Decisões do Copom e do Fomc, acordo da Evergrande e mais assuntos que vão movimentar o mercado hoje

Noticiário sobre possível resolução para questão dos precatórios também segue no radar dos investidores nesta sessão

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A sessão desta quarta-feira (22) é de ânimo para os mercados internacionais, com os investidores mostrando menor preocupação com o caso Evergrande após sinalizações de que o governo da China poderia intervir na companhia e com o anúncio de que uma unidade da companhia, a Hengda, fará um pagamento de seus títulos domésticos na quinta após acordo, o que ajudou a melhorar o sentimento do mercado.

A sessão também é marcada pelas reuniões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Por aqui, Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic mais uma vez, desta vez em 1 ponto percentual, a 6,25%, segundo consenso de mercado. Antes disso, os investidores ficam de olho nas sinalizações do Federal Reserve sobre o ritmo de redução do programa de compra de ativos (saiba mais clicando aqui).

Voltando ao Brasil, o noticiário político também segue movimentado. Na véspera, destoando dos mercados americanos, o Ibovespa fechou em alta de mais de 1% com as falas dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de que eles buscarão uma solução para o pagamento dos precatórios e para o financiamento do Auxílio Brasil com respeito ao teto de gastos. Confira os destaques:

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1. Bolsas mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros americanos e as bolsas europeias avançam nesta quarta, ainda monitorando notícias sobre a gigante do setor imobiliário chinês Evergrande Group.

Nesta quarta, o Federal Reserve concluirá sua reunião de dois dias, e divulgará sua declaração de política monetária com previsões econômicas e sobre a taxa de juros. O presidente do Fed, Jerome Powell, fala à imprensa às 15h30 (horário de Brasília).

Investidores buscam detalhes sobre quando o Banco Central americano planeja desacelerar seu programa de compra de títulos, atualmente em US$ 120 bilhões mensais. Anteriormente, Powell havia dito que este movimento poderia começar ainda neste ano o que, no entanto, pode não se concretizar.

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Ásia

Na China continental, o Shanghai composto teve uma sessão volátil, e chegou a avançar mais de 1% antes de fechar em alta de 0,4%. Em Hong Kong, assim como na Coreia do Sul, os mercados permaneceram fechados por conta do feriado.

Investidores monitoram notícias sobre uma possível intervenção do governo chinês para evitar o default da Evergrande. Nesta quarta, uma unidade da Evergrande, a Hengda, anunciou que fará um pagamento de seus títulos domésticos na quinta, o que ajudou a melhorar o sentimento do mercado. De acordo com a Bloomberg, o acordo para o pagamento foi realizado depois de negociações com os detentores dos títulos.

Segundo o site especializado em mercados asiáticos asiaMARKETS, fontes próximas ao governo da China informaram sobre um acordo que fará a reestruturação da Evergrande em três entidades separadas. A reestruturação está sendo finalizada pelo Partido Comunista Chinês e deve ser anunciada em alguns dias, segundo a publicação.

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Na quarta, o Banco Popular da China injetou mais liquidez no mercado por meio da compra de títulos de curto prazo de instituições comerciais, de forma que bancos tenham mais dinheiro em caixa.

Também na quarta, a China manteve sua taxa referencial de juros. A taxa de empréstimo com vencimento em um ano foi mantida em 3,85%; a com vencimento em cinco anos, em 4,65%. Os patamares estão em linha com as expectativas.

No Japão, o Nikkei recuou 0,67%. O banco central do Japão apresentou nesta quarta-feira uma visão mais sombria sobre as exportações e a produção industrial uma vez que paralisações de fábricas asiáticas provocaram gargalos de oferta, mas manteve o otimismo de que o robusto crescimento global vai manter a recuperação econômica nos trilhos.

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O presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, também minimizou temores de que os problemas de dívida do China Evergrande Group podem afetar o sistema financeiro global, dizendo que ainda é “problema de uma empresa particular e do setor imobiliário da China”.

Europa

Nesta quarta, o índice Stoxx 600, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, abriu com alta de 0,8% antes de reduzir o ritmo para uma alta de 0,5%. A maior parte dos setores opera em território positivo, excetuando saúde, tecnologia e serviços.

Na terça, os mercados europeus tiveram uma sessão de alta, após um início de semana abalado pelos temores em torno da Evergrande e a perspectiva de contágio.

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Veja os principais indicadores às 7h30 (horário de Brasília):

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,48%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,45%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,26%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), +1,07%
*Dax (Alemanha), +0,49%
*CAC 40 (França), +1,08%
*FTSE MIB (Itália), +0,49%

Ásia

*Nikkei (Japão), -0,67% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,40% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), +0,51% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), (não abriu)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,07%, a US$ 71,04 o barril
*Petróleo Brent, +1,11%, a US$ 74,74 o barril
*Bitcoin, +1,76% a US$ 42.370,27
*Sobre o minério: **O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian fechou em alta de 3,7%, a 668,5 yuan por tonelada, ou US$ 103,38
USD/CNY = 6,47

2. Agenda

Brasil

9h30: Pedro Benedito Batista Júnior, diretor executivo da Prevent Senior, presta depoimento na CPI da Covid
14h30: Fluxo cambial semanal
A partir das 18h30: decisão de Política Monetária do Copom – consenso espera alta de 1 ponto, a 6,25% ao ano

Saiba mais: O que esperar das reuniões do Fomc e do Copom?

Estados Unidos

11h: Dados de moradias de agosto
11h30: Estoques de petróleo da semana até 17 de setembro divulgado pelo Departamento de Energia
15h: Decisão de política monetária do Fomc
15h30: Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, fará pronunciamento

3. Covid, discurso de Bolsonaro na ONU e vacinas

Na terça (21), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 524, patamar 14% acima daquele de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 484 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 32.758, alta de 71% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 12.582 novos casos, alta de 88% em relação ao patamar de 14 dias antes.

Entre a semana passada e esta semana, a média móvel de novos casos saltou de cerca de 15 mil para 30 mil por conta da inserção de dezenas de milhares de dados represados após um ajuste no sistema que organiza os dados. No decorrer de três dias na última semana, Rio de Janeiro e São Paulo incluíram, ao todo, mais de 150 mil registros de casos.

Na terça, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia relatou instabilidade no sistema E-SUS Notifica, e por isso não divulgou a sua atualização.

Em seu terceiro discurso na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levou na terça a defesa do chamado “tratamento precoce” contra Covid-19 e criticou medidas sanitárias adotadas pelo mundo, apontando essas estratégias como responsáveis por inflação.

Bolsonaro afirmou não entender porque vários países e a imprensa criticam o tratamento precoce –uso de medicamentos que não tiveram sua eficácia comprovada contra o coronavírus – e afirmou que a “ciência e a história saberão julgar aqueles que foram contra”.

O presidente disse ainda ser contrário a medidas como passaporte sanitário, do tipo adotado pela cidade de Nova York, e afirmou que todos os brasileiros “que desejarem” estarão vacinados até o final do ano. Bolsonaro é o único chefe de Estado do G20, grupo das maiores economias do mundo, a não ter se vacinado.

O presidente destacou que a 84% da floresta amazônica está intacta e que nenhum país do mundo tem legislação ambiental tão completa quanto a brasileira.

Bolsonaro também afirmou que o país recuperou sua credibilidade perante o mundo e que tem tudo o que os investidores procuram.

Além disso, na terça o presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vai tomar providências no caso da ameaça feita por Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro, à comissão. Aziz não detalhou o que poderia ser feito.

Na segunda-feira, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) havia apresentado um requerimento para convocar o filho de Bolsonaro.

Na justificativa do pedido, que tem de ser aprovado pela comissão, Vieira citou que é preciso esclarecer o vínculos que mantém com o suposto lobista, advogado e empresário Marconny Albernaz assim como falar sobre as “ameaças feitas a esta Comissão Parlamentar de Inquérito através de vídeo em loja de armamentos”.

Além disso, na terça a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), um braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), anunciou que selecionou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e uma empresa biofarmacêutica da Argentina como os dois locais na América Latina para o desenvolvimento e a produção de vacinas de RNA mensageiro (mRNA) contra a Covid-19.

A ideia é aproveitar as capacidades atuais de manufatura da Fiocruz e do Sinergium Biotech, na Argentina, para ajudar a transferir a tecnologia da vacina desenvolvida pela farmacêutica Moderna nos Estados Unidos para a América Latina, região duramente atingida pelo coronavírus e que ainda não tem acesso suficiente às vacinas.

4. PEC dos precatórios e reforma administrativa

Na terça, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), promoveu a leitura de ato de criação da comissão especial que analisará o mérito da PEC dos precatórios.

Mais cedo, Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegaram a um acordo em torno de uma alternativa que preveja uma limitação do crescimento dessas despesas pela mesma dinâmica da regra do teto de gastos.

A solução deve ser incorporada durante a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema, que deve ser instalada na manhã da quarta-feira, quando será eleito o presidente do colegiado e designado um relator.
Após reunião dos presidentes das Casas do Congresso com o ministro da Economia, ficou acordado que a PEC irá incorporar regra em que serão pagos cerca de R$ 40 bilhões em precatórios no ano que vem, espaço calculado a partir da atualização, desde 2016, do crescimento para essa rubrica segundo a dinâmica do teto de gastos.

A alternativa difere da proposta originalmente enviada pelo Executivo, que previa o parcelamento em até 10 vezes dos precatórios de maior valor.

O novo modelo abre um espaço no Orçamento, sob a regra do teto, maior serão quase R$ 50 bilhões, frente a R$ 33,5 bilhões na proposta original do governo.

Além disso, a comissão especial da reforma administrativa na Câmara cancelou a reunião prevista para a terça-feira, e convocou novas tentativas de votação do texto para esta quarta e para quinta, enquanto o relator da proposta, Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), trabalha na tentativa de construir um parecer com maiores chances de ser aprovado.

Maia já havia apresentado um relatório, que posteriormente foi modificado. Mas, diante de resistências ao texto, o relator acordou com membros da comissão que iria preparar um terceiro texto, no qual ainda trabalha.

Dentre os pontos que provocaram críticas estão dispositivos que tratam da contratação temporária e de cooperação com o setor privado.

“Nós consideramos que houve alguns avanços importantes, mas insuficientes. Chamo a atenção principalmente para o art. 37-A, que, na prática, vai permitir uma cooperação com o setor privado no serviço público. Isso é um incentivo ao patrimonialismo, pois as instituições privadas vão usar a estrutura do serviço público para se apropriar dos recursos públicos, sendo mais um foco de desvio de recursos públicos no Brasil“, disse o deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) em reunião da comissão na semana passada.

O vice-líder da Minoria na Casa, José Guimarães (PT-CE), criticou as regras de contratações por um prazo limite de 10 anos.

5. Radar corporativo

Petrobras (PETR3;PETR4)

Petrobras informa que o conselho de administração da sua subsidiária Transpetro recebeu carta de renúncia de Gustavo Santos Raposo ao cargo de presidente da companhia, com efeitos a partir do dia 24 de setembro.

O conselho irá deliberar sobre a nomeação do diretor de Serviços da Transpetro, Luiz Eduardo Valente, para assumir a presidência, observada a governança de indicações da Petrobras.

Itaú (ITUB4)

O Itaú Unibanco anunciou nesta terça-feira que emitiu R$ 5,5 bilhões em letras financeiras subordinadas, com prazo de vencimento em 10 anos e opção de recompra a partir de 2026, mediante autorização do Banco Central.

Os papéis foram negociados de forma privada junto a “investidores profissionais” e vão compor capital de nível 2, com impacto de 0,52 ponto percentual no índice de capitalização.

GPS (GGPS3)

A prestadora de serviços de limpeza, segurança e logística GPS anunciou nesta terça-feira a compra do grupo de segurança Rudder por meio de uma de suas controladas. O valor do negócio não foi revelado.

A Rudder presta serviços de segurança privada, sistemas eletrônicos de segurança e serviços de “facilities”, com forte presença no Rio Grande do Sul e teve receita bruta de cerca de R$ 255 milhões nos 12 meses encerrados no final de agosto, afirmou a GPS em fato relevante ao mercado.

WEG (WEGE3)

A WEG comunicou ter aprovado a distribuição de JCP (juros sobre capital próprio) de mais de R$ 86 milhões, que são correspondentes a R$ 0,0207 por ação.

A partir do dia 27, as ações serão negociadas “ex-juros sobre capital próprio”, com o pagamento do provento sendo feito  no dia 16 de março de 2022.

Vale (VALE3)

A Vale informou que o então CFO da AES (AESB3) Gustavo Pimenta assumirá a vice-presidência executiva de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, com a mudança de Luciano Siani para o cargo de vice-presidente executivo de Estratégia e Transformação de Negócios, conforme comunicado divulgado na terça-feira.

Totvs (TOTS3)

A Totvs precificou sua oferta subsequente de ações (follow-on, em inglês) a R$ 36,75, representando um desconto de 1% em relação ao preço do último fechamento e levantando cerca de R$ 1,5 bilhão. O capital deve ser utilizado para potenciais compras e investimentos em tecnologia.

(com Estadão Conteúdo e Reuters)

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