Como a Vale está enfrentando os efeitos de Brumadinho e por que os analistas estão otimistas

Analistas ressaltam pontos positivos da estratégia de longo prazo da companhia para aumentar a produção e mitigar impactos de Brumadinho

Anderson Figo

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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SÃO PAULO — Continuar ativamente a reparação de Brumadinho (MG) segue entre as prioridades da Vale (VALE3), e a empresa espera uma retomada na produção ao longo do próximo ano.

A expectativa foi compartilhada pelo novo CEO da companhia, Eduardo Bartolomeo, em um almoço para analistas. No geral, a percepção dos participantes é de que a empresa criou uma boa estratégia de longo prazo que, se cumprida, pode se refletir positivamente sobre a ação.

“A estratégia da companhia de dividir os diferentes acordos de Brumadinho em partes menores está se mostrando positiva, visto que a empresa consegue direcionar recursos de forma mais eficiente”, afirmou Thiago Lofiego, do Bradesco BBI.

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Segundo ele, a Vale está confiante em continuar a impulsionar volumes ao longo de 2020 e reconstruir estoques. O Bradesco BBI espera vendas de 350 milhões de toneladas de minério de ferro no ano que vem.

“A companhia enxerga a dinâmica do mercado de minério de ferro como positiva devido a tendências estruturais suportando a procura por produto de alta qualidade”, disse o analista, que destacou os esforços da Vale para tornar a empresa mais eficiente e sustentável no longo prazo.

Sobre dividendos, Lofiego afirmou que a Vale deixou claro que o foco agora é na reparação social e econômica de Brumadinho. “Ainda com a companhia mostrando um view conservador para dividendos, acreditamos que existe espaço para pagarem em 2020 (esperamos ~US$ 8 bilhões).”

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Caio Ribeiro, do Credit Suisse, enfatizou o compromisso da empresa em manter a disciplina de alocação de capital.

“O CEO deu margem para uma leitura de que a empresa pode buscar um ramp up gradual na produção, priorizando a qualidade. Por outro lado, o management deu sinais de que a ideia deve ser de voltar para os 400 milhões de toneladas por ano em alguns anos”, disse.

Segundo o analista, a empresa também deixou claro que acredita na estratégia de priorizar margens e que enxerga potencial de longo prazo no mercado de minério.

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“A produção de steel na China parece sustentável e o movimento de flight to quality deve ser confirmado ao longo dos próximos meses. A emissão de CO₂ tem aparecido como uma preocupação recorrente do governo chinês e eles acreditam que este ponto pode ajudar a procura por minério de maior qualidade.”

A Vale deve manter a alavancagem em um patamar mais baixo, de acordo com Ribeiro. “Os dividendos extraordinários continuam suspensos, mas acreditamos que existem um espaço interessante para um aumento ao longo dos próximos anos.

A recomendação do analista do Credit Suisse para a mineradora é de outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de US$ 15,50.

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Um pouco mais reticente, o analista Eduardo Bordalo, do Morgan Stanley, disse que espera menos incerteza em duas frentes antes de “ficar mais construtivo” com a ação da Vale.

A primeira delas é mais clareza sobre os riscos e responsabilidades em torno de Brumadinho, e a segunda é um alívio das preocupações com uma possível desaceleração da demanda global por minério.

“Excetuando-se isso, poderíamos potencialmente tornar-se mais construtivos se as ações negociarem mais abaixo dos níveis atuais. No entanto, ainda projetamos que a Vale vai lançar resultados sólidos nos próximos anos, apesar das previsões mais baixas de preço do minério de ferro e pagamentos futuros de Brumadinho, que devem permitir que a empresa devolva excesso de caixa aos acionistas por meio de dividendos e/ou recompras”, disse.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.