Pluriculturalismo na escola

Uma escola ideal precisa ser democrática e sem preconceitos, condições essenciais para preservar com respeito à diversidade de fé, de origem, de gênero e de convicções ideológicas

Equipe InfoMoney

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Neda Lian Branco Martins é educadora, Fundadora do Colégio Horizontes

A ideia de um pluriculturalismo em escola é definida pelos mais nobres princípios básicos da vida; a liberdade de expressão e a inalienável liberdade de pensamento, que garante as escolhas do homem. Assim é que, para ser uma escola ideal, precisa ser dialógica, democrática e sem preconceitos, condições essenciais para preservar com respeito à diversidade de fé, de origem, de gênero e de convicções ideológicas, opções essas que podem ser proclamadas abertamente quando seus membros forem indagados.

Somente quando são garantidos os valores individuais, na relação entre direção, professores, alunos e colaboradores, independente da posição na escala hierárquica, é que se pode dizer que a escola está começando a trilhar o árduo caminho do pluriculturalismo. Há que se ter em mente também, em se tratando dos professores, que tenham clara a posição, que ocupam nessa constelação, semelhante a dos pais, como bastiões dos valores universais, modelo de ética e referência moral a serem seguidos.

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Porém, isto só não basta. É preciso que a instituição esteja provida de professores de cabedal cultural amplo e profundo, para poderem transmitir os conhecimentos sem parcialidade, sem doutrinação, sem proselitismo e fundamentalmente, com ética. Bem como, é recomendável que saibam oferecer instrumentos didáticos, para a organização do trabalho intelectual, recurso este, que permite a busca independente de informação. Apenas desta forma pode-se afirmar que a escola está dando aos alunos a oportunidade de conhecer a riqueza histórica da humanidade, com suas diferenças culturais.

Por outro lado, ao oferecer textos para estudo, pesquisa, análise e ao dar suas aulas expositivas de forma honesta e transparente, com recursos tecnológicos ou apenas com a força de seu verbo, o professor contribui para que o aluno entre em contato com toda a evolução política, social e econômica, ao longo da jornada dos homens.

Se não omitir qualquer etapa por julgá-la menor está cumprindo o glorioso papel de ampliar os horizontes culturais de seus discípulos, como Sócrates, com quem tudo começou; principalmente a dialética, a pregação do “conhece-te a ti mesmo”, que elevaram o patamar da individualidade a níveis antes desconhecidos.

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Assim é, que essa postura plural para ser verdadeira, cobre todas as áreas do saber, passeando pela música, pela pintura, pelo teatro, pela literatura em prosa e verso, desembocando nas diferentes vertentes religiosas hoje tão multiplicadas, nas diversas ideologias políticas, que nasceram em diferentes momentos históricos, com seu auge e decadência. Ela respeita a opção mais elementar feita pelo indivíduo. A visão plural não faz juízo de valores. Ela é acolhedora.

Na escola pluricultural, essa prática educativa é iniciada na mais tenra idade, desde a Educação Infantil, até o final do Ensino Médio, quando se pressupõe que os fundamentos para a vida tenham sido alicerçados.

Isto não significa que a opção feita na juventude seja necessariamente a definitiva e tampouco se instale de imediato. Como não existem verdades absolutas, pois sua relatividade está na direta dependência do processo evolutivo dos povos, não se pode, segundo Bakunin, esperar que o indivíduo, que vive a interação com essas mudanças, cristalize suas preferências. É na capacidade de mudar que está a amplitude do amadurecimento.

Como vivemos numa sociedade eminentemente pluricultural, capitalista, laica e somos todos irremediavelmente ideológicos e a escola inserida num contexto desses pode ser considerada mera utopia, pela dificuldade que enfrenta de manter um espírito crítico isento de sectarismo e pela exigência de aceitação da diversidade.

Porém, não se pode deixar o sonho do pluriculturalismo morrer e se deve continuar tentando construir a escola ideal, em que a gratificação não está em criar pessoas à sua imagem e semelhança, mas sim cumprir a missão de formar “seres únicos e irrepetíveis na história da humanidade”.