Números do terceiro trimestre da Vale decepcionam analistas

Apesar da companhia apresentar recordes de receita bruta e Ebitda, aumento nos custos e despesas impactou margens da empresa

Paula Barra

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SÃO PAULO – Os números da Vale (VALE3, VALE5) vieram abaixo das expectativas do mercado, apontam os analistas. Apesar da companhia apresentar recordes de receita bruta e Ebitda (geração operacional de caixa), o aumento dos custos e despesas operacionais impactou diretamente as margens da empresa, esclareceu o analista Leonardo Zanfelício da Concórdia. 

O lucro líquido da companhia decresceu 25,2% entre períodos, totalizando R$ 7,893 bilhões neste trimestre, enquanto isso o Ebitda foi de R$ 16,110 bilhões, alta de 1,7% em relação ao mesmo período. Contudo, o resultado financeiro não é o que mais preocupa a Concórdia, já que ele foi afetado pela atípica variação cambial sobre o endividamento em dólar, lembra o analista Zanfelício.

Na mesma tendência, o analista Victor Penna, da BB Investimentos, complementa que “conforme já era esperado, a depreciação do real frente ao dólar acarretou em uma variação monetária e cambial líquida negativa de R$ 4,071 milhões”. Em relação ao resultado operacional medido pelo Ebitda, o aumento foi limitado pelo menor volume comercializado de minério de ferro e pelo incremento das despesas e custos operacionais no trimestre, pondera a Socopa.

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Perspectivas para o quarto trimestre
A Concórdia aposta em um período mais desafiador para a Vale no próximo trimestre, “visto que os preços praticados, principalmente pelo minério de ferro, níquel e cobre, estão consideravelmente mais baixos em função das incertezas quanto à economia global, que aliado aos maiores custos e despesas verificadas nestre trimestre, deverá impactar o resultado operacional da companhia”. 

Na mesma tendência, a BB Investimentos projeta um volume de vendas menor no próximo trimestre, afetado pela desaceleração mundial com menor crescimento da China. Além disso, “a possibilidade da adoção de um sistema de precificação de curto prazo tem feito com que o preço do minério de ferro seja mais pressionado pelas siderurgias da China, dando continuidade a sua trajetória declinante”, argumentou Penna.  

Entretanto, o banco sugere que através de investimentos em novos projetos, a empresa tem buscado minimizar a volatilidade recente no preço das commodities. A partir do momento que a instabilidade econômica mundial mostrar sinais de melhora, “a companhia continuará acompanhando o ritmo de expansão, principalmente, dos mercado emergentes, com foco na China. 

Recomendações
As perspectivas de médio prazo ainda são positivas para a companhia, avaliou a Concórdia. A corretora manteve recomendação de compra para os papéis preferenciais da empresa, com preço-alvo de R$ 62,31, configurando um potencial de valorização de 52,98% em relação ao fechamento da última quarta-feira (26).

Nesse mesmo cenário, a BB Investimentos e Socopa reiteraram recomendação outperform (desempenho acima da média) para as ações PN, com target de R$ 69,10 e R$ 66,00, configurando um upside de 69,65% e 62,04% na comparação com o último regão.