Cedo demais? Calouros buscam emprego para impulsionar carreira

Escritórios de carreira passam a ser uma das metas dos estudantes novatos; universidades norte-americanas começam a incentivar a iniciativa desde o ingressos dos estudantes.

Bloomberg

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SÃO PAULO – A estudante Laura Zhang, da Universidade de Stanford, foi a um evento no campus sobre serviços de carreira, no mês passado, atrás de dicas para melhorar seu currículo. Zhang é apenas uma caloura.

Os escritórios de carreira já não são apenas para os estudantes que estão prestes a sair da universidade. Junto com a Stanford, a Universidade de Princeton, a Carleton College e a Universidade de Michigan começaram a direcionar serviços para estudantes novatos.

A angústia em relação ao emprego está impulsionando a demanda por serviços universitários de carreira. No ano passado, 64% dos calouros de Princeton visitaram o escritório de carreira, 10% a mais que na década anterior. Enquanto as mensalidades e a carga da dívida estudantil sobem, as universidades estão sob pressão para mostrar seu valor. Os serviços foram além de dicas para entrevistas e ofertas de trabalho para ajudar os estudantes a se conectarem com empregadores, ex-alunos e estágios, disse Farouk Dey, chefe de operações de carreira da Stanford.

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“Estamos fazendo isso cedo e frequentemente”, disse Dey, cujo escritório tem três funcionários dedicados a calouros e segundanistas. “Aprender a navegar por essas águas demanda tempo e energia dos estudantes”.

Apenas alguns meses de começado o ano acadêmico, os serviços de carreira de Princeton já haviam contatado um quarto da classe de calouros, segundo o escritório. Uma boa parte do tráfego vem de um workshop iniciado em janeiro pelo diretor-executivo do escritório, Pulin Sanghvi, chamado “Visão de carreira e de vida”.

Muitos calouros também estão fazendo estágios internos em Princeton, nos quais os estudantes podem testar os caminhos para a carreira observando ex-alunos da universidade em seus empregos durante um a três dias. O programa atraiu 45 calouros no ano passado, contra 10 em 2007-2008.

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Os calouros da Carleton saboream os serviços de carreira pela primeira vez durante a orientação de agosto da universidade com sede em Northfield, Minnesota. No total, 62% dos alunos da classe de calouros do ano passado interagiu com os serviços de carreira de alguma forma, disse Kimberly Betz, diretora do Centro de Carreiras.

A universidade também ajuda os estudantes a encontrarem “estágios externos” nas semanas entre os semestres. Mais curtos que os estágios internos, que também são mais conhecidos, os estágios externos podem ser concluídos durante os recessos universitários e muitas vezes envolvem o aprendizado junto a profissionais em seus empregos.

Kifaya Taha, 18, agora segundanista, encontrou uma vaga por meio do programa, um ano atrás, na Neighborhood Justice Center, uma organização sem fins lucrativos de St. Paul, onde ela foi criada.

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“Isso realmente solidificou meu interesse em justiça social”, disse Taha. “Eu descobri que não queria um emprego de escritório das 9 às 17 horas, mas sim um trabalho no qual eu interagisse com pessoas”.

O centro de carreiras de graduação de Michigan criou um programa chamado “Freshman Fridays” (“Sextas-feiras dos calouros”, em tradução livre) no último trimestre de 2013 e cerca de 150 estudantes participaram durante o ano acadêmico, comendo pizza ou tacos grátis, conhecendo a equipe da universidade e fazendo perguntas sobre carreiras e interesses.

“Nós queríamos eliminar o medo em relação às carreiras”, disse Amy Hoag Longhi, diretora-assistente de serviços de aconselhamento e assessoria da universidade pública de Ann Arbor.

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Os eventos ampliaram uma iniciativa de três anos para incentivar os calouros a pensarem em seu futuro antes do último ano de curso, disse Longhi. Um programa que atrai calouros é o “My First Appointment” (“Minha primeira entrevista”, em tradução livre), no qual os estudantes – sem uma agenda ou objetivo final específico – se reúnem individualmente com um coach de carreira.

Em Stanford, o escritório de serviços de carreira envia e-mails semanais sob medida para calouros e segundanistas com eventos e oportunidades de assistente de pesquisa ou estágio interno. Os e-mails também listam até nove encontros por semana, nos quais os alunos podem interagir com veteranos ou com pessoas do setor.

Zhang, 18, de Houston, participou de uma feira de carreira no final de setembro e de um encontro no início de novembro. Ela conta que o envolvimento com os serviços de carreira a está ajudando a pensar nas possibilidades após a universidade. “Eu sinto que, mesmo sendo caloura, é sempre bom começar cedo”.