Petro deve reverter prejuízo com lucro de R$ 4,7 bi, mas números virão fracos

Segundo analistas, valorização do dólar deve ter impacto maior que alta do preço de combustível

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgará os resultados do segundo trimestre nesta quinta-feira (8), após o fechamento do pregão. De acordo com a compilação de 5 bancos e corretoras, a companhia deve apresentar resultados fracos, com a valorização do dólar mais do que compensando o aumento do preço do diesel e da gasolina em março. 

A média das projeções do Bank of America Merril Lynch, Votorantim Corretora, Planner Corretora, Ágora/Bradesco Corretora e Itaú BBA é de que a companhia atinja um lucro de R$ 4,72 bilhões no período, revertendo o prejuízo de R$ 1,34 bilhão na comparação com o período anterior, mas com queda de cerca de 39% frente aos primeiros três meses deste ano. 

A perspectiva, de acordo com os analistas Leonardo Alves e Tiago Costa, da Votorantim Corretora, é de que a companhia registre um pior resultado operacional, em virtude de um desempenho mais fraco no segmento de refinaria, em decorrência do aumento no custo das importações provocado pela valorização do dólar. Além disso, a companhia deve registrar piores resultados nos negócios de distribuição de gás e energia.

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Nem mesmo as mudanças contábeis anunciadas pela empresa, que passaram a valer a partir do final de maio, devem reduzir o impacto das despesas financeiras mais elevadas com a desvalorização do real, aponta o analista da Planner Corretora, Luiz Francisco Caetano. Por outro lado, os analistas do Itaú BBA avaliam que, com essa mudança, a companhia deve ter um impacto menor da variação cambial sobre a linha de lucro líquido da companhia. 

Vale lembrar que a Petrobras anunciou em meados de julho que passou a adotar a contabilidade de hedge a partir de maio, de modo a reduzir o impacto das variações de câmbio. 

Tanto a Votorantim quanto a Planner Corretora veem uma piora no desempenho operacional da companhia, levando assim à uma queda no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Na comparação com abril e junho de 2012, o Ebitda deve registrar alta mas, em comparação com os primeiros três meses de 2013, a queda deve ser de 2,09%, segundo a média das projeções. 

“A desvalorização do real aumenta não só os custos das importações, mas também os preços da maioria dos materiais e serviços usados pela empresa na produção e refino”, afirma o analista da Planner, destacando que o impacto destes custos será menor que o montante total da desvalorização, que foi de 10%, por que a maior parte da queda da cotação do real ocorreu já no final do trimestre.

O Bank of America Merrill Lynch também espera por um resultado fraco; os números devem ser guiados pelos preços de petróleo em baixa e com os custos de manutenção ainda em alta. Isto deve levar à uma redução nos resultados de exploração e produção da companhia, apontam os analistas Frank McGann e Conrado Vergner.

Margem em queda, mas receita em alta
Por outro lado, as margens de rentabilidades da companhia devem registrar queda, aponta o analista da Ágora Corretora, Luiz Otávio Broad na comparação com os primeiros três meses de 2013, em função das importações de derivados e do baixo patamar de produção. 

Já a receita líquida deve se beneficiar, aponta Broad, beneficiado pelos reajustes nos preços de gasolina e do diesel, avalia Broad. 

Média das projeções para o resultado da Petrobras:

US$ (em milhões)* 2T13E 2T12 2T13E/2T12 1T13 2T13E/1T13
Receita Líquida 74.619  68.047 +9,66%   72.535  +2,87%
Ebitda 15.892 10.599 +49,94%  16.231  -2,09%
Margem Ebitda*  23%  15,6% +7,4 p.p.   22,4%  +0,6 p.p.
Lucro Líquido 4.719 -1.346  7.693  -38,66%
*Prévia do Itaú BBA, Ágora/Bradesco, Planner, Votorantim e BofA

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.