Precisamos falar sobre bolhas, short e fim de festa nas bolsas

Enquanto as impressoras e helicópteros operam a todo vapor, já se fala em fim de festa.

Renato Santiago

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A pandemia que enfrentamos já há quase um ano bateu forte na economia real e obrigou governos a ligarem as impressoras, encherem os helicópteros e despejarem dinheiro fácil sobre os mercados, aos trilhões. US$ 25 trilhões em estímulos já foram anunciados pelos governos.

Tanto dinheiro assim, é claro, pode mexer com a inflação e com os preços dos ativos. “As bolsas vêm subindo em linha reta há muito tempo e nada sobe em linha reta para sempre. A ideia de fim de festa já ganha tração”, diz Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos no Stock Pickers desta quinta-feira.

Sempre que se fala de estímulo fiscal e inflação, alguém diz: “em 2008 também se imprimiu muito dinheiro, previu-se alta da inflação e isso nunca aconteceu. Porque aconteceria agora?”. Dessa vez, eu mesmo perguntei. 

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“Essa crise é diferente de 2008. Aquele era um caso de crise do sistema financeiro, então o resgate do governo ficou represado nos bancos. Dessa vez, os cheques estão chegando diretamente para as pessoas”, lembra Priscila Araújo, da Macro Capital, a outra convidada do episódio de hoje.

A liquidez hoje é muito maior e, portanto, a chance de inflação e de alta de juros também. Em outras palavras, a música ainda está tocando, mas já tem gente chamando o Uber para ir embora.

Então estamos falando de bolha?

“Existem duas discussões: o mercado como um todo está em uma bolha ou existem bolhas em alguns papéis? O cenário de liquidez abundante e juro baixo é positivo para o mercado acionário como um todo, mas existem ações que o valuation realmente não se justifica”, diz Araújo.

Short na bolacha

Não era nossa intenção, mas bem na semana que a Faria Lima só fala de short devido ao grande short squeeze de Gamestop desta semana, trouxemos uma especialista nesse tipo de operação para contar duas delas.

Araújo tem um posição vendida em M. Dias Branco, a fábrica de massas e biscoitos dona das marcas Piraquê e Adria, também muito ligada à pandemia.

“O auxílio emergencial e a alta do preço do arroz elevaram o consumo de massas e biscoitos. Mesmo assim a empresa perdeu mercado”, resume. Para ouvir a tese completa, clique no play acima.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney