Vale reduz investimento a US$ 14,8 bi em 2014 e meta de produção decepciona

O orçamento de 2014 inclui 9,3 bilhões de dólares para a execução de projetos, 4,5 bilhões de dólares para a manutenção das operações existentes e cerca de 900 milhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento

Reuters

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SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO – A Vale (VALE3;VALE5), maior produtora de minério de ferro do mundo, previu na segunda-feira investir 14,8 bilhões de dólares em 2014, no que marcará o terceiro ano consecutivo de redução do orçamento, refletindo “maior foco na eficiência de capital”.

A empresa –que estima investimentos de 16,3 bilhões de dólares em 2013– disse na segunda-feira que buscará no próximo ano “maximizar o valor ao acionista através de um menor portfólio composto de projetos com alta taxa de retorno ajustada ao risco”.

Mais de 80 por cento do orçamento para execução de projetos em 2014 serão destinados ao financiamento da expansão da produção de minério de ferro e sua rede de distribuição; ao desenvolvimento da operação integrada de carvão em Moçambique; e ao projeto Salobo de cobre e ouro, no Pará.

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“Estamos fortemente comprometidos em alocar capital somente em ativos de classe mundial com grandes reservas, baixos custos, produtos de alta qualidade e oportunidades para expansão ‘brownfield’ (projetos já existentes) de baixo custo”, disse o presidente da Vale, Murilo Ferreira, em fato relevante.

O orçamento de 2014 inclui 9,3 bilhões de dólares para a execução de projetos, 4,5 bilhões de dólares para a manutenção das operações existentes e cerca de 900 milhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Em minerais ferrosos, principal área de atuação da empresa, estão previstos 5,4 bilhões de dólares para execução de projetos e 2,9 bilhões de dólares para manutenção de operações.

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PRODUÇÃO DE MINÉRIO

A companhia estimou um pequeno crescimento na produção de minério de ferro em 2014. O volume deverá ser de 312 milhões de toneladas, sem incluir a produção da Samarco, uma mineradora na qual a Vale tem participação.

A Vale estima produção neste ano de 306 milhões de toneladas de minério de ferro, segundo meta reafirmada no último balanço trimestral.

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Boa parte das despesas pré-operacionais de 2014 com implantação de projetos será destinada ao sistema S11D, um projeto de expansão de produção de minério de ferro e investimentos em logística na Serra Sul de Carajás, no Pará.

Atualmente, a mina e a usina de processamento do projeto Serra Sul, como é chamado, têm o início das operações planejado para o segundo semestre de 2016, com capacidade estimada em 90 milhões de toneladas por ano.

DECEPÇÃO

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Analistas do banco de investimentos BTG Pactual, liderados por Antonio Heluany, avaliaram a estimativa de produção como desapontadora.

“Isto provavelmente indica que a expansão de 40 milhões de toneladas em Carajás estará atrás do cronograma devido a atrasos de licenciamento. No entanto, a Vale disse que planeja adquirir 9 milhões de toneladas de minério de ferro de terceiros, para que possa alcançar a meta de vendas de cerca de 320 milhões de toneladas, mais em linha com nossa estimativa”, escreveram os analistas em relatório a clientes.

O Citibank ressaltou que a Vale teve “crescimento zero” em produção nos últimos três anos, já que produziu 312 milhões de toneladas de minério de ferro em 2011.

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“A contínua falta de crescimento da Vale em minério de ferro versus bilhões gastos em investimentos permanece uma preocupação estrutural, apesar de positiva para a indústria global”, disseram os analistas do banco, liderados por Alexander Hacking, em nota a clientes.

As ações preferenciais da Vale recuaram 0,46 por cento nesta segunda-feira, a 32,64 reais, após o anúncio dos investimentos e das metas para 2014.

De acordo com as metas, a produção de minério da Vale dará um salto nos próximos anos, para 450 milhões de toneladas em 2018.

A mineradora avalia que a oferta de minério de ferro no mundo aumentará nos próximos anos, mas que o mercado será capaz de absorver tal acréscimo, disse nesta segunda-feira o diretor de Estratégia e Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, a investidores e analistas de mercado em Nova York.

Segundo a Vale, um terço da nova capacidade de produção vai compensar o esgotamento das minas atuais.

PEQUENOS ATRASOS

O plano da Vale para seus principais projetos mostra que alguns deles sofreram pequenos atrasos em relação ao esperado no planejamento anterior, divulgado no ano passado.

É o caso do projeto Serra Leste, que prevê a construção de uma planta de processamento em Carajás, antes estimado para este ano e agora revisto para o segundo semestre de 2014. O mesmo ocorreu com o projeto de Tubarão VIII, unidade de pelotização no porto de Tubarão, no Espírito Santo.

O começo da segunda etapa do gigantesco projeto de carvão da Vale em Moçambique, Moatize II, também teve o prazo adiado em um ano, para o segundo semestre de 2015.

A mineradora também decidiu reduzir sua participação no projeto de infraestrutura Corredor Nacala, que escoa o carvão de Moatize no país africano, disse o presidente da empresa em conferência com analistas.

A empresa quer se desfazer de cerca de metade de sua participação de cerca de 70 por cento no projeto de 4,4 bilhões de dólares composto por ferrovia e porto, afirmou o executivo. Após a venda, entretanto, a empresa quer ficar com o controle do ativo, mantendo uma ação a mais que o futuro comprador, explicou.

A mineradora também previu produção de 15 mil toneladas de níquel a partir da mina de Onça Puma, em Ourilândia do Norte (PA), em 2014, após ajustes na planta concluídos em novembro deste ano.

Já a produção de Nova Caledônia deverá alcançar 40 mil toneladas de níquel no próximo ano.