Margens corporativas nos países emergentes voltarão aos níveis de 2002, diz UBS

Projeção é de baixa de 18,4% nos lucros para este ano; deterioração do fluxo de caixa também preocupa analistas

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SÃO PAULO – “A performance superior dos mercados emergentes nos meses recentes encerrou mais uma vez o desconto em relação aos valuations mundiais”. A afirmação consta em relatório do UBS sobre os mercados emergentes, no qual o banco enxerga menores rendimentos no horizonte das corporações destes nichos.

Para fundamentar a tese, os analistas destacam as expectativas deterioradas no tocante à tríade composta por vendas, margens e lucros, como resposta à fraca demanda interna e externa. Nesse sentido, a instituição projeta declínio de 18,4% nos lucros das corporações durante este ano. Cabe ressaltar que as estimativas excluem companhias ligadas ao setor financeiro.

Margens de 2002 com postura defensiva

Se a crise pode ser vista como uma involução de ganhos, as estimativas do UBS se alinham ao viés. “As margens líquidas* retornarão a níveis ligeiramente acima dos apresentados em 2002”, estimam os analistas, baseados na crença de que haverá compressão de 310 pontos-base do pico atingido no ano retrasado, de 11,6%. Tal perspectiva pauta-se na projeção de que as vendas deverão permanecer fracas.

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Em tempos incertos, um pouco de cautela não faz mal a ninguém. “As projeções para os setores defensivos são bem mais otimistas do que aquelas para setores cíclicos, sugerindo um risco relativamente maior nestes últimos”, afirma o banco suíço, ao acreditar que os segmentos de bens de consumo, serviços de saúde, telecomunicações e energético estão mais preparados para enfrentar uma desaceleração da atividade econômica.

Procura-se liquidez

Conforme o olhar do UBS, o fluxo de caixa das corporações de países emergentes mantém-se pressionado, ao passo que a redução de custos operacionais não foi capaz de compensar a tendência declinante nas vendas, dado que existem muitos dispêndios fixos no orçamento destas companhias.

Em contrapartida, os analistas enxergam um alívio para a falta de liquidez. “Com a tendência de fusões e aquisições e as recompras de ações quase insignificantes, cortes no capex e nos dividendos representam as únicas medidas possíveis para aliviar as pressões sobre o fluxo de caixa”.

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Bom na média, ruim no presente

Após tantas estimativas, a instituição de Zurique prevê um múltiplo P/L (preço da ação sobre projeção de lucro) na casa de 10,6 vezes no decorrer deste ano. Na comparação com a média de longo prazo, os analistas veem um desconto substancial. “Mas as valuations sozinhas não são suficientes para guiar o mercado às altas no curto prazo”, concluem.

*Geração operacional de caixa sobre receita líquida.