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IFRS no Brasil, o quanto já evoluímos e o quanto ainda temos a evoluir

Para os profissionais de finanças e contabilidade houve um acréscimo da qualidade da informação contábil com a convergência brasileira às IFRS, segundo dados de pesquisa* que efetuamos com diversos profissionais entre os anos de 2014 e 2015 com apoio da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Um dos fatores apontados pelos profissionais como causador da melhoria da informação contábil foi o descolamento da contabilidade fiscal e societária.
Por  Marta Grecco
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Para os profissionais de finanças e contabilidade houve um acréscimo da qualidade da informação contábil com a convergência brasileira às IFRS, segundo dados de pesquisa* que efetuamos com diversos profissionais entre os anos de 2014 e 2015 com apoio da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Um dos fatores apontados pelos profissionais como causador da melhoria da informação contábil foi o descolamento da contabilidade fiscal e societária. No entanto, nessa mesma pesquisa e, considerando nossa experiência profissional, notamos que no processo de escolhas contábeis ainda persiste uma forte influência fiscal. No momento de exercer suas escolhas contábeis, muitos administradores e contadores tendem a optar por aquele que é exigido fiscalmente, em detrimento do que seria a melhor escolha para refletir uma representação fidedigna das demonstrações contábeis em função do risco de contingência fiscal.

Fato é que o risco fiscal no Brasil existe em grande escala, quer seja pela interpretação das leis, muitas vezes duvidosas, quer seja pelo risco operacional de controle e mitigação de erros, devido à complexidade de nosso sistema tributário. A PWC em parceria com o World Bank Group analisa há dez anos o sistema fiscal de 189 economias, o Brasil aparece disparado em primeiro lugar do mundo em relação ao tempo que se gasta para atender exigências fiscais. O tempo gasto para atendimento ao Fisco no Brasil é de 2600 horas anuais, sendo 2,5 vezes maior do que a Bolívia, segundo lugar no ranking, e 10 vezes mais que a média mundial.

Se por um lado adotar padrões contábeis de alta qualidade atrai investidores, como foi o caso de nossa convergência às IFRS, por outro, nossa complexidade fiscal espanta o interesse de investimentos no Brasil. Essa aversão por investimentos locais é causada pelo extremo risco contingencial, além de custos adicionais no cumprimento de obrigações, tanto com investimentos em sistemas de controle quanto com necessidade de contratações de funcionários para atender a demanda fiscal, além da necessidade de contratação de especialistas e muitas vezes gastos com advogados para condução de processos fiscais.

Para evoluirmos ainda mais na qualidade da informação contábil, precisamos urgentemente de uma ampla reforma tributária. Um sistema tributário menos complexo e mais transparente, combinado com padrões contábeis de alta qualidade seria um grande avanço para fomentar nossa economia e atrair investimentos tanto internos quanto externos.

 

* Pesquisa conduzida por Marta Pelucio, Cecília Geron e Gerson Grecco e apresentada no AAA Annual Meeting 2015

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