O fator que pode fazer o dólar cair para R$ 2,75 ou disparar para R$ 4,75

Itaú mostra que o saldo de conta corrente do país é fator determinante para o patamar do câmbio, e a eleição deve definir o que ocorrerá nos próximos anos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Um das perguntas que os investidores mais querem saber a resposta é: para onde vai o dólar? E apesar deste ser um mercado muito difícil de se prever, o Itaú Unibanco fez uma análise de cenários em que indica que a moeda norte-americana pode disparar para quase R$ 5,00 no pior cenário, mas também teria espaço até para perder os R$ 3,00 se tudo der certo nos próximos meses.

Em relatório, o economista-chefe da instituição, Mario Mesquita, explica que a taxa de câmbio encontra seu equilíbrio quando o déficit em conta corrente e a economia também estiverem equilibradas. Ou seja, isso ocorrerá quando o déficit em conta corrente estiver em um nível consistente com o financiamento externo sustentável e, ao mesmo tempo, a economia não estiver operando com excessiva ociosidade, e nem sobreaquecida.

E diante desta avaliação, o economista aponta que, caso o Brasil consiga voltar nos próximos anos para um regime de grande disponibilidade de financiamento externo, com déficit em conta corrente entre 3% e 4% do PIB (Produto Interno Bruto), o dólar poderia voltar a operar em uma banda entre R$ 2,75 e R$ 3,50.

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Porém, no cenário oposto, com indisponibilidade de financiamento, o saldo em conta corrente precisará ser positivo, com superávit de 1% do PIB. E neste ambiente péssimo, a taxa de câmbio se equilibraria em torno dos R$ 4,75, afirma Mesquita. Segundo o Itaú, em média, desde 1947 o Brasil teve déficits de cerca de 2% do PIB. O banco ainda divulgou uma tabela mostrando qual o valor do dólar para cada saldo em conta corrente, confira:

itaú

O Itaú justifica que, desde a década de 80, o Brasil passou por dois regimes diferentes de disponibilidade de financiamento externo: de escassez e de abundância. “Os períodos em que o País foi importador de poupança externa foram marcados por boas condições macroeconômicas domésticas. Por outro lado, períodos em que o financiamento externo diminuiu drasticamente foram caracterizados por desajustes e incertezas internas”, explica.

Segundo Mesquita, os fatores externos não são decisivos, mas têm papel importante para definir este cenário, uma vez que podem evidenciar fragilidades internas. Ele lembra que a combinação de fatores internacionais e domésticos tem tirado a força do real contra o dólar e indica que pode haver menos recursos disponíveis para financiar o déficit em conta corrente no Brasil no futuro.

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Por fim, o economista diz que, nos próximos anos, o cenário internacional deve se mostrar desafiador, com redução da liquidez global. Com isso, o fator decisivo para o Brasil definir de qual lado da tabela acima ele vai estar será a aprovação das reformas, especialmente das que geram uma dinâmica fiscal mais sustentável.

Será isso que mostrará se o País vai migrar para um regime de muito, pouco ou até nenhum financiamento externo, e, como consequência, se o dólar irá voltar para menos de R$ 3,00 ou se encostará nos temidos R$ 5,00.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.