Credit vê chance imperdível para investir em Petrobras e eleva recomendação

Depois de dois anos e meio, recomendação passa de neutra para outperform, vendo mudança de atitude do governo após reajuste do diesel, o que é positivo para recuperação dos papéis

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Após dois anos e meio de cautela com a Petrobras (PETR3;PETR4), em meio ao declínio de produção, custo da inflação e importação de combustíveis, levando a uma deterioração dos retornos, o Credit Suisse vê uma virada para a companhia após o reajuste de preços de diesel.

Desta forma, os analistas do banco suíço elevaram a recomendação da companhia de neutro para outperform (desempenho acima da média do mercado), vendo uma tendência imperdível para adquirir os ativos. O preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) é de US$ 25,00, representando um potencial de valorização de 42,37% frente ao fechamento da última quinta-feira (7).

Segundo eles, apesar de ainda haver espaço para deterioração ainda no primeiro semestre, está claro também que em algum momento nos próximos doze meses, a taxa de deterioração dos poços da Petrobras pode não apenas diminuir, como também apresentar um verdadeiro ponto de inflexão no desempenho dos negócios. “Dada a escala e a qualidade dos ativos, esta é uma tendência que os investidores não se podem dar ao luxo de perder”, avaliam os analistas Emerson Leite, Vinicius Canheu e André Sobreira. 

Continua depois da publicidade

Segundo eles, um grande passo foi tomado na última terça-feira, com o aumento dos preços do diesel às vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), bem no momento em que a inflação acelerada estava na mente de muitos formadores de política econômica. Entretanto, a Selic foi mantida em 7,25% ao ano, com o governo deixando aberta a possibilidade para novas altas. 

“Este pode ser o início de uma mudança de atitude do governo, tentando restaurar a confiança empresarial”, apontam os analistas. Outras alterações no modo de fazer política podem ser encontradas no setor de infraestrutura, serviços públicos – com potencial para revisão de tarifas – e bancos, com mudanças nas regras de provisionamento e tributação.

Fatores positivos para mudança 
Um outro bastante importante a ser ressaltado pelos analistas é o “timing” para esta mudança na trajetória da Petrobras. Apesar de não saber exatamente qual será este período, eles veem como fatores positivos a confiança inabalável da administração com o futuro da companhia em meio à otimização de custos e programas de maior eficiência na produção, além de maiores altas na capacidade de produção da Petrobras em 2013-2014, depois de dois anos sem brilho. 

Continua depois da publicidade

O portfólio de produção do pré-sal, que pode trazer uma surpresa positiva, os desinvestimentos através de venda de ativos podendo aliviar a preocupação com os balanços e uma política mais pragmática de conteúdo local também são fatores positivos para a Petrobras, apontam os analistas.“Em algum momento, as medidas devem ser sentidas e o impacto pode ser significativo”, apontam Leite, Canheu e Sobreira.

De acordo com eles, o valuation da companhia não se destaca como muito atrativo mas os papéis da companhia ainda tem espaço para subir mesmo após o rali de 20% de alta nas duas últimas sessões. Isso ao considerar a economia de custos e o aumento do diesel (que deve elevar o Ebitda – lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações – entre 17% e 24%).

“Nós não precisamos (e nós ainda não temos) de uma mudança estrutural no negócio, mas somente uma maior probabilidade de melhoria garante uma mudança nos valuations relativos dos papéis ao longo dos próximos seis meses. Isso, apesar de não ser baseado totalmente em fundamentos, é o suficiente para a recomendação outperform, e nós estamos confiantes que é a jogada certa agora. Esta é a hora”, concluem os analistas.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.