Inpa, Democracia e Transparência

 A saudável metodologia que compartilha propostas, acertos e eventuais equívocos, e que certamente será seguida  de outras conjugações de acompanhar a conduta gerencial e avaliar o resultado  geral à luz do interesse comum

Equipe InfoMoney

Publicidade

Alfredo MR Lopes (*)

Em tempos de revisão dos paradigmas que devem nortear a prática política, neste Brasil que se prepara para eleger seus dirigentes, o processo de escolha do novo diretor do Inpa, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, ora em andamento sob a tutela do Comitê de Busca do Ministério de Ciência e Tecnologia, merece reconhecimento e aplauso. Desencadeado o processo, um grupo de atores direta ou indiretamente ligados à instituição – o maior centro de pesquisa tropical do planeta – tratou de mobilizar o maior número de interlocutores, a começar pelos integrantes da instituição, visando não a escolha de um nome mas de uma carta compromisso que pudesse ser endossada por qualquer um dos escolhidos.

Estamos diante da preciosa conjugação do verbo escolher na primeira do plural. A saudável metodologia que compartilha propostas, acertos e eventuais equívocos, e que certamente será seguida de outras conjugações de acompanhar a conduta gerencial e avaliar o resultado geral à luz do interesse comum.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

E de onde surge a emergência da iniciativa, além de evitar novo risco da escolha paraquedista, de um gestor ausente e indiferente a história, dilemas e projetos de futuro da instituição? No caso do Inpa, a escolha considera que ninguém é suficientemente iluminado para promover uma gestão frutuosa e, ao mesmo tempo, isolada e personalizada de costas ao interesse público. E isso é excepcionalmente delicado quando se trata de um momento definições do futuro da ciência e tecnologia na Amazônia e no Brasil, neste contexto de brasilidade em que navegamos à deriva, em que a administração da coisa pública descamba para a insensatez e contravenção.

E o que propõem, até aqui, os atores envolvidos? O objetivo do Documento traduz o detalhamento das sugestões: “subsidiar os candidatos ao cargo de direção do Inpa na elaboração de uma proposta de trabalho comprometida com os desafios institucionais prioritários, assegurando o olhar para o futuro do Inpa sem perder de vista a cultura, os valores e as boas práticas de sua comunidade”. E quais as prioridades institucionais, senão a gestão da pesquisa, o protagonismo das questões mundiais sobre a Amazônia à luz de seu portfólio de quase 70 anos, além da revisão da eficácia e urgência do conjunto das pesquisas à luz do interesse nacional e da disponibilidade de recursos e, finalmente – medida muito importante – promover e interlocução com os atores da economia e do desenvolvimento regional, colher suas expectativas e submeter a todos os resultados das linhas e grupos de trabalho.

Ao longo de um documento denso e concatenado, que traduz o rigor habitual dos cientistas – segmento dominante do processo de consulta – o que dizem os integrantes dessa empreitada cívica é que não dá para seguir fazendo gestão pública sem transparência e sem democratizar decisões e escolhas de prioridades. E isso se aplica a tudo em todas as empresas e repartições públicas. O acervo do Inpa, a bagagem do saber acumulado, a potencialidade, relevância e alcance de suas descobertas e recomendações não incalculáveis sob qualquer paradigma de valor. Daí a sabedoria de todos em pautar a agenda da interlocução com a sociedade como fator prioritário da nova administração. É vital o endosso do tecido social através de seus representantes. Eles vão abismar-se ao tomar contato com a rotina de descobertas espantosas de tantas décadas de obstinada dedicação. E se os cientistas desenvolveram intimidade com a lente das descobertas, é vital que a sociedade descubra um novo modo de olhar a Ciência, seus esforços de compreensão da vida, para decifrar os enigmas de sua perenidade, os benefícios e riscos da evolução, o nexo entre biologia e política para promover relações mais democráticas, transparentes e benfazejas para todo o conjunto da sociedade, como todos queremos, de modo translúcido e participativo.

Continua depois da publicidade

(*) Alfredo é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

Tópicos relacionados