Brasil pode se favorecer de ataques à petrolífera na Arábia Saudita, diz Mobius

Conhecido como "guru dos emergentes", o investidor vê o Brasil com grande potencial de produção para ocupar o espaço deixado pelo ataque

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Brasil pode ser um dos grandes beneficiados com o ataque contra duas instalações da companhia nacional de petróleo na Arábia Saudita, a Aramco, avalia o “guru dos emergentes” Mark Mobius.

Os ataques de drones eliminaram 5,7 milhões de barris da produção diária de petróleo saudita, mais de 5% da oferta mundial e 50% da produção de petróleo da Arábia Saudita. Com isso, os preços da commodity dispararam para suas máximas em meses, antes de reduzirem um pouco os ganhos após os EUA autorizar o uso de suas reservas para controlar a oferta.

Mobius disse ao programa “Street Signs Europe” da CNBC que um movimento interessante do mercado foi a falta de reação negativa dos emergentes às notícias.

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“Acho que as pessoas estão começando a pensar bem, que deveríamos olhar para o Brasil, por exemplo, para sua oferta de petróleo, o México e outros países em termos de onde o petróleo pode vir”, disse o investidor. “Se você olhar para as reservas que o Brasil possui, verá que elas podem produzir bastante petróleo”, completou.

De acordo com a consultoria McKinsey, o Brasil tem potencial de aumentar sua produção de petróleo em 70% até 2035, desde que o país consiga criar um bom ambiente de investimento.

Além do Brasil, Mobius aponta que a Turquia, Indonésia e Coreia do Sul têm “algumas boas companhias” oferecendo oportunidades de investimento, enquanto mercados como Vietnã e Tailândia parecem atrativos.

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Enquanto Mobius olha para o médio e longo prazo, há, porém, os efeitos do ataque no curto prazo podem ser negativos. “Caso a situação não se normalize rapidamente, esse evento aumentará as chances de um cenário de maior desaceleração de crescimento com riscos inflacionários tanto para o Brasil quanto para o mundo. Esse episódio deverá impor maior cautela nas decisões de juros essa semana”, avalia a XP Investimentos. 

Os ataques do fim de semana atingiram Hijra Khurais, um dos maiores campos de petróleo da Arábia Saudita, que produz cerca de 1,5 milhão de barris por dia.

Eles também atingiram a Abqaiq, a maior instalação de beneficiamento de petróleo do mundo, processando sete milhões de barris de petróleo saudita por dia, cerca de 8% do total mundial.

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O CEO da Aramco, Amin Nasser, disse hoje que está em andamento um trabalho para restaurar a produção. A empresa emitirá uma atualização de progresso na próxima terça (17). Levará semanas para retornar à capacidade total de produção nas instalações danificadas, de acordo com pessoas familiarizadas com as estimativas de danos na Arábia Saudita.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.