 De 181 a 360 dias 20%
 De 361 a 720 dias 17,5%
 Acima de 720 dias 15%

8. CDB ou Tesouro Direto? Qual escolher?

O CDB e o Tesouro Direto são títulos de renda fixa com características parecidas. Em muitos casos, o CDB vai oferecer um retorno maior do que o Tesouro Direto.

“É natural no mercado financeiro que as aplicações respeitem uma relação risco X retorno, onde quanto maior o risco, maior será a expectativa de rendimento. E o inverso também – quanto menor o risco, menor será a expectativa de retorno. Como o Tesouro Direto possui um baixo risco, a expectativa de retorno é menor, enquanto nos CDBs se espera um rendimento mais robusto”, explica Santiago.

Se você quer montar uma reserva de emergência (se não sabe o que é isso, clique aqui) – faz pouca diferença escolher entre um CDB pós-fixado com liquidez diária (desde que ele pague ao menos 100% do CDI) e o Tesouro Selic (título pós fixado do Tesouro Direto).

As duas aplicações vão permitir retiradas sempre que você precisar. Como o Tesouro Direto tem um pequeno custo anual de 0,3%, o CDB pode ser uma opção ligeiramente melhor – principalmente se você conseguir um título que pague 101% ou até 102% do CDI. E desde que não ultrapasse aquele limite de R$ 250 mil garantido pelo FGC.

No médio prazo (2 ou 3 anos, por exemplo), aplicações prefixadas costumam ser uma boa pedida. Neste caso, o ideal é procurar aquelas que pagam um retorno maior no período – que podem estar tanto na plataforma do Tesouro Direto quanto entre os CDBs.

Já para quem busca aplicações de longo prazo, com objetivo de 10 ou mais anos, por exemplo, o Tesouro Direto oferece ótimas opções atreladas à inflação.

Este tipo de título é considerado excelente para quem investe pensando em se aposentar, porque tem vencimentos bem longos – 2035 e 2050, por exemplo. Como ele paga uma taxa fixa mais o IPCA, você sempre tem a certeza de que terá ganhos reais, independentemente de qual seja a inflação do período.

Sem contar que você tem a garantia de crédito do governo federal, o que dá mais tranquilidade para uma aplicação que vai durar tantos anos.

No final das contas, ter uma carteira balanceada de renda fixa com títulos do Tesouro Direto e CDB (além de outros produtos), com tipos de remuneração variados e vencimentos diversos costuma ser a melhor opção.

A conclusão, portanto, é que não existe aplicação melhor: você deve observar as características de cada uma, avaliar suas próprias necessidades e diversificar sua carteira de renda fixa entre produtos e emissores diferentes. Assim, com certeza seu retorno será mais consistente e seu risco estará diluído. Bons investimentos!

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip