Petrobras (PETR4) não traz surpresas com dados de produção; foco está nos dividendos da próxima semana

Companhia divulgou prévia operacional na véspera, com queda de cerca de 5% da produção no 2º tri; resultado e possível dividendo serão revelados dia 28

Felipe Moreira

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A Petrobras (PETR3;PETR4) reportou produção total, em média de óleo, LGN e gás natural no 2º trimestre de 2022 (2T22), de 2,65 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), um recuo de 5,1% em relação ao mesmo período de 2021 (2T21) e sobre o 1º trimestre deste ano (1T22), de acordo com prévia operacional publicada nesta quinta-feira (21).

Analistas comentaram que o relatório não trouxe grandes surpresas e, apesar do ritmo de refino, acreditam que os números estiveram em sua maioria em linha com o consenso, até mesmo porque os dados de produção são publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mensalmente, portanto, o declínio sequencial provavelmente foi parcialmente antecipado pelo mercado.

Dessa forma, Morgan Stanley e Credit Suisse apontaram que todos os olhos estarão voltados para os dividendos na próxima semana junto com o balanço, bem como nas prováveis ​​margens de refino estelares. A estatal divulga seus números do trimestre no próximo dia 28 de julho, após o fechamento do mercado.

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Bradesco BBI estima que a empresa poderia reportar um lucro antes de juors, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 85 milhões no 1T22, o que representa uma melhoria sólida em relação aos R$ 78 bilhões reportados no trimestre passado. Além disso, espera outro trimestre sólido em termos de fluxo de caixa para acionistas (FCFE) com muitos dividendos distribuídos (US$ 8,5 bilhões-11 bilhões).

Para os próximos resultados, analistas do Credit Suisse acreditam que a Petrobras pode anunciar dividendos na faixa de US$ 10 bilhões a US$ 14 bilhões em relação aos resultados trimestrais do 2T22, o que representa um dividend yield (dividendo sobre o preço da ação) de 14 a 20% em um único trimestre, a preço atual das ações. Neste ponto, os altos retornos da empresa parecem mais do que compensar os altos riscos embutidos.

Já o time de análise do Goldman vê espaço para um anúncio de dividendos de até para US$ 12 bilhões com divulgação de resultados do 2T22.

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Com relação a produção, Morgan Stanley escreveu que, embora tenha ficado amplamente alinhado com suas expectativas, o refino superou as estimativas com uma taxa de utilização acima do esperado e exportações líquidas saudáveis, já que provavelmente o banco foi excessivamente conservador à luz da política de preços mais agressiva da empresa nos últimos meses.

Na avaliação da Ativa, os resultados da Petrobras foram novamente sólido e “dão mostras sobre a capacidade de monetização que deverá registrar no 2T22. Apesar da queda na produção, os maiores preços médios realizados no trimestre devem manter a Margem Ebitda de E&P próxima à 70%”.

De negativo, analistas do Credit Suisse apontam a queda da produção de petróleo em cerca de -117 kbpd (mil barris por dia) sequencialmente, para 2,11 mpbd (milhões de barris por dia) no 2T22. “A queda é explicada principalmente pelo início do contrato de partilha de produção dos campos Atapu e Sépia, diluindo efetivamente a participação da estatal nos campos”.

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Por outro lado, a equipe de research da XP destaca que as refinarias continuaram aumentando as taxas de utilização, enquanto a participação das importações mostrou tendência divergente para diesel e gasolina. Com relação aos resultados financeiros, a XP espera mais um trimestre sólido de geração de caixa e projeta um lucro antes de juors, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 16 bilhões (7% acima do consenso de mercado).

Apesar de ficar abaixo das estimativas do Safra em 8%, a produção estava em linha com o guidance da Petrobras para 2022. O banco reitera recomendação de compra para as ações da empresa, negociadas a preços atraentes. O  preço-alvo é de R$ 38.

Goldman Sachs tem recomendação de compra para ações ordinárias e preferenciais da Petrobras, com preço-alvo de R$ 35,60 e 32,80, nesta ordem, pois continua a ver a ação oferecendo um carry trade atraente, com um dividend yield de 50% em 2022 e 45% em 2023.

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Credit Suisse mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, ou equivalente à compra) e elevou o preço-alvo para o ADR (na prática, ações negociadas nos EUA) de US$ 17 para US$ 18 (potencial de alta 57%), impulsionado pelos fortes resultados operacionais em 2022, parcialmente compensados ​​por um aumento de 200 pontos-base no custo de capital.  BBI diz que mantém classificação outperform “apesar da volatilidade a ser trazida pelas eleições”. BBA também reitera avaliação outperform para estatal, com preço-alvo de R$ 43.

Já Eleven mantém recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo de R$ 34. Morgan Stanley permanece equal-weight (equivalente a neutro). Os analistas do banco acreditam ainda que resultados fortes podem reacender o ruído político.

“Com a proximidade do ciclo eleitoral no Brasil, o sentimento macro e as expectativas para as políticas do próximo governo importarão mais para o desempenho das ações do que os fundamentos atuais (que seguem inalterados até o momento, apesar das recorrentes mudanças de gestão)”, destaca.

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Por fim, a Eleven research espera uma reação neutra por parte do mercado, devido aos números estarem em linha com as expectativas.

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