O essencial do CV de um líder de finanças – e outras dicas para impressionar o recrutador

No Carreiras do Mercado deste mês, o convidado foi Felipe Brunieri da Assetz, uma recrutadora especializada em cargos de liderança na área de finanças

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A contratação de um líder é diferente de um profissional menos experiente. Na área de finanças, com mais anos de carreira, algumas qualificações são esperadas, como capacidade de gestão, certificados, fluência em outro idioma e mais segurança na hora de participar de uma entrevista.  

No programa Carreiras do Mercado deste mês, o convidado foi Felipe Brunieri, sócio-fundador da Assetz, uma recrutadora especializada em cargos de liderança na área de finanças. Para ver o vídeo completo, clique no player acima.

Brunieri deu algumas dicas valiosas do que avalia para impressionar os recrutadores.

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Currículo

Para um profissional que tem um cargo de gestão e está em uma empresa por muito tempo, atualizar o currículo pode ser um desafio. Segundo o especialista, o documento deve ser realizado de acordo com a área de expertise do candidato e não precisa ter só uma página.

“Aquela história de que o currículo deve ter uma página só não passa de um mito. Não concordo. Acho que o CV precisa refletir a experiência do profissional. Então, até duas páginas e meia é super aceitável. Obviamente ninguém quer ler algo muito extenso. Não envie um CV de 4 páginas”, explica.

Em relação ao material, Brunieri diz que deve estar muito bem estruturado, dividido, claro e visualmente didático. Deve conter a formação acadêmica, idiomas nos quais tem proficiência e qualquer experiência profissional ou como estudante que teve no exterior. “Não precisa colocar o que você tem de idioma básico: ‘italiano básico’, ‘japonês básico’”, diz.

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Além disso, as habilidades de informática também são importantes. “Excel, Word, o pacote office, espera-se que o profissional já tenha, então não precisa colocar no CV. O ideal é colocar algum conhecimento diferenciado em programação, um sistema específico, por exemplo”.

É importante também destacar todos os cursos da área que fez, além de certificados como CPA-20, CFA (Chartered Financial Analyst), entre outros.

A experiência profissional é muito valorizada no Brasil. “Coloque a empresa, o período que trabalhou nela e as atribuições. Se ficou por um tempo maior mostre a evolução de cargo – informando quanto tempo permaneceu em cada função e quais foram as suas responsabilidades”, diz Brunieri.

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No descritivos de cada função explique as atividades realizadas, projetos que liderou e o resultado que trouxe.

Carreira

Brunieri explica que o executivo de finanças trabalha em uma área mais técnica que a média, por isso é importante se atualizar e estudar sempre. Além disso, um ponto crucial para esse líder é a estabilidade.

“O profissional deve cumprir ciclos para deixar legado em cada uma das empresas que passa. É muito melhor ficar na mesma empresa durante 10 anos e mostrar evolução de cargos e funções, do que ficar 1 ano, seis meses em várias empresas diferentes”, afirma.

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Um tempo significativo em uma empresa é de cerca de dois anos e meio a três anos, de acordo com o especialista.

Perfil do líder de finanças

Segundo o especialista, o executivo de finanças tende a liderar pelo reconhecimento. “Ele gere seu time pelo exemplo. Fica até mais tarde quando precisa, está sempre junto da equipe. Precisa liderar por admiração [saber que as pessoas admiram seu trabalho o inspira]”, diz Brunieri.

É um líder que dificilmente organiza eventos, geralmente não é muito expansivo, mas é muito próximo da equipe. “Cobra prazo, qualidade, números. Mas vai agir nos bastidores para defender sua equipe se achar que fez por merecer”.

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Jovem profissional

A verdade é que ninguém começa sendo líder. Todo profissional que gere um equipe hoje, um dia começou como estagiário ou em posições mais básicas. Mas Brunieri acredita que a pessoa tem ou não o perfil de líder.

“Se o profissional tiver pode desenvolver mais, se não tiver tem que querer desenvolver. Leituras, participações em palestras ajudam, mas o mais importante é a experiência no dia a dia. Errar e acertar, estar abertos a feedbacks, perguntar para gestores, liderados e pares para ter uma visão fidedigna”, aconselha.

Outra dica é olhar e analisar os líderes que tem. “Tirar o melhor dos seus superiores e avaliar os pontos negativos”.  

Entrevista

Brunieri afirma que a entrevista não começa na hora da conversa, mas sim antes. “É importante se preparar para aquela conversa, estudar qual a empresa e qual a função. Por exemplo, se for uma vaga de determinada disciplina da área, como tesouraria ou operações estruturadas, o candidato não precisa gastar o discurso para outras coisas. O ideal é contar a experiência que ele teve direcionando para o que a vaga exige”, diz.

A postura durante entrevista deve ser tranquila. Ter calma para falar, olhar no olho, passar confiança para o entrevistador.

“E responder de forma sólida e consistente. Se o entrevistador fez uma pergunta mais específica sobre determinado ponto, o candidato deve aprofundar o tópico.  Além disso, mostrar interesse é fundamental. Se o recrutador abrir para perguntas, faça uma ou duas”, afirma.

A entrevista, no entanto, pode ser mais desafiadora. Há casos em que o candidato não sabe para qual empresa está se candidatando. São as chamadas vagas confidenciais.

“Isso acontece em dois casos: quando é uma posição nova na empresa, que antes ninguém ocupou ou uma substituição – quando a pessoa que vai sair não sabe disso ainda”, explica.

Na Assetz, o recrutador faz uma entrevista de 15 minutos por telefone com o candidato sem revelar nenhum detalhe, com a intenção de ver que os pré-requisitos exigidos pelo cliente são cumpridos.

“Se forem, chamo para a conversa presencial. Se o candidato aceitar a conversa, nesse momento tendo a falar da posição, do cargo que ele vai exercer, setor e momento que a empresa está, por exemplo”, conta.

Segundo ele, acontece dos candidatos nem saberem os nomes das pessoas com quem está falando para não expor absolutamente nada. “Geralmente revelamos a empresa na segunda ou terceira fase do processo seletivo”, diz.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.