Qualidade da indústria automotiva evolui, mas capacitação profissional cai

Aumento da complexidade na produção e da tecnologia nos automóveis tornou a mão-de-obra no País desqualificada

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SÃO PAULO – O modelo de produção nas montadoras do Brasil trouxe à tona virtudes que o consumidor brasileiro ainda não conhecia. Com a acirrada corrida pela perfeição, um número cada vez maior de veículos saem dotados de padrões e tecnologias globais.

Tais fatores estimulam no consumidor o desejo de escolher o produto baseando-se pela boa qualidade, valor e diferencial agregado. Porém, o cenário acima não é de todo positivo, especialmente para as empresas montadoras. Em vista do aumento da complexidade na produção e da tecnologia nos automóveis, a ferramenta básica desse processo produtor, a mão-de-obra, acabou tornando-se frágil.

Uma pesquisa realizada pelo IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), em parceria com a Comissão de Qualidade da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), apontou que há escassez de profissionais no País que dominem as ferramentas da qualidade utilizadas por montadoras, sistemistas e autopeças, o que acarreta, entre outros fatores, na falta de qualidade e perda de produtividade.

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De acordo com o diretor do IQA, Ingo Pelikan, as exigências do mercado automobilístico estão cada vez maiores e atuar nesse contexto sem qualificação pode causar um aumento de falhas entre as montadoras, uma maior demanda por manutenção e ampliação da ocorrência de recalls, este último reflexo direto não da queda de qualidade, mas da ampliação de atividades.

“Precisamos investir mais fortemente na cultura da qualidade, a exemplo de países desenvolvidos. Por aqui, já se discute incorporar o conceito de qualidade na formação dos alunos dentro das escolas e universidades, o que hoje ainda é pouco explorado na área acadêmica em nosso País. Então, temos de trabalhar na base para que a cultura da qualidade seja desenvolvida no Brasil”, afirma o executivo.

Diante do ritmo de trabalho e produção acelerados, a rotatividade entre os funcionários passou a ser elevada. Ingo revela que, na última crise, a indústria demitiu em massa e agora contrata em peso, mas a mão-de-obra não está 100% qualificada.

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“Se há falhas, principalmente de capacitação, temos de resolver o problema. O mercado é extremamente competitivo e o consumidor é exigente. Portanto, temos de construir bases sólidas para continuar crescendo, mas com qualidade. A capacitação profissional é a resposta para esse desafio”, finaliza o diretor.