Sem Lula, Bolsonaro lidera corrida presidencial com pelo menos 8 pontos de vantagem, mostra XP/Ipespe

Segundo levantamento realizado entre 16 e 18 de junho, deputado tem entre 20% e 23% das intenções de voto nas simulações de primeiro turno. Brancos, nulos e indecisos somam 61% na pesquisa espontânea

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Na semana em que viu o isolamento de sua candidatura crescer com o naufrágio de potenciais alianças, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) manteve a liderança na corrida presidencial nos cenários que desconsideram a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo pesquisa realizada pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) entre 16 e 18 de julho, a nona por encomenda da XP Investimentos, o parlamentar tem entre 20% e 23% das intenções de voto nas simulações de primeiro turno feitas.

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Dos quatro cenários testados, Bolsonaro manteve pontuação da semana anterior em três. Na simulação que considera o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad candidato pelo PT, o deputado oscilou 1 ponto percentual para baixo, movimento dentro da margem de erro, de 3,2 p.p. para cima ou para baixo. O deputado conta com vantagem de pelo menos 8 pontos em relação ao adversário que aparece logo atrás nas simulações.

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A ex-senadora Marina Silva (Rede) pontua entre 8% e 12%, ao passo que o desempenho do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) varia de 7% a 10%. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) segue patinando entre 7% e 9% das intenções de voto, o que reforça a importância do arco de alianças em construção. Ontem, o tucano firmou aliança com lideranças do “Centrão”, grupo composto por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, o que amplia seu espaço na televisão e rádio, além de dar maior capilaridade à candidatura nos estados.

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O grupo de brancos, nulos e indecisos, por sua vez, manteve patamar elevado, entre 19%, com a improvável candidatura de Lula, e 36%, sem nenhuma candidatura petista, o que hoje também não figura entre os principais cenários considerados pelos analistas políticos. Na pesquisa espontânea, quando nomes de candidatos não são apresentados aos eleitores, o grupo dos “não voto” soma 61%. Tal desempenho reforça o grau de indefinição desta eleição a menos de três meses do primeiro turno. Na semana passada, o levantamento XP/Ipespe mostrou que, na última eleição presidencial, a maior parte dos eleitores decidiram voto depois do início do período de campanhas no rádio e na televisão. As expectativas são de que o comportamento se repita neste pleito, o que tende a indicar maiores flutuações nos próximos meses.

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Com os resultados dos cenários estimulados, se a eleição fosse hoje, não seria possível cravar quem seria o adversário de Bolsonaro em eventual disputa de segundo turno (apesar do bom desempenho, o militar da reserva está longe de ser presença garantida da disputa final). No cenário mais indefinido e que possivelmente melhor projeta a largada da corrida presidencial, quatro candidatos aparecem tecnicamente empatados: Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad (PT), mediante apoio de Lula. O ex-prefeito de São Paulo salta do patamar de 2% das intenções de voto para 13% com a simples inclusão da informação de que seria o nome apoiado por Lula, em um exercício que testa o poder de transferência de votos do ex-presidente. O desempenho mostra uma oscilação de 1 ponto percentual para cima em relação à semana anterior. Outras oscilações apresentadas também estão dentro da margem de erro quando comparadas aos resultados das últimas quatro semanas.

Confira os cenários de primeiro turno testados pela pesquisa:

Pesquisa espontânea: sem apresentação de nome dos candidatos

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Cenário 1: sem candidato do PT

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Cenário 2: com Fernando Haddad candidato pelo PT

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Cenário 3: com Lula candidato

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Cenário 4: com Fernando Haddad, “apoiado por Lula”

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Para ter acesso à estratificação dos votos dos principais candidatos em cada um dos cenários de primeiro turno testados, clique aqui

Confira a série histórica das pesquisas XP/Ipespe.

Segundo turno

Foram testadas sete situações de segundo turno, uma a mais do que as últimas pesquisas. Em eventual disputa entre Alckmin e Haddad, o tucano venceria por 29% a 20%, com 42% de brancos, nulos e indecisos. Na terceira semana de maio, eles chegaram a aparecer tecnicamente empatados, mas a diferença cresceu nos levantamentos seguintes.

Em uma simulação de disputa entre Lula e Bolsonaro, o petista aparece à frente, com 41% das intenções de voto contra 34% do parlamentar, acima do limite máximo de margem de erro de ambos, e com 25% de brancos, nulos e indecisos. Duas semanas atrás, a vantagem era de 6 pontos, o que configurava empate técnico. No início da série histórica, o deputado aparecia 2 pontos à frente, também em situação de empate técnico, já que, pela margem de erro (3,2 p.p.), o petista poderia superá-lo.

Caso Bolsonaro e Alckmin se enfrentassem, a situação seria de empate técnico, com o deputado numericamente à frente por placar de 35% a 33%. Brancos, nulos e indecisos somam 32%. A diferença entre os candidatos chegou a ser de 7 pontos percentuais na quarta semana de maio. Em nenhum momento até aqui o tucano liderou a disputa.

Em eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário também é de empate técnico, com a ex-senadora numericamente à frente por 37% a 34%. Brancos, nulos e indecisos somam 29%. O deputado esteve numericamente à frente nos dois primeiros levantamentos da série, realizados na terceira e quarta semanas de maio, quando a diferença chegou a ser de 6 pontos percentuais a seu favor, também dentro do limite da soma das margens de erro de ambos os candidatos.

Empate técnico também é observado na simulação de disputa entre Alckmin e Ciro, com o tucano numericamente à frente por 32% a 31%, diferença menor em um ponto percentual em relação à registrada uma semana antes. Brancos, nulos e indecisos somam 37%. Na última semana de junho, os dois apareciam com 32% das intenções de voto cada. Já na primeira semana daquele mês, o pedetista esteve numericamente à frente por diferença de 3 pontos percentuais.

Se Bolsonaro e Ciro se enfrentassem em uma disputa de segundo turno, o cenário também seria de empate técnico (como nas últimas seis semanas), com o parlamentar numericamente à frente, com 34% das intenções de voto contra 33%. Brancos, nulos e indecisos somam 33%. Nos dois primeiros levantamentos, o deputado vencia a disputa com diferença superior à soma das margens de erro dos candidatos.

A pesquisa desta semana incluiu uma nova simulação de segundo turno, entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Neste cenário, o parlamentar venceria por 38% a 28% das intenções de voto. O grupo dos “não voto” soma 35%.

Rejeição aos candidatos

A pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre os candidatos em que não votariam sob nenhuma hipótese. O líder em rejeição continua sendo Lula, com taxa de 60%, tecnicamente empatado com quatro outros possíveis candidatos: Ciro Gomes (59%), Geraldo Alckmin (58%), Marina Silva (57%) e Fernando Haddad (56%). A trajetória dos principais nomes está na tabela abaixo:

CANDIDATO DE 04 A 06/06 DE 11 A 13/06 DE 18 A 20/06 DE 25 A 27/06 DE 02 A 04/07 DE 9 A 11/07 DE 16 A 18/07
Lula 60% 60% 60% 61% 62% 61% 60%
Jair Bolsonaro 54% 52% 53% 52% 52% 54% 53%
Marina Silva 60% 57% 60% 57% 58% 58% 57%
Ciro Gomes 58% 56% 60% 59% 59% 60% 59%
Geraldo Alckmin 59% 60% 60% 59% 59% 59% 58%
Álvaro Dias 47% 41% 45% 48% 48% 47% 47%
Fernando Haddad 59% 57% 58% 58% 57% 57% 56%

Fonte: XP/Ipespe

Para acessar a íntegra desta e de todas as outras pesquisas, clique aqui

Metodologia

A pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 16 e 18 de julho, e ouviu 1.000 entrevistados em todas as regiões do país. Os questionários foram aplicados “ao vivo” por entrevistadores (com aleatoriedade na leitura dos nomes dos candidatos nas perguntas estimuladas) e submetidos a fiscalização posterior em 20% dos casos para verificação das respostas. A amostra representa a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na residência ou trabalho) e a telefone celular, sob critérios de estratificação por sexo, idade, nível de escolaridade, renda familiar etc.

O intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima, estabelecida em 3,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo código BR-02843/2018 e teve custo de R$ 30.000,00. Para ver a íntegra do questionário, clique aqui.

O Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais, a partir de 1998. O instituto tem como presidente do conselho científico o sociólogo Antonio Lavareda e na diretoria executiva, Marcela Montenegro.

Em entrevista concedida ao InfoMoney em 12 de junho, Lavareda explicou as diferenças de metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa e defendeu a validade de levantamentos feitos tanto presencialmente quanto por telefone, desde que em ambos os casos procedimentos metodológicos sejam seguidos rigorosamente, com amostras bem construídas e ponderações bem feitas. Veja as explicações do sociólogo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.