Bradesco traça cenário ruim para Petro e corta preço-alvo da ação PN em R$ 10

Redução foi de 34,4%, para R$ 18,70; já para as ações ON o corte foi de 47,6%, para R$ 15,30; defasagem de combustíveis segue preocupando

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Negativa desde o segundo trimestre de 2009 com a Petrobras (PETR3;PETR4) por diversos motivos, a Bradesco Corretora mantém a visão ruim com relação à companhia, não vendo nenhum catalisador de curto prazo para os ativos. Apesar de acreditar que há uma possibilidade do papel se recuperar no longo prazo, os analistas observam que o humor dos investidores frente à petrolífera se deterioraram significativamente.

Desta forma, os analistas Auro Rozenbaum, Bruno Varella e Marcos Dong reduziram o preço-alvo para os papéis PETR4 em 34,39% para 18,70, ante R$ 28,50 e ainda maior, de 47,60%, para as ações ON, que passaram de R$ 29,20 para R$ 15,30. Estes target equivalem a um potencial teórico de valorização de 11,24% e 3,87%, respectivamente, em relação ao fechamento da última quarta-feira (27). A recomendação para os ativos segue market perform (em linha com a média do mercado).

Entretanto, os analistas consideram que o prêmio atribuído aos papéis preferenciais em relação aos ordinários não deve se sustentar por um longo período, ocorrendo pelo menos até o final de 2013. A expectativa é de uma diferença de preços de 10% entre os dois papéis, que vem sendo descontado do papel desde a apresentação de resultado e dos dividendos muito menores para as ações ON, no começo de fevereiro. 

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Para os analistas, a diferença continuará em 2012, mas uma situação mais equilibrada deve ocorrer no futuro próximo. De acordo com as estimativas dos analistas, esperam-se dividendos de R$ 0,9987 por ativo preferencial e de R$ 0,5789 por ação ordinária no ano, o que representa uma diferença de 42% entre os proventos dos dois ativos.

Cortando estimativas
Assumindo um cenário conservador com relação a novos aumentos de preços de combustíveis ao não esperar que hajam novos ajustes neste ano, os analistas do Bradesco reduziram as estimativas para a Petrobras para o ano. Desta forma, Rozenbaum, Varella e Dong cortaram a projeção do Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em 11% e de 29% no lucro líquido para 2013, para R$ 25,63 bilhões.

A diferença de preços de combustíveis com relação ao cenário externo, segundo os analistas, deve levar a uma perda de R$ 25 bilhões em receita. Para compensar esta perda, seria necessário um crescimento na produção de 28%, a um preço de US$ 110 o barril e com o câmbio a R$ 2,00, avaliam. 

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Entretanto, não se espera um crescimento na produção de petróleo em 2013, como já anteriormente antecipado pela companhia. Mesmo com um projeto agressivo de produção apresentado pela companhia nos últimos oito anos, nenhum crescimento está previsto antes de 2014.

Os analistas, desde a crise de 2008, ressaltam que as ações da Petrobras refletem o humor do mercado por resultados, situação que se evidencia ainda mais neste ano. De acordo com eles, os investidores estão se concentrando cada vez mais nos lucros que estão relacionados diretamente ao crescimento da produção, o que não existe desde 2011, e não sobre as vantagens e promessas sobre a companhia. 

Um impacto importante a ser levado em conta, segundo Rozenbaum, Varella e Dong, é a relação preço sobre lucro dos ativos o que, após a forte queda das ações – principalmente ordinárias – em fevereiro, levaram a uma diminuição da diferença em relação aos seus pares. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.